Cuiabá, Domingo, 13 de Julho de 2025
ALFREDO DA MOTA MENEZES
25.04.2019 | 07h30 Tamanho do texto A- A+

Hidrovia Paraguai-Paraná

É tempo de voltar a conversar sobre esse necessário meio de transporte

Com a perspectiva de que a ZPE em Cáceres possa mesmo sair do papel, não tem jeito de não trazer de volta a questão da Hidrovia Paraguai-Paraná. Uma coisa está ligada à outra.

 

Esta hidrovia foi o elo de MT com o Brasil e o mundo. Tem até um fato histórico maior com ela. A Guerra do Paraguai começou mesmo no momento que autoridades daquele país apreenderam o vapor Marquês de Olinda que trazia o novo governador de MT, engenheiro Frederico Campos. Tem outro Frederico Campos, em tempos mais recentes, que foi governador e é também engenheiro.

 

Partindo de Cáceres, a hidrovia percorre 3442 km até Nova Palmira no Uruguai. Passa em todos os países do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai), mais a Bolívia que é membro associado dessa integração econômica.

 

A hidrovia sai no Atlântico e talvez dê para sonhar em levar produtos da agroindústria local para o litoral brasileiro também. Tudo por água, o meio de transporte mais barato que existe

Uma ZPE tem que exportar a maior parte do que produz, o Mercosul pode ser um dos destinos. Aqueles países do Mercosul juntos (mais a Bolívia que também tem ligação na hidrovia) têm mais de 65 milhões de pessoas e um PIB acima de 800 bilhões de dólares. Se 20% dessa população tiver interesse nos produtos de agroindústria do estado já seria um mercado de mais de 13 milhões de possíveis compradores ou quatro vezes toda a população de MT.

 

A hidrovia sai no Atlântico e talvez dê para sonhar em levar produtos da agroindústria local para o litoral brasileiro também. Tudo por água, o meio de transporte mais barato que existe.

 

A Agência Nacional de Transporte Aquaviário com a Universidade do Paraná fez estudo que mostra a viabilidade técnica, econômica e ambiental (Evtea) da hidrovia. Hoje as barcaças podem ser adaptadas ao rio. A viaje é entre boias virtuais e até a noite, barcos não batem em barrancos.

 

Para que a hidrovia seja mesmo efetiva teria que ter um novo porto em Santo Antônio das Lendas. Lugar em que o rio Paraguai recebe afluentes, fica mais largo e profundo. Hoje se faz as dragagens nesse rio no trecho sinuoso entre aquele futuro porto e Cáceres. Nessa sinuosidade é que estão as pousadas e se faz o turismo na região. Com o porto lá embaixo não se teria mais barcos grandes cortando esse trecho.

 

É difícil um porto para transportar grãos em grandes quantidades, quem sabe a base seja de bens da agroindústria no estado. Receberíamos também produtos dos países do Mercosul. Por exemplo, trigo argentino poderia subir até Cáceres, moído ali e distribuído para MT, Rondônia, Acre e Pará.

 

Essa hidrovia funciona no Mato Grosso do Sul, cortando o Pantanal de lá. Por que não termos, como tem o MS, essa hidrovia funcionando? No MS se transporta hoje cerca de cinco milhões de toneladas, principalmente nos portos de Murtinho, Ladário e Corumbá. O de Murtinho está sendo aumentado. O de Cáceres é para somente 600 mil toneladas.

 

É tempo de voltar a conversar sobre esse importante e necessário meio de transporte para MT.

 

ALFREDO DA MOTA MENEZES é analista político.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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Ana Luzia Timo Manfio  25.04.19 11h18
Meu avô José Manfio foi um gaúcho cami nhoneiro conhecido em Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, por pedir que não queria que nenhum dos 8 filhos, sendo 4 mulheres, seguissem a carreira de caminhoneiro dele - o caminhão próprio dele poderia ser vendido quando morresse, porque naquela época, a religião católica exigia que o motorista fosse dono de seus próprios meios de produção, pra fins de manutenção da classe média vigente. Argentinos, europeus e norte americanos usam ferrovias, além de hidrovias para transporte de produtos essenciais que não concorrem em espaço nas estradas civis pra fins de evitar acidentes mortais e diminuir o gargalo da saúde e da justiça...
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