Ulysses Moraes

Crítico da verba indenizatória para os parlamentares, o deputado estadual Ulysses Moraes (DC) defende um parlamento mais transparente e menos oneroso. Como primeira medida ao assumir sua cadeira, em fevereiro deste ano, o novato propôs cortar pela metade o benefício e obrigar o parlamentar a prestar contas do que gasta.
Atualmente, a V.I. para deputados estaduais é de R$ 65 mil e não pressupõe a necessidade de prestação de contas. Segundo Ulysses, o parlamentar coloca em um ofício quanto quer – dentro do limite – e é ressarcido.
Mesmo com o projeto não avançando, Ulysses garante que, em dois meses de Legislativo, gastou com a verba cerca de R$ 9 mil.
“Nós cortamos na carne. Começamos pela política do exemplo. Essa geração intolerante começa a fazer a política do exemplo: eu sou contra o benefício e estou cortando. Eu mesmo. Mostrando que dá para fazer”, disse.
O deputado disse acreditar que o discurso da redução de gastos não traz a ele a pecha de político “populista”.
“Eu seria populista se não estivesse dando exemplo. Eu acho que o populismo se faz quando a pessoa não dá exemplo. Há deputados que sobem na tribuna e dizem: 'Nós precisamos reduzir os gastos. O duodécimo da Assembleia é muito alto'. Tá, mas ele reduziu quanto? Nada?”, disse sem citar nomes.
Ao MidiaNews, Ulysses ainda criticou a existência de base e oposição na Assembleia e afirmou que seu partido, que tem reduzida estrutura em Cuiabá, vai lançar candidato ao Alencastro em 2020.
Confira os principais trechos da entrevista:
MidiaNews – Existe um perfil de políticos que, com o advento da internet, se popularizaram com um discurso mais crítico, virulento e até populista. O senhor se identifica com esse perfil?
Ulysses Moraes – Eu gosto de falar que essa geração nova, a minha geração - sou de 1990, tenho 29 anos – é uma geração de intolerantes. Os intolerantes com as coisas erradas. Acho que os nossos pais transmitiram o sentimento de que a política não funcionava, de que nada dava certo no Brasil, de que tudo que se tentava fazer de diferente ou de novo era ameaçado ou coibido. Eu acho que nossos pais tentaram fazer essa mudança, mas ao mesmo tempo, não se conseguiam avançar nisso. E nesse meio, fomos crescendo e ouvindo as insatisfações: "Política não presta. Rouba, desvia". Então eu fui criado ouvindo isso.
E agora, chega um novo Brasil, as pessoas interessadas e engajadas nesse novo modelo. Eu estava abastecendo meu carro e um frentista me reconheceu. Ele começou a falar sobre a política atual. Via-se que ele era uma pessoa mais humilde, mas, mesmo assim, citou cinco nomes dos ministros do atual governo e falou sobre os políticos daqui. Então as pessoas estão acompanhando mais. O descaso com a política não se tem mais. Acho que, por conta da velocidade da informação, as pessoas estão se inteirando mais.
E nossos pais foram transmitindo essa sensação e criaram os intolerantes. Os intolerantes com corrupção, com coisa errada, com descumprir regras. E eu fui vivendo ali. Ou a gente começa a fazer a coisa da maneira certa, ou vamos ficar como a turma do passado.
MidiaNews – Mas sendo virulento?
Ulysses Moraes – Não é nem sendo virulento, mas apresentando para sociedade o que é, sendo um ideal, acreditando nele e indo até o final. Chega de subir no plenário e ficar falando para sociedade ouvir. Vamos mostrar como se faz. O que eu questionei? Mordomias, privilégios... Então é preciso cortar.
É muito simples e fácil eu chegar e falar: "Turma, nós somos em 24, vou apresentar meu projeto de lei e fica por isso mesmo". Quantos outros não apresentaram projetos de lei semelhantes e culparam depois o parlamento inteiro. Nós cortamos na carne. Começamos pela política do exemplo. Essa geração dos intolerantes começa a fazer a política do exemplo: eu sou contra o benefício e estou cortando. Eu mesmo. Mostrando que dá para fazer.
No caso dos deputados federais, eles dizem: "Sou a favor da nova Previdência e estou renunciando à minha Previdência de parlamentar". É muito fácil falar que é a favor da nova Previdência, mas eu terei o benefício antigo. Não! Sou a favor e já mostro que é possível, que não precisa disso. Que podemos fazer de outra maneira.
MidiaNews – Uma das críticas atribuídas ao senhor é de que, mesmo favorável à redução de gastos, anda com uma VW Amarok alugada pela Assembleia Legislativa. Não é contraditório?
Ulysses Moraes – A Assembleia destina uma cota de aluguel de veículos. E com essa verba, eu poderia ter locado cