Com uma relação estreita com o chefe da organização criminosa que aplicava golpes e tinha o monopólio no setor de hortifrutigranjeiro em Mato Grosso, empresário Júlio Uemura, o ex-deputado estadual Walter Rabelo (PP) afirmou que, caso vencesse a eleição para Prefeitura de Cuiabá, em 2008, quem iria administrar a Capital seria o “padrinho” Uemura.
A revelação está contida na denúncia que os promotores Joelson Maciel e Célio Wilson, do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) encaminharam à Justiça, após a deflagração da Operação Gafanhoto e a cuja cópia MidiaNews teve acesso.
O Ministério Público Estadual colheu as declarações do ex-parlamentar por meio de gravação telefônica autorizada pela Justiça. A conversa é entre Rabello e Uemura e foi gravada um ano antes das eleições municipais, no dia 19 de outubro de 2007, às 11h15.
Rabello disputou as eleições para prefeito de Cuiabá e ficou em terceiro lugar. Informações extra-oficiais apontam Júlio Uemura como principal financiador da campanha do progressista ao Palácio Alencastro.
A denúncia oferecida pelo Gaeco e acatada pela Justiça aponta que Walter Rabello agia fazendo tráfico de influência, utilizando de sua influência política em beneficio do grupo criminoso.
Conforme conversa telefônica gravada no dia 28 de janeiro de 2009, às 19h13, fica evidenciada a troca de favores em obtenção de uma série de vantagens, tais como patrocínios.
As gravações, conforme revela a denúncia, também revelam que Rabello pedia bênçãos ao “cabeça” da organização criminosa Uemura, com o tratamento de “chefe” e “padrinho”, revelando a estreita relação entre os dois denunciados pela Operação Gafanhoto.
“Conversas (...) relatam empréstimos concedidos por Júlio Uemura, doação de cadeiras de rodas para seu programa”, revela trecho da denúncia do Gaeco. O programa "Olho Vivo na Cidade" era apresentado por Rabello na TV Cidade (SBT), de onde ele foi demitido, antes de oficializar sua campanha a prefeito de Cuiabá.
As investigações também mostram que, enquanto deputado estadual, Walter Rabello empregava em seu gabinete pessoas indicadas por Júlio Uemura, comprovando a existência de “troca de gentilezas” entre os denunciados.
“Walter Rabello, após solicitar o apoio financeiro de Júlio Uemura para realização de uma campanha beneficente (entrega de brinquedos no Natal), ressalta que colocará à disposição deste, uma vaga de assessor direto em seu gabinete”, relata denúncia, conforme conversa telefônica no dia 11 de dezembro de 2007.
Perseguição
Nos diálogos telefônicos gravados pela Justiça, Walter Rabello conversa com Uemura sobre uma perseguição feita por um fiscal da Secretaria de Fazenda às empresas de Uemura. O ex-deputado afirmou que procuraria o secretário de Fazenda, Eder Moraes, para resolver a situação.
Outro lado
O ex-deputado Walter Rabello não foi encontrado para falar sobre as denúncias. Anteriormente, ele negou as ligações com Uemura e se disse inocente. O deputado foi denunciado pelo Gaeco, mas ainda não foi citado pela Justiça.