A vereadora Michelly Alencar (União) classificou como “piada” a manobra do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), de tentar vender uma gestão prospera em discursos e nas suas redes sociais.
Ao MidiaNews, a parlamentar de oposição afirmou que o comportamento adotado pelo prefeito não convence a população, que padece em filas de hospitais a espera de atendimento e cirurgias.
“O prefeito Emanuel Pinheiro é uma piada, né? É muito triste eu ter que dizer isso. Em todas as brincadeirinhas, sarcasmos e piadinhas que ele faz, desde os vereadores até ao Parlamento, isso pra mim é uma vergonha!”, disse.
“Ter um prefeito que encara a sua gestão de forma sarcástica, como se ele estivesse brincando com aquilo que é o serviço dele e que não está sendo feito. É bem... Baixaria. É uma piada baixa, uma piada de mau gosto. E obviamente a população não é mais besta, não é mais ignorante. Está todo mundo vendo, todo mundo sofrendo na pele”, completou.
“O prefeito Emanuel Pinheiro, além de ser uma piada, ele é um caloteiro. Ele não é só um caloteiro com os vereadores, mas com as empresas terceirizadas, com quem presta serviço para a população. Ele não paga”, afirmou.
Confira entrevista na íntegra:
MidiaNews - A Câmara de Cuiabá passou por alguns percalços nesta legislatura, teve cassações, diversas críticas... Por conta disso, a senhora acha que vai ter uma renovação grande na nova legislatura?
Michelly Alencar - A gente viveu um mandato diferente, principalmente nesse último ano, que foram três pedidos de cassação contra alguns vereadores. Temos uma vereadora cassada e mais dois pedidos sendo analisados, do Paulo Henrique, do Marcrean Santos. E isso dá uma desestabilizada no parlamento. Ter que parar os nossos trabalhos para votar contra um vereador ou para fazer uma comissão de investigação para analisar a conduta de vereadores, obviamente dá uma interferida na imagem que a Câmara tem.
A renovação vai acontecer, sim, mas ainda não na proporção que talvez a população gostaria. Alí, nós temos vereadores de três, quatro, e até cinco mandatos. E tudo indica que talvez esses vereadores continuem. Desde as eleições presidenciais onde ficou tudo muito polarizado, todo mundo teve que ir para a rua e falar muito de política, é um instante para que a gente realmente fale mais de política, para que a gente, ao invés de só criticar, acompanhar um pouco mais os trabalhos dos vereadores.
Acompanhar o trabalho do vereador é tão fundamental quanto se discutir o comportamento, a ideologia ou eleições presidenciais. Às vezes a gente discute eleições de outros países e não discute o comportamento e a conduta do vereador de seu próprio município. O cidadão ainda tem uma certa dificuldade em acompanhar os trabalhos da Câmara.
É muito mais fácil criticar e colocar todo mundo um bolo só, mas são poucos os cidadãos que se propõem a olhar as votações, as proposituras, as fiscalizações, a conduta de cada vereador. Penso que vai ter uma renovação, sim. Penso que o número de mulheres vai aumentar, só que ainda não vai ser na proporção que todos gostariam.
MidiaNews - Apesar de todos os escândalos envolvendo a gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), ele ainda mantém uma base muito grande dentro da Casa. Para a senhora, essa base, em especial, vai ter dificuldade de se reeleger por ter a imagem atrelada a do prefeito?
Michelly Alencar- Vão sim. A base do prefeito Emanuel Pinheiro vai ter dificuldade em se eleger, tanto que já estamos vendo os posicionamentos já mudarem de perfil. Nós não podemos esquecer que Emanuel está no segundo mandato e que a maioria dos vereadores eleitos, ao tomar posse, tínhamos quase 18 ou 19 vereadores oposição a Emanuel.
Passada a eleição da Mesa, a gente já tinha a minoria. Então, foram eleitos com o discurso de oposição, com o discurso de fazer diferente e não estar apoiando a gestão do prefeito Emanuel Pinheiro. E no primeiro mês, no segundo mês, já não estavam mais com essa conduta.
É importante o eleitor lembrar que esses discursos durante a eleição, podem voltar agora, que é um período eleitoral, e é o que a gente já está vendo. Alguns discursos já começaram a mudar, alguns posicionamentos que eram tão incisivos já começaram a recuar, ficar mais suave. Por isso a necessidade do cidadão conhecer o seu candidato no ano eleitoral. É importante saber se este candidato está pronto para honrar aquilo que ele está prometendo, se ele tem noção do que ele está prometendo, e se ele tem coerência na postura pela qual ele está se apresentando.
