O discurso de campanha do então candidato Capitão Bolsonaro garantindo que governaria com base no apoio das bancadas temáticas, aplicado ao dia a dia não está dando resultados. A ideia fez muito sucesso entre os apoiadores do Presidente, que considerando a má fama dos partidos políticos, achavam que era possível ignorá-los.
Quem conhece política já sabia que este jogo era muito arriscado, porque os deputados e senadores, antes de pertencerem a qualquer bancada, filiam-se a um partido para disputar as eleições. Assim os partidos hierarquicamente estão acima das bancadas e seus dirigentes certamente reagiriam, como de fato o fizeram, à tentativa de deixa-los fora o jogo.
O governo para conseguir a aceitação popular apelidou o tradicional processo de participação dos parlamentares na máquina pública de “velha política” propondo outra forma que chamou de “nova política”, esta sim, segundo afirmava, seria a quintessência da virtude.
Não deu certo. A dificuldade que a reforma da Previdência está encontrando para ser votada na Comissão de Constituição e Justiça mostra que o governo não encontrou o caminho certo.
Mesmo com a ajuda declarada e entusiasmada do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não estão conseguindo superar a inoperância e falta de traquejo dos líderes do governo, formados de deputados ingênuos e inexperientes, quase todos de primeiro mandato.
Se não bastasse o atraso na votação da reforma, essa semana apareceu o problema dos caminhoneiros que ameaçam nova greve. Parece que eles adoraram o movimento feito em maio passado, quando pararam o país por 11 dias bloqueando estradas, matando animais de fome nas granjas, esgotando o combustível dos postos e desabastecendo os supermercados.
Também pudera, o povo aplaudiu essa “justa” reivindicação dos “heróis anônimos que se esforçam para fazer o país prosperar.” Segundo pesquisas de institutos especializados feitas na ocasião, mais de oito em cada 10 brasileiros, apoiaram o movimento dos “injustiçados trabalhadores”.
Da mesma forma os apoiou com entusiasmo vídeos postados nas redes sociais, o Capitão candidato percebendo ali uma valiosa fonte de votos.
Esquecendo que o Brasil é uma economia de mercado o governo da ocasião criou tabelas de frete, em vez de estimular a livre concorrência e negociação. Com o apoio inconsequente da população e a inoperância do governo, alimentou-se as lideranças da categoria, que empolgados coma fama repentina querem voltar à berlinda.
O presidente (com ele o Brasil) está numa situação muito difícil. Tornou-se refém dos parlamentares que se sentiram desprezados e decidiram dar o troco e dos caminhoneiros que querem parar de novo o País, como fizeram o ano passado derrubando o PIB que já era raquítico.
A exemplo daquelas placas que as empresas costumam exibir “ Estamos há (tantos) dias sem acidentes” proponho outra “O presidente esta há .... dias sem fazer trapalhadas”. Na quarta-feira passada minha marcação já mostrava sete dias sem incidentes quando a nefasta interferência, e posterior recuo, no reajuste no preço do diesel interrompeu a série.
RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor.
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1 Comentário(s).
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antonio benedito de assunção 03.05.19 14h52 | ||||
Cuiabania Que me desculpem os analistas políticos deste meu amado Brasil, mas não consigo enxergar àquela greve como dos caminhoneiros e carreteiros. Os motoristas e carreteiro pararam o Brasil, a mando dos seus patrões, pois são empregados e precisam do trabalho, mas não são donos das frotas de milhares de caminhões e carretas. Foram, sim, os proprietários que fizeram a greve, ou melhor, comandou a greve. São poucos os motoristas donos de caminhões e carretas. Portanto, são esses donos de frotas de caminhões e carretas que votaram em Bolsonaro , e, com certeza, querem parar o Brasil, até que o Bolsonaro cumpra o que prometeu, | ||||
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