A crise na economia mundial deixou a terra sem sementes, máquinas paradas, e o agricultor sem rumo.
"Vou ter que deixar de plantar esse ano. Deixar para o próximo, pra ver se dá", diz Valdir Daniele, agricultor.
Os produtores ficaram sem a principal fonte de crédito: as empresas de agronegócios americanas este ano suspenderam os financiamentos.
"Não é nem uma preocupação com a taxa de juros. Os setores estão dispostos até a pagar um juro mais alto nesse momento pelo recurso mais escasso. Mas o que nós estamos vendo nesse momento é um quadro realmente que não há oferta de crédito", fala Paulo Fachin, exportador.
A escassez de recursos mexeu com as atividades na maioria das lavouras no cerrado maranhense. Oitenta por cento dos produtores de soja dependem de financiamento das multinacionais americanas para plantar. Sem recursos o mato toma conta do campo, que já deveria estar sendo semeado.
A área de plantio de soja no Maranhão é de 420 mil hectares, segundo estimativas da Conab - Companhia Nacional de Abastecimento. Para 2009, deve haver uma redução acima de 2% no plantio.
A resposta, por enquanto, para quem busca crédito é uma só:
"A resposta é: estamos aguardando. Estamos vendo o que vai acontecer. Vamos esperar mais um pouquinho. Vamos ver o que vai acontecer com o dólar... Essa é a resposta", declara Elinton Toniazzo, agricultor.
Os efeitos da crise atingiram primeiro o mercado de sementes, 20% dos pedidos a uma empresa já foram cancelados.
"As empresas só vendem á vista. Se o agricultor não tiver dinheiro hoje pra chegar nas empresas que vendem adubo, eles simplesmente não conseguem adubo e sabe-se que sem adubo, você não planta", fala Márcio Galela, vendedor.
Elói Cattani esperava semear 900 hectares. Só conseguiu financiar uma parte do plantio e ainda vai reduzir em 30% a aplicação de adubos.
“Isso vai interferir porque metade da lavoura vai ficar sem plantar", declara Elói Cattani, agricultor.