Porque às vezes o candidato se apresenta de uma maneira que não tem nada a ver com a conduta dele. Ele simplesmente veste o personagem: candidato a vereador.
MidiaNews - A vereadora Edna foi cassada nessa legislatura por duas vezes. A senhora acredita que houve um "desperdício" de espaço feminino, que ela fez um mau uso do cargo dela?
Michelly Alencar - A bandeira da mulher no parlamento é tão forte e séria. É uma luta de todas nós, para termos essa voz feminina sendo representada de forma mais democrática, porque a gente tem 25 cadeiras e elegemos somente duas mulheres. A terceira cadeira veio porque um outro vereador foi cassado. Então, a proporção é muito pequena e na legislatura passada não se tinha nenhuma.
Agora, obviamente, isso mancha, isso dá uma enfraquecida. Mas eu acho que a população entendeu que mais do que defender o gênero, é defender o posicionamento correto. Enfraquece por ser uma mulher e por sermos minoria. Mas, dá o recado de que se queremos fortalecer, nós precisamos ter uma conduta coerente à nossa luta.
E a gente precisa entender que todo esse caso envolvia mulheres desde o início. A chefe de gabinete da vereadora Edna que foi mandada embora gestante e pedindo "pelo amor de Deus", para ficar, é uma mulher. E essa mesma mulher tinha que fazer as transferências da sua VI para a conta da vereadora.
A gente está falando de uma vereadora mulher e de uma vereadora com maior cargo de liderança dentro do gabinete, que é o chefe de gabinete. Então foi desconstruído esse perfil de liderança, de protagonismo dentro do gabinete da vereadora Edna que ele enfraquece a luta, mas não deixa de mostrar a todo cidadão que o parlamento tem uma representatividade feminina corajosa, firme, ousada e que não arrega.
MidiaNews - O União Brasil está formanda uma chapa de vereador com nomes fortes. A senhora crê que dentro do grupo existe uma insatisfação dos filiados? Essa chapa "inchada" prejudica de alguma forma o pessoal que entrou com essa esperança de se candidatar? Os quatro vereadores que vão a reeleição tem chances reais de vitória?
Michelly Alencar - Eu acho que não prejudica em nada, só mostra que o União Brasil se fortaleceu absurdamente nos últimos anos. A gente tem uma chapa que, para alguns, pode ser "da morte", mas para nós é uma chapa representativa. É uma chapa que tem a possibilidade de fazer quatro cadeiras dentro do parlamento.
Vamos relembrar que em 2020 nós fizemos uma cadeira. E depois, a gente precisa relembrar o histórico, há muito tempo o partido não fazia um vereador. De lá pra cá, nós já temos a possibilidade de fazer quatro. Olha como o partido cresceu! É importante dizer para aqueles que estão chamando de "chapa da morte", que é uma chapa pesada, uma chapa difícil, mas é uma chapa de representatividade.
É uma chapa que mostra a força partidária, de um trabalho e que trouxe pessoas para fazer parte desse grupo. A gente tem quatro vereadores eleitos e temos mais um monte de candidatos que já passaram pelo crivo das urnas, tem boas representatividades. Nós temos ex-vereadores e fizeram um excelente mandato, como é o caso do Marcelo Bussik.
Eu acho que vai ser uma chapa muito representativa mesmo, uma chapa que vai dar o recado de que realmente o partido vem sendo construído com um grupo forte.
MidiaNews - O União tem o pré-candidato a prefeito Eduardo Botelho, que tem entre os principais adversários o deputado Abílio Brunini. A senhora já pediu votos em eleição anterior para o Abílio. A senhora crê que ele tem um perfil de gestor pra Cuiabá, acha que jeito explosivo cabe dentro da administração do município?
Michelly Alencar - Na eleição passada eu fui para as ruas pedir voto para o Abílio, e me frustrei muito com o resultado das urnas. Eu acreditava que era o melhor momento para nós termos essa mudança e infelizmente Cuiabá sofreu muito em optar por manter a presença do Emanuel Pinheiro como gestor da cidade. Sofremos demais, absurdamente.
Mas naquele momento a gente percebeu que essa dificuldade se colocar como o melhor candidato foi exatamente pelo comportamento. A população viu um comportamento e se sentiu insegura. Dessa vez, eu optei, obviamente, por acompanhar o meu grupo, até porque eu sou muito fiel ao grupo, e o candidato do nosso grupo é o Botelho.
