11.09.2014 | 18h:00


Ideb: pertinho do zero

Há alguns anos, registro que MT poderá ser o primeiro a atingir esse estágio. Estamos a caminho!

Mais um resultado do Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb) saiu há pouco. Para Mato Grosso, outro constrangimento. Nosso (des)ensino do nível médio só supera o de Alagoas.

Surpresa?

Não.

Há alguns anos, venho registrando que MT poderá ser o primeiro dos estados a atingir a nota zero em quaisquer avaliações. Estamos a caminho!

De 2011 até agora, e só artigos publicados no Diário de Cuiabá, destaco quatro momentos em que alertei a SEDUC e as nossas universidades para essa evidência:

1º artigo: “Um Estado abaixo da média” de 28/09/2011, de onde destaco o que segue:

“Aqui no Estado, em A Gazeta (13/09/2011), lê-se: ‘MT tem só 3 escolas entre mil melhores em todo país’. Agora, a manchete da Folha do Estado (13/09): ‘Abaixo da média nacional, MT é o pior do Enem no Centro-Oeste’. O Diário de Cuiabá destacou que “Melhor do Enem no MT, escola de Cuiabá aplica prova toda semana”. Detalhe: essa “melhor escola” é privada e ocupa a 440ª posição no ranking nacional. Nossa primeira escola pública (estadual) está na “zona do rebaixamento”: 2.963ª posição: um abismo!”

2º artigo: “(E)vidências para 2012” de 04/01/2012. Dele, ressalto:

“Por falar em educação, prevejo que nada mudará em 2012, mesmo com as trocas havidas. Por cá... trocou-se uma Secretária de Estado (de Educação) por um Secretário. Ambos do mesmo Partido (o PT)... Logo, continua a chance de atingirmos a nota zero em exames nacionais, antes de outros estados da Federação”.

"Há alguns anos, venho registrando que MT poderá ser o primeiro dos estados a atingir a nota zero em quaisquer avaliações. Estamos a caminho! "




3º artigo: “Descendo a ladeira” de 05/12/ 2012. Eis o destaque:

“...olhando os resultados do Enem de baixo para cima, as escolas estaduais de Mato Grosso são as ‘melhores’ colocadas. E não por falta de aviso e tentativa de diálogo público com a SEDUC”.

4º artigo: “A propaganda e a educação” de 25/04/2013. Destaco a parte inicial:

“Há pouco mais de uma semana, a SEDUC tem pagado para veicular na TV uma bela propaganda sobre a educação... A tal propaganda surgiu após a publicação de matéria do Diário de Cuiabá – “TCE fará análise inédita na Educação” –, do dia 07/04/13...

Na essência, a matéria diz que “Relator das contas de 2012 da SEDUC, conselheiro Luiz Henrique Lima, quer ouvir comunidade escolar sobre resultado das políticas’ para a educação”.

Mas o pior desse cenário de vexames é a prática que a SEDUC tem de amenizar tragédias. Isso quando não se cala. Junto com tal silêncio, muitos colegas que (de)formam futuros professores em nossas universidades públicas, inclusive nas pós-graduações – espaços das farsas mais retumbantes nas licenciaturas – também se fingem de estátuas.

Esse comportamento de colegas de profissão, muitos deles meros agentes governistas dentro das universidades, também já foi por mim tratado em vários textos, dos quais destaco o seguinte parágrafo do artigo “Universidade e a perda de rumo”, de março de 2010:

“Hoje, a crítica séria e contunde é quase defunto no meio acadêmico... Com a morte da crítica, o terreno das teorias falidas é vasto. A absorção dessas teorias contempla projetos político-partidários que, antes, estão a serviço de interesses internacionais. Isso é feito sem pudor por muita gente governista, mas travestida de docentes/pesquisadores/mestres/doutores. Com exceções, quem tem cargo administrativo (eleito ou não), mais do que os outros, engaveta a personalidade para auxiliar o governo na implantação dessas políticas (Enem, ReUni, Cotas etc.)... tudo isso tem preço!”.

O preço é a sucessão de constrangimentos até a falência. Se não mudarmos tudo na educação de Mato Grosso, em breve, ele – o zero – virá.

ROBERTO BOAVENTURA DA SILVA SÁ é doutor em Jornalismo pela USP e professor de Literatura da UFMT.

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