Militantes pedem "cabeça" e querem explicação de Valtenir

Um grupo de militantes do PSB, liderados por Valter Reginold, fundador do Grupo Sentinelas, cobrou do deputado federal e presidente regional da sigla, Valtenir Pereira, explicações concretas sobre o escândalo envolvendo suspeita de “Caixa 2”, na sua campanha eleitoral de 2010.

Reginold  ressaltou que o partido exige que o parlamentar se explique. “Foi uma decepção ver o deputado Valtenir envolvido nesse escândalo. Mas, todo mundo tem direito a defesa, e o partido quer que ele se justifique. Ele foi chamado para essa reunião; não estamos fazendo nada às escondidas”, afirmou.

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (26), cerca de 15 integrantes de movimentos sociais do PSB "pediram a cabeça" do deputado e exigiram seu afastamento da presidência estadual do partido, conforme o MidiaNews havia adiantado.

No caso da saída de Valtenir, o vice-presidente Cleber Ávila assume a direção estadual do PSB. A direção nacional da sigla também pode indicar um presidente interventor. Cabe à nacional, ainda, marcar a convenção partidária para eleger o novo diretório.

“Se o Valtenir quiser continuar na presidência, ele que monte uma chapa e dispute o diretório conosco”, desafiou Reginold. Ulisses Samaniego, membro da Juventude do PSB, afirmou que o partido dispõe de, pelo menos, quatro nomes bons para ocupar a presidência, mas não quis citá-los.

Em carta encaminhada hoje à direção nacional do PSB, os militantes afirmam que é necessário afastar Valtenir para não “macular” a imagem do partido, até que todas as denúncias sejam esclarecidas. Reginold demonstrou confiança no atendimento do pedido.

“Evidente que o deputado Valtenir Pereira, ao supostamente receber dinheiro por fora, num montante de mais de R$ 200 mil, e depois apresentar emendas parlamentares para beneficiar exatamente a inclusão digital, eixo de atuação da empresa que lhe repassou recursos ilicitamente, incorreu na conduta incompatível com o Código de Ética do nosso partido. Nosso partido não pode ser maculado pelas sérias denúncias de ordem moral pelo fato de um dos nossos dirigentes ser acusado de crime eleitoral”, diz trecho do documento.

“Não nos esconderíamos, neste momento, sob a capa do corporativismo partidário, da vergonha, para esconder a sujeira debaixo do tapete e as denúncias que recaem sobre nós nesta hora difícil em que passa nossa militância. Mas, se preciso for, cortaremos nossa própria carne, para darmos o exemplo pragmático, para provarmos mais uma vez que somos um partido ideológico e não um amontoado de pessoas oportunistas”, diz outro trecho.

Mary Juruna/MidiaNews

Valter Reginold e Ulisses Samaniego denunciam suposto "golpe" de Valtenir

Motivação

O grupo negou qualquer vinculação do pedido de afastamento com membros do PSB que tenham mandato, como prefeitos ou parlamentares, e afirmou que trata-se de um movimento da militância.

Participaram do manifesto de hoje o grupo Sentinelas do PSB, e os movimentos Popular Socialista, Juventude Socialista, Negritude Socialista, Mulher Socialista e LGBT.

“Nosso movimento é de base. Não consultamos ninguém para fazer isso, porque aqui não temos patrão. Nos outros partidos, o patrão fala e outros obedecem. Aqui não, aqui tem debate. Valtenir quer ser nosso patrão. Não podemos cultuar uma ou duas estrelas, mas sim o indivíduo honesto e sério dos bairros, e formar uma constelação”, disse Reginold.

Golpe na direção

O grupo ainda acusou Valtenir de dar um “golpe” para se manter na presidência da sigla. “Em 2010, o Valtenir mandou os membros da Executiva Estadual do PSB renunciarem aos cargos, para que o partido fosse obrigado a montar uma comissão provisória. Depois, ele realizou uma convenção para eleger o novo diretório às escondidas, em pleno dia de jogo do Brasil, excluindo membros que tinham direito a voto, para continuar mandando no partido”, acusou Valter Reginold.

“Porém, conseguimos anular essa convenção junto à direção nacional, que não homologou o diretório fajuto. De qualquer forma, como deputado federal, ele usou o poder dele para ficar como presidente da comissão provisória. Estamos há três anos nessa situação, sem diretório, e queremos uma nova eleição, para que tenhamos um diretório legitimado pelas bases. Porque o Valtenir pode ter o poder, mas não o coração do partido”, afirmou o militante.

De acordo com Reginold, o deputado tentou dar o mesmo “golpe” na executiva do partido em Cuiabá, que tem como presidente o prefeito da Capital, Mauro Mendes. Com o afastamento de Mendes da função para se dedicar à Prefeitura, Robério Garcia assumiu o comando da sigla em Cuiabá.



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