Mas eu não só estou com o Botelho, porque ele é o candidato do nosso grupo, eu o apoio porque eu tenho a convicção de que, no caos que Cuiabá se encontra, a melhor opção para um bom administrador, que tenha articulações suficientes, é o Botelho. Nós vamos precisar de quem saiba dialogar, tenha boas relações, consiga o apoio do Governo do Estado, consiga o apoio dos deputados, dos senadores, do governo federal e isso a gente tem que ter uma pessoa que faça bons diálogos.
E aí quando a gente coloca na balança, obviamente, o Botelho é o melhor candidato e não porque eu acho, porque ele já aprovou, é só a gente ver o arco de aliança. Hoje o PL está sozinho. O União Brasil tem um arco de aliança que mostra claramente que o candidato Eduardo Botelho é a melhor opção para fazer construções políticas que vão ser necessárias para tirar Cuiabá do buraco.
Por exemplo, 100% de Cuiabá asfaltada. Não é uma promessa eleitoreira, é uma promessa que já veio com o planejamento, que já se sabe de onde tiraremos esse recurso e foi exatamente esse diálogo e essa construção feita que nos propõe e nos dá essa oportunidade de fazer uma promessa assim.
Diferentemente do prefeito Emanuel Pinheiro que me disse que R$ 15 milhões serão os suficientes para tapar todos os buracos de Cuiabá. Isso é uma falta de visão administrativa e é só mais um detalhe de tudo que a gente vem olhando, essa falta de noção administrativa. E ele acha que a população não está vendo, mas estão vendo.
O rombo que o prefeito Emanuel Pinheiro vai deixar na prefeitura de Cuiabá, ele é tão sério, caótico... É uma catástrofe para Cuiabá. Nós temos uma gestão histórica, que é a gestão dos escândalos, do roubo, da corrupção. O gestor que for entrar terá um desafio imenso e ele precisará ter um perfil administrativo de enfrentamento necessário. Foi até o compromisso que o governador Mauro Mendes fez com o Eduardo Botelho de que ele tivesse uma gestão mais técnica, parecida com a que foi feita no Governo do Estado, que deu certo. E aquilo que está dando certo, a gente certifica para fazer, se inspirar e reproduzir em Cuiabá.
MidiaNews - A senhora crê que será uma eleição de dois turnos?
Michelly Alencar - Eu espero e trabalharei bastante para que a definição das eleições sejam no primeiro turno. É a minha expectativa. Mas, sendo bem realista, a gente sabe que existem as chances de irmos para o segundo turno, elas são bem maiores. A gente trabalha bastante para definir no primeiro turno, mas existe a possibilidade de ir para o segundo turno.
E assim, está bem dividido quando você conversa com a população, com os amigos: "quem se acha que vai para o segundo turno?". Tá bem dividida a opinião. Mas, eu acredito que no segundo turno é Botelho e Abílio.
MidiaNews - E a senhora acha que o Abílio, assim, é o melhor candidato para fazer a sua disputa direto com o Botelho?
Michelly Alencar - Eu não sei se é o melhor candidato. O Abílio ocupa o lugar de uma direita clara, bem incisiva, e o ideal seria fazer [o contraponto] com a esquerda. E nesse caso, não, porque ele está fazendo com o Botelho. Eu só acho que independente se ele é a melhor opção para duelar com o Botelho ou não, hoje, no cenário, nos apresenta esses dois nomes que estão o tempo todo. Eu acho que é mais da parte do Abílio para o Botelho do que do Botelho para o Abílio.
MidiaNews - O prefeito Emanuel Pinheiro tem adotado uma postura diferente nesses últimos meses de gestão. Tem aparecido na imprensa e nas redes sociais dizendo que fez uma gestão boa e que irá fazer grandes entregas até o fim da gestão. Ele chegou até a dizer que só vão dar valor ao que ele fez quando ele sair do cargo. Como a senhora crê que a gestão Pinheiro será lembrada nos livros de história?
Michelly Alencar - O prefeito Emanuel Pinheiro é uma piada, né? Começamos por aí. Ele é uma piada e é muito triste eu ter que dizer isso. Em todas as brincadeirinhas, sarcasmos e piadinhas que ele faz, desde os vereadores ao Parlamento, isso pra mim é uma vergonha!
Ter um prefeito que encara a sua gestão de forma sarcástica, como se ele estivesse brincando com aquilo que é o serviço dele e que não está sendo feito. É bem... Baixaria. É uma piada baixa, uma piada de mau gosto. E obviamente a população não é mais besta, não é mais ignorante. Está todo mundo vendo, todo mundo sofrendo na pele.
