Cuiabá, Segunda-Feira, 14 de Julho de 2025
IRAJÁ LACERDA
29.04.2019 | 07h29 Tamanho do texto A- A+

Licenciamentos ambientais para PCHs

O estado deve buscar mecanismos que tornem o processo mais simplificado, célere e eficiente

Fontes de geração de energia limpa e ambientalmente sustentáveis, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) - usinas com potência até 30 MW - fomentam a economia e promovem desenvolvimento nas regiões onde são instaladas. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Brasil possui atualmente 425 PCHs, o que representa 3,16% de todos os empreendimentos em operação de matriz de energia elétrica do país. 

Esse número poderia ser bem maior se não houvesse tantos obstáculos, principalmente para a obtenção do licenciamento ambiental. Os empreendedores enfrentam grandes dificuldades e percorrem um caminho moroso e complexo, já que os projetos ocorrem em bacias estaduais e cada estado possui um roteiro e um conjunto de procedimentos diferenciados que acaba dificultando o processo. 

Ainda de acordo com a Aneel, as regiões onde as PCHs são instaladas apresentam uma significativa elevação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). E essa cadeia produtiva gera emprego e renda, além de segurança para as populações ribeirinhas, pois a hidrelétrica passa a controlar o nível do rio. 

Existem municípios que não têm o abastecimento completo de energia elétrica pelo sistema nacional e essas pequenas geradoras de energia seriam fundamentais para o desenvolvimento

Segundo a análise dos projetos básicos de PCHs feita pela Aneel entre 2015 e 2018, caso sejam concretizados, deverão injetar R$ 63 bilhões na economia dos estados. Por serem menores, os custos das PCHs também são inferiores. Para se ter uma idéia, as PCHs têm o menor custo global por megawatt no mundo. Sem contar que a construção conta com 100% de tecnologia nacional. 

Existem municípios que não têm o abastecimento completo de energia elétrica pelo sistema nacional e essas pequenas geradoras de energia seriam fundamentais para o desenvolvimento, principalmente em um estado como Mato Grosso, que possui uma grande extensão territorial, com muitas cidades mais afastadas dos grandes centros. 

O Brasil é um dos países com maior riqueza hidrográfica do mundo. Há maior potencial para produção de energia em PCHs nos estados do Sul (39%), Centro-Oeste (32%) e Sudeste (21%). É evidente que são necessários estudos para os impactos ambientais que serão gerados por essas construções, contudo, também é fundamental reduzir a burocracia e promover o aperfeiçoamento contínuo dos processos que regulam a instalação de novas PCHs. 

O estado deve buscar mecanismos que tornem o processo de licenciamento ambiental mais simplificado, célere e eficiente, pois além de gerarem menos impacto ambiental e serem economicamente viáveis, as PCHs representam a melhoria da infraestrutura e o desenvolvimento para regiões que precisam impulsionar a economia de setores produtivos e melhorar a qualidade de vida da população local. 

IRAJÁ LACERDA é advogado e presidente da Comissão de Direito Agrário da OAB-MT.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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6 Comentário(s).

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JUAREZ CARNAIBA  30.04.19 10h18
Concordo que promova o desenvolvimento da região, e que melhora o abastecimento de energia elétrica, porém, sem a escada para os peixes subirem na época da piracema, é um RETROCESSO e um crime AMBIENTAL. De nada adianta diminuir a burocracia, se não exige o mais importante.
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LUCIANE FUGALI  30.04.19 05h35
Estudos científicos questionam há anos a definição da energia de fonte hidroelétrica como “energia limpa e ambientalmente sustentável”. Existem estudos, como o desenvolvido pelo Núcleo de Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-Rio/ Climate Policy Initiative (NAPC/ CPI), em 82 município, que comprovam que o impacto econômico pela construção de hidroelétricas só ocorre durante a construção da obra e tende a se dissipar depois como fim da construção. Considerar os trâmites relacionados à obtenção do licenciamento ambiental como obstáculos pode ser uma atitude irresponsável, temos exemplos recentes dessa lógica em Mariana e Brumadinho. Quem sabe não se pressione as empresas para realizarem melhores projetos? e quem sabe não ofereça as mesmos benefícios dados as PCHs para a produção de energia solar decentralizada?
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Fernando  29.04.19 17h55
Existem estudos na UFMT sobre o impacto dessas centenas de PCHs que nem foram implementadas mas já estão em processo de licenciamento na SEMA, que juntas elas irão fazer um estrago muito maior pro Pantanal do que algumas UHEs fariam... Esse Bioma é muito afetado pelo controle de vazão dos rios feito pelas barragens dessas PCHs. Realmente pensar em PCHs hoje em dia é pensar muito pequeno...
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João Graeff  29.04.19 17h42
Não vale a pena entregar os rios para esses projetos, é muita pouca energia para grande impacto e os reais interessados não são as comunidades ribeirinhas e sim o setor do agro negocio, para de tentar forçar essas PCH's, da pra produzir energia mais barata e menos impactante como por exemplo a energia solar.
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Samuel  29.04.19 16h53
PCHs?? Com esse tanto de sol em MT será que não temos outras opções para a geração de energia?? É certo que a burocracia para a obtenção de licenças ambientais é absurda. Mas em pleno século 21, falar em aumento do número de PCHs? Acredito ser muito mais prudente buscar outras alternativas para a geração de energia que com certeza impactarão de forma bem menos agressiva ao meio ambiente. Pensar em PCH é pensar pequeno!
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