Cuiabá, Sábado, 12 de Julho de 2025
RENATO DE PAIVA PEREIRA
29.04.2019 | 07h10 Tamanho do texto A- A+

Previdência

A aprovação não foi uma vitória do governo, como o presidente apregoou

O mercado avaliou mal os acontecimentos políticos da semana passada, tanto que o dólar - um termômetro sensível na percepção de futuras mazelas ou de boas oportunidades de negócios - chegou a R$ 4,00, sinalizando desconfianças quanto à aprovação de uma robusta reforma da Previdência.

 

Também pudera! a parte mais fácil da caminhada da reforma – a aprovação na Comissão de Constituição e Justiça- considerada quase uma instância de carimbar documento para a próxima etapa, demorou 62 dias. Para efeito de comparação, quando foi proposta por Temer, a tramitação foi concluída em apenas11 dias.

 

Na verdade a aprovação não foi uma vitória do governo, como o Presidente em rede nacional de televisão apregoou. Antes escancarou a fraqueza de articulação do mandatário, que em 28 anos no parlamento não aprendeu que sem negociação com os deputados nada prospera. Quem saiu fortalecido foi o Centrão, a quem pode ser creditado o número de votos conseguidos. Só depois que o governo concordou em aceitar suas imposições (do Centrão) foi possível aprovar o prosseguimento da Proposta de Emenda Constitucional.

 

Agora, depois de seguidas derrotas, com o rabo entre as pernas e sem aquela suposta força que a aprovação popular lhe dava, o Presidente autoriza seus representantes a voltar ao balcão de negócios, oferecendo o que devia ter sido franqueado desde o começo

Se o presidente não procedesse do meio parlamentar e não tivesse tantos anos de janela seria desculpável que não conhecesse a força dos partidos políticos que juntos formam o famoso Centrão, cujo poder é impossível ignorar.

 

Tardiamente, depois que a previsão do PIB de 2019 foi rebaixada diversas vezes; o dólar chegou quatro reais; a popularidade do presidente perdeu 15 pontos e a inflação acelerou o governo começa a entender que essa tal de “nova política” é um slogan vazio e inútil, que funciona na campanha, mas só atrapalha a governança.

 

Agora, depois de seguidas derrotas, com o rabo entre as pernas e sem aquela suposta força que a aprovação popular lhe dava, o Presidente autoriza seus representantes a voltar ao balcão de negócios, oferecendo o que devia ter sido franqueado desde o começo. Não se trata de fazer negócios escusos, mas de convidar os parceiros a participar do governo, pois é isto que eles esperam.

 

Mas as arestas ainda não foram aplainadas, pois a família Bolsonaro teima em criar confusões estimulada pelo astrólogo “americano” Olavo de Carvalho, disparando posts contra inimigos ocultos que estariam à espreita para tomar o poder.

 

Tal qual Dom Quixote de La Mancha que alucinadamente se lançou contra um bando de carneiros vendo neles soldados inimigos, os filhos zero dois e zero três, atacam os generais, principalmente Hamilton Mourão, vistos como conspiradores que querem derrubar o governo. Mas os fatos indicam que não estão agindo de moto próprio. O Pai/Presidente que em público, ainda que timidamente condena os ataques, por certo, em particular, estimula os filhos/soldados a manter a artilharia ativa.

 

Mas apesar dos Bolsonaro, o Ministro Paulo Guedes, o sereníssimo Secretário da Previdência Rogério Marinho e o Deputado Rodrigo Maia remam o pesado barco contra a difícil correnteza.

 

Dizem que o Presidente, como jogador principal, só entrará  na batalha da PEC no momento decisivo. Entretanto parece uma atitude arriscada porque pode se tornar desnecessária sua atuação se os jogadores conseguirem ganhar sem ele confirmando sua irrelevância; ou pior, decidir participar somente quando o jogo já estiver perdido.

 

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor. 

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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