E é muito triste saber que a população já está novamente padecendo porque não tem remédio nas unidades, porque não tem médico suficiente, porque não tem insumos básicos. Estamos com a fila imensa de cirurgias.
O pronto-socorro antigo, é uma nojeira, é cozinha suja, a geladeirinha puro barata. Eles são tratados, eles nem comem a comida de lá, porque eles têm medo de passar mal. É muito triste ver o que a população está passando e não pode falar nada, porque são boicotados. Os servidores não podem reclamar porque são boicotados.
A cada dia o laboratório pode deixar de fazer exames, os fisioterapeutas podem parar porque estão sem receber, a UTI pediátrica pode parar porque também estava sem receber.
A gente está trabalhando numa margem absurda que está causando esse pânico na população. Se o seu filho precisar de uma UTI, você ouve a notícia que a UTI pode não funcionar mais, pode suspender os atendimentos por falta de pagamento. Isso já gera um desespero nos pais. Ele [Emanuel] está levando a população ao limite de estresse o tempo todo. Ninguém quer ficar doente, porque ninguém quer depender da saúde pública.
Só que aí, ao contrário disso, por exemplo, eu estava conversando ontem com um morador e na frente da casa dele tem uma praça que tem uma fonte, essa fonte há anos não recebe manutenção e está água parada, nojenta, suja, cheia de mosquito. A gente vê alto índice de chikungunya, dengue e a Prefeitura está colaborando com isso, sendo que ela nem vai poder atender essa pessoa na saúde depois.
Essa pessoa me mostrou receitas médicas e disse que tinha condições de comprar. E são medicamentos que o postinho deveria me dar. E ele me falou: "Estou me tratando com melão de São Caetano, que é o que eu tenho no meu quintal, porque eu não tenho dinheiro".
Ele fechou o comérciozinho dele, porque ficou muito doente, foi no médico, e voltou pra casa sem atendimento, sem medicamento. É assim que a gente trata a população de Cuiabá hoje. Ele é só um das centenas de casos diários que acontecem. Isso é muito triste! Isso é muito frustrante.
Aí você olha o prefeito fazendo piadinha. Você olha o prefeito falando que ele vai ter a melhor gestão e que todo mundo vai sentir saudade? Me poupe! eu quero ver quem está sofrendo do jeito que está sofrendo sentir saudade de quem está escravizando ele, jamais.
MidiaNews - E outra questão do calote das emendas impositivas que seriam direcionadas para cirurgias, como está?
Michelly Alencar - É uma preocupação grande. O prefeito Emanuel Pinheiro, além de ser uma piada, ele é um caloteiro. Ele não é só um caloteiro com os vereadores, mas com as empresas terceirizadas, com quem presta serviço para a população e ele vai lá e não paga. As emendas impositivas nenhuma foi paga. Só da vereadora Michele Alencar são quase R$ 5 milhões e dos demais vereadores? Onde estão R$ 5 milhões? Alguém sabe responder?
O prefeito Emanuel Pinheiro sabe responder onde estão os R$ 5 milhões só de uma vereadora? E todos os vereadores da oposição nenhum vereador teve emenda paga nunca. Isso é muito sério. É dinheiro público, do cidadão. É o dinheiro que deveria estar na saúde, porque 50% das emendas vão para a saúde e não chegam na saúde.
É um calote horrível. Ele está incorrendo num crime. É um crime de responsabilidade, porque é uma lei orçamentária, é aprovado em lei o valor das emendas. A gente fez com um tiro de esperança, todos os vereadores, os 24 vereadores, menos a vereadora Edna, deram as suas emendas em conjunto para contribuir com as cirurgias eletivas e que a gente zerasse a fila.
Bom, pensamos: já que vai ter presidente da Câmara, vereadores da base, a gente falou, não, essa sai, né? E desde janeiro a gente está negociando, desde janeiro. No dia 26 de junho nós nos reunimos com o secretário Júnior Leite, para falar do planejamento de pagamento das emendas. Ou seja, nós temos seis meses, para começar. Houve um planejamento e depois de muita pressão.
Então, a partir do dia 4 julho as cirurgias eletivas vão mais que dobrar as realizações por conta das emendas dos vereadores. Mas como são só seis meses para o fim da gestão, não vai usar nem a metade do valor que a gente destinou. Entende? Nós destinamos R$ 30 milhões e a previsão é que vai usar R$ 12 milhões.
