Zanin nega pedido de Cariani para suspender ação por tráfico

O ministro Cristiano Zanin, do STF, negou um pedido da defesa de Renato Cariani para acabar com o processo de tráfico de drogas no qual ele é acusado.

O ministro negou um pedido da defesa do influenciador fitness que alegou que a Justiça de São Paulo não tem competência para julgar o caso.

A decisão de Zanin aconteceu ontem e não constatou nenhuma ilegalidade no curso processual até o momento.

A defesa de Cariani havia alegado incompetência da Justiça estadual e que isso seria suficiente para anular o processo. Desta forma, o processo contra o influenciador por tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de capitais seria encerrado.

Para Cariani, a anulação seria viável pois a investigação que resultou no processo começou na Polícia Federal. Dessa forma, o trâmite da ação deveria, em tese, acontecer na Justiça Federal, e não no Tribunal de Justiça de São Paulo.

A investigação principal foi conduzida inicialmente pela PF foi em razão de irregularidades no controle e desvio de produtos químicos, com comunicações falsas a órgãos federais.

Os crimes apurados teriam conexão direta com supostos delitos federais, especialmente de falsidade ideológica contra sistema da União Federal, de acordo José Eduardo Martins Cardozo e Aldo Romani Netto, advogados de Cariani, no pedido de habeas corpus.

Zanin entendeu que os crimes imputados são de competência da Justiça Estadual. O ministro disse que os delitos de tráfico, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro ocorreram em território estadual e não afetaram diretamente bens, serviços ou interesses da União. Apesar da atuação da PF, não houve crime federal propriamente dito, pontuou.

O UOL tenta contato com a defesa de Renato Cariani. Havendo manifestação, este texto será atualizado.

O suposto esquema

A denúncia aponta que Cariani e sócios teriam feito parte de uma organização criminosa que desviava produtos químicos controlados a partir de suas empresas. Esses produtos eram essenciais para a produção de drogas ilícitas, em especial a cocaína, utilizando documentos fiscais falsos para ocultar o delito.

O grupo teria desviado substâncias químicas controladas em posse da Anidrol, empresa de Cariani, para laboratórios clandestinos. Lá, essas substâncias eram utilizadas para refinar e adulterar a cocaína, aumentando seu volume para lucro maior. Foi apontada até relação das empresas de Cariani com o PCC.

A investigação inicial da PF constatou irregularidades em notas fiscais, como vendas simuladas de produtos químicos. Foram registradas movimentações financeiras suspeitas, como pagamentos antecipados em dinheiro e transportes incompatíveis com a capacidade dos veículos, além do uso de documentos falsos para redirecionar os produtos químicos para o tráfico.

Passo a passo do funcionamento do esquema, segundo a PF

Empresas legalmente licenciadas adquiriram produtos químicos controlados.

Essas empresas emitiram notas fiscais fraudulentas para simular vendas para outras empresas ou pessoas jurídicas.

As mercadorias desviadas eram retiradas dessas empresas por transportadoras suspeitas, com documentos falsos em nome de motoristas inexistentes ou que não realizavam o transporte real.

Os produtos químicos desviados eram encaminhados para laboratórios clandestinos.

Nos laboratórios, os insumos eram usados para refinar e adulterar cocaína, aumentando a quantidade para venda.

Os lucros do tráfico eram movimentados por meio de transações financeiras em dinheiro e operações fraudulentas para ocultar a origem ilícita dos recursos.

A operação contou com atores envolvidos na falsificação documental, transporte ilegal e lavagem de dinheiro, configurando uma associação criminosa.

Fonte: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2025/11/11/zanin-processo-cariani-trafico-de-drogas.htm