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NÚCLEO POLÍTICO
02.12.2016 | 10h10 Tamanho do texto A- A+

Maluf e Nilson Leitão recebiam propina de esquema, diz delator

Segundo delator Giovani Guizardi, presidente da Assembleia receberia 25% da propina

Marcus Mesquita/MidiaNews

Os deputados Guilherme Maluf e Nilson Leitão, citados por delator da Rêmora

Os deputados Guilherme Maluf e Nilson Leitão, citados por delator da Rêmora

CAMILA RIBEIRO
DA REDAÇÃO

O empresário Giovani Guizardi, em colaboração premiada firmada com o Ministério Público Estadual (MPE), afirmou que o presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Maluf, e o deputado federal Nilson Leitão, ambos do PSDB, integravam o “núcleo de agentes políticos” da organização criminosa montada para desviar dinheiro da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

 

A informação consta no termo de declaração do empresário, que é proprietário da Dínamo Construtora, e cujo o depoimento foi dado no dia 16 de novembro aos promotores de Justiça do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado).

 

Na delação, o empresário disse que Leitão foi o responsável pela indicação do ex-secretário Permínio Pinto (PSDB) para comandar a Seduc. Ele teria indicado também o ex-servidor Fábio Frigeri.

 

25% (era) para o deputado estadual, com real poder
político dentro da Seduc,

Guilherme Maluf

Já Maluf teria sido o responsável pelas indicações dos ex-servidores Wander Luis dos Reis e Moises Dias da Silva.

 

Guizardi foi preso em maio deste ano, durante a Operação Rêmora, sob a acusação de gerir o esquema de fraudes em licitações e propina na secretaria. Ele foi solto nesta semana e passou a cumprir prisão domiciliar, após firmar a delação.

 

Operacionalização

 

Em seu depoimento, o empresário disse que os pagamentos de propina aconteciam sempre em dinheiro e eram realizados pelos empresários que aderiram ao esquema.

 

Do total da propina, segundo ele, 25% eram destinados ao deputado Guilherme Maluf, que “tinha o real poder político dentro da Seduc”.

 

O proprietário da Dínamo detalhou que Guilherme Maluf “estaria ciente das ações da organização criminosa”, o que lhe foi confirmado pelo empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, que também atuava no esquema, conforme o delator.

 

Em depoimento, Guizardi disse ainda que, em duas oportunidades, entre os meses de junho e outubro de 2015, solicitou ao engenheiro eletricista Edézio Ferreira que ele fosse até uma agência bancária do Itaú, localizada na região central de Cuiabá, para realizar pagamentos “pulverizados” que totalizavam R$ 20 mil.

 

“Essa pulverização se deu da seguinte forma: em cada uma das oportunidades foram realizados vários depósitos que, somados, atingiam R$ 10 mil; essa determinação partiu de Permínio Pinto, em favor de Nilson Leitão”, diz trecho da delação.

 

Veja fac-símile de trecho da delação premiada de Guizardi:

 

delação nucleo politico

 

Dívidas de campanha

 

Essa pulverização se deu da seguinte forma: em cada uma das oportunidades foram realizados vários depósitos que, somados, atingiam R$ 10 mil; essa determinação partiu de Permínio Pinto, em favor de Nilson Leitão

No depoimento, Guizardi disse também que o empresário Leonardo Guimarães, dono da JER Construtora, teria pago propina mediante a entrega de cinco cheques, que teriam sido destinados a uma gráfica localizada na Avenida Carmindo de Campos, em Cuiabá.

 

O valor, não mencionado por ele, teria sido utilizado para quitar dívidas de campanha.

 

Guizardi disse acreditar que a dívida seria da campanha do deputado Nilson Leitão, já que ele era o político ligado ao ex-secretário Permínio.

 

Outro lado

 

Por meio de nota, divulgada na noite desta quinta, Nilson Leitão rebateu as acusações. Segundo o texto, o deputado federal "não conhece o delator e nunca teve nenhum contato com ele".

 

Disse ainda que nunca participou de qualquer reunião com político, secretário ou construtora para tratar de obras na Seduc.

 

O deputado Guilherme Maluf também negou as acusações e informações contidas na delação.

 

Leia a nota de Nilson Leitão:

 

"Sobre a citação de Giovanni Guizardi, o deputado federal Nilson Leitão (PSDB) vem a público esclarecer que:

- primeiramente não conhece o delator e nunca teve nenhum contato com ele;

- nunca participou de qualquer reunião com qualquer político, secretário ou qualquer construtora para discutir obras da pasta da Educação;

- a 'dedução' do delator é no mínimo irresponsável, pois em depoimento ele tem que dizer o que sabe, e não sobre o que deduz ou imagina, como ocorreu;

- na delação não há nenhum tipo de comprovação sobre algum ato ilícito do parlamentar;

- não se especificou de que modo teriam ocorrido os aventados depósitos, o que impede o exercício do contraditório e da ampla defesa;

- mesmo com foro privilegiado, Nilson Leitão coloca o extrato bancário à disposição das autoridades e da sociedade, além de qualquer outra informação que venha colaborar com a justiça e a população;

- em respeito aos mato-grossenses, é importante que sejam investigadas as verdadeiras motivações daqueles que misturam denúncias verdadeiras com afirmações nitidamente falsas, sem nenhum tipo de comprovação, com o claro intuito de tumultuar as investigações."

 

Leia a nota de Guilherme Maluf:


"Em relação às publicações nos veículos de comunicação à respeito da colaboração premiada de Giovani Belatto Guizardi, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Guilherme Maluf (PSDB), afirma que:
 
  • Não participou de nenhuma eventual irregularidade cometida na Secretaria de Educação (Seduc).

 
  • Tomará as providências cabíveis assim que a sua assessoria jurídica tiver acesso aos autos do processo e teor das denúncias.

 
  • Afirma que confia na justiça e que ficará comprovado de que não teve participação em qualquer irregularidade".

 

Leia mais sobre o assunto:

 

Delator: fraude seria para pagar caixa dois de campanha eleitoral de 2014

Alan Malouf recebia 50% da propina da Seduc no banheiro de buffet

 

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