Nós temos uma média de 1080 a 1200 cirurgias por mês, e vamos ter essa previsão de realização até dezembro. Eu espero assim que na próxima gestão a gente avance muito mais, porque a gente percebeu que é quando existe uma equipe comprometida, as coisas funcionam. A intervenção é prova disso. O período pequeno que a intervenção esteve, obras aconteceram, reformas aconteceram, os medicamentos estavam na prateleira, médicos foram chamados, processos seletivos foram feitos, ou seja, as coisas começaram a andar e a andar muito bem.
Mas só foi a intervenção sair que voltamos pro buraco de novo e não tivemos inclusive um TAC obrigatório a ser cumprido e ele foi desconsiderado.
MidiaNews - A gestão deu alguma justificativa para essa demora do pagamento das emendas?
Michelly Alencar - Ah, que foi falta de planejamento, que eles estavam vendo, que eles estavam levantando, que eles estavam... um monte de pequenas justificativas que no final das contas não é o suficiente para dizer no olho da população, entendeu?
Midia News - E vereadora, eu também trouxe uma pergunta aqui em relação a uma das últimas polêmicas envolvendo a Câmara, que foi a questão do vereador Paulo Henrique, que foi alvo de uma operação que teria um esquema envolvendo organizações criminosas. A senhora defende também a cassação do vereador?
Michelly Alencar - Eu acredito que tem que ser feita a investigação, sim. Nós precisamos dar esse recado para a população, sim, porque foi uma conduta de acobertar coisas erradas que colocou a Casa como um símbolo de casa dos horrores. Isso foi uma notícia extremamente grave, uma operação da Polícia Federal.
Toda a população ficou sabendo desse envolvimento. E se nós estamos ali, representando a população, obviamente que a gente precisa dar esse recado, da mesma maneira que nos posicionamos com a vereadora Edna, da mesma maneira que foi posicionado com o vereador [Marcos] Pacolla.
A investigação vai ser feita, ele vai ter a oportunidade de se defender como todos os outros tiveram essa oportunidade e acredito que se o curso da Comissão de Ética que já aceitou o pedido de investigação, já abriu a investigação. É que o vereador está afastado, ele pediu afastamento, mas no curso da investigação a gente precisa dar um recado para a população, sim. Se houver o envolvimento, se ficou caracterizado mesmo o envolvimento do vereador, com certeza ele não está apto a estar ali dentro representando a população.
MidiaNews - E também dentro dessa operação a Ragnatella foi descoberto pela Polícia Federal que havia esse envolvimento de servidores da Prefeitura. O que a senhora pensa dessa infiltração dentro da gestão pública aqui de Cuiabá?
Michelly Alencar - É muito triste. É muito triste a gente saber que, em todos os lugares, tem as infiltrações de pessoas ligadas ao crime organizado. Mas é muito difícil. A gente precisa estudar uma maneira de como fazer evitar a infiltração dessas pessoas, porque não vem escrito no rosto.
A gente tinha nosso chefe de cerimonial, contratado. Eu nunca ia imaginar esse envolvimento, ainda mais um envolvimento super sério, que movimentou milhões de reais por ano. Eu acho que na hora da contratação, traçar o perfil, buscar o histórico, para que a gente não encorra nesse perfil de servidores. Porque, querendo ou não, tanto a Câmara como o Serviço Público, ele precisa ter um compromisso em representar a população, mesmo que não seja um eleito, mas ele está ali e ele é um reflexo de confiança no poder, de respeito e responsabilidade que o poder público tem com o cidadão.
A gente precisa pensar em formas de como a gente aprimorar o sistema de contratação para evitar, ou pelo menos diminuir ao máximo, essas infiltrações.
MidiaNews - Outra questão foi a pauta do vereador Marcrean, que teria dado uma carteirada para entrar no pronto-socorro. Como que a senhora tá analisando aí a situação?
Michelly Alencar - Até onde a gente sabe, não foi só uma carterada, mas ele mentiu o próprio nome. Ele disse que ele era o Zé Maria. E isso é falsidade ideológica, isso é sério. É muito grave, nós da oposição sempre fiscalizamos,sempre estivemos nas UTIs, nós nunca tivemos um perfil assim.
O vereador ele é o fiscalizador, responsável por ser os olhos da população do serviço público, mas eu acho que tem que ter o mínimo de postura. Porque você está na condição de um representante oficial. E você, primeiro, agir de forma truculenta, de forma mal-educada, de forma agressiva, isso já está totalmente errado.
MidiaNews - A senhora acha que ele deve ser punido por essa conduta?
Michelly Alencar - Deve ser punido. Não sei se isso vai resultar numa cassação, mas algum recado à população espero que seja dado.
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