DOUGLAS TRIELLI E CAMILA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
O governador Pedro Taques (PSDB) e o ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (DEM) protagonizaram o mais tenso confronto do debate entre os candidatos ao Governo do Estado, nesta sexta-feira (28), na TV Vila Real.
Primeiro, Taques citou os incentivos fiscais recebidos por empresas de Mendes, durante a administração do ex-governador Silval Barbosa.
“Algumas pessoas querem diferenciar vida empresarial da política. Mas tem que discutir se tem incentivo. Você [Mendes] conseguiu. Silval renovou o incentivo sem requisitos à sua empresa, que demitiu 300 pessoas. Que empresário é esse?", questionou o tucano.
Mendes retrucou. “Você é conhecido em Mato Grosso pelo excesso de promessas e de mentiras. Você fala números com eloquência, mas quem está em casa sabe que não é verdade. Tenho incentivos fiscais como centenas de empresas. Foi concedido de acordo com a lei e mantido por seu Governo. Até outro dia, queria que eu fosse vice, me paparicava. Virei adversário e me tornei a pior pessoa”, afirmou.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Taques: "Empresas de Mendes deixaram de pagar R$ 100 milhões em impostos"
Em sua tréplica, o governador disse que, além de ofender, “Mendes não fala a verdade".
“As empresas dele deixaram de pagar R$ 100 milhões em impostos. É milionário na pessoa física e está em recuperação judicial. Logo, logo, terá que devolver dinheiro de incentivo fiscal ilegal”, disse.
Campanha 2016
Em outro momento, o candidato Arthur Nogueira (Rede) citou que em 2016 Mendes deixou a campanha de última hora e Taques teve que lançar o deputado estadual Wilson Santos (PSDB) para disputar a Prefeitura de Cuiabá. O candidato da Rede questionou se houve traição de Mendes.
Taques, então, disse que Mendes pode ter deixado a campanha por conta da perda dos incentivos fiscais de suas empresas.
“Isso tem que ser perguntado para o candidato Mauro Mendes, não para mim. Eu queria e continuo querendo ajudar Cuiabá. Ajudamos no asfalto na Prainha, nas obras do COT do Pari e da UFMT. Tem também as obras do Aeroporto. Essas últimas obras são da empresa do aliado de Mauro, Berinho Garcia, pai de Fabio Garcia, que não conseguiu terminar as obras da Copa”, disse.
“Existe obra parada, sim, e essas pessoas não estão conosco, porque cortamos o leitinho dessas pessoas. Não me interessa se é amigo ou não, eu não faço coisa errada. E o Mauro deixou a campanha no último segundo e deve ser em razão dos incentivos cortados. Mas é ele é que deve dizer”, afirmou.
Prisão de lula
Em outro momento, o republicano Wellington Fagundes (PR) foi questionado duramente por Arthur Nogueira.
Na sua pergunta, no início do debate, Nogueira questionou se Wellington, que se aliou ao PT, é contra ou a favor da liberdade do ex-presidente Lula, que cumpre pena por corrupção.
"Entendo que na democracia a minoria também tem que ter direito. A democracia tem seu preço e essa coligação nos traz a oportunidade de ter Adilton Sachetti e também a esquerda com Maria Lúcia. Portanto quero trabalhar com a sociedade. Com essa coligação teremos oportunidade de estar trabalhando com quem for eleito presidente”, afirmou o republicano, sem citar Lula.
“Ele não respondeu à pergunta se é a favor do Lula livre. Sou a favor de corruptos presos. Administrador precisa sair de cima do muro. Responda a pergunta”, pediu Nogueira.
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Mendes sobre Taques: "Até outro dia, queria que eu fosse vice, me paparicava"
“Eu não sou órgão de controle”, afirmou o candidato republicano. “Lula teve seu legado. Foram mais de 50 milhões que saíram da pobreza. Governos têm virtudes e erros”.
Bate-boca
Momentos antes do início do debate, Taques e Mendes já tinham batido boca através da imprensa na chegada à emissora.
O tucano acusou o democrata de receber incentivos ilegais na gestão de Silval Barbosa e o democrata rebateu as acusações chamando-as de bravata.
“Veja o candidato Mauro Mendes: ele teve os seus benefícios fiscais renovados por Silval Barbosa em 2014 por mais 10 anos, sem um requisito que estava escrito na lei. Foi a empresa que mais demitiu no Estado de Mato Grosso. E o amiguinho dele, Silval Barbosa, conseguiu renovar o incentivo da Bimetal, que está quebrada, por mais de 10 anos”, disse Taques.
Questionado sobre por que a acusação ser lançada somente agora, a poucos dias da eleição, Taques disse que o caso vinha sendo investigado desde a CPI dos incentivos Fiscais, comandada pelo ex-deputado e atual prefeito de Rondonópolis, José Carlos do Pátio (SD) – hoje seu aliado – na Assembleia Legislativa, em 2015.
“Ele é milionário na física e quebrada na jurídica. Nós fizemos o correto, investigamos os incentivos fiscais, inclusive da Bimetal e estamos cortando o leitinho de muita gente. Isso foi remetido em 2015, teve a CPI. Eu não passo a mão na cabeça de quem quer que seja”, afirmou.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Wellington Fagundes: "Governos têm virtudes e erros"
Logo em seguida, Mendes disse que Taques usa de fake news contra ele por não ter propostas e por ter a maior rejeição entre os candidatos ao Governo. Ele negou as acusações e disse que os incentivos de suas empresas estão regulares.
“Lamentável, ele como candidato use desse expediente. Ele, como candidato, deveria estar falando de tantas coisas que fez, mas como fez muito pouco, quase nada, quebrou o Estado, fica usando desse expediente de ataques pessoais. Esqueceu que é governador e tem que governar. Ele não é mais do Ministério Público”, disse.
“Não foi cortado. É mais uma bravata dele. Ele, como governador, não tem esse poder, ainda mais em fim de mandato. Mais uma bravata do candidato. De quem mentiu a campanha inteira. Mentiu o mandato inteiro”, afirmou.
Veja a primeira e segunda parte do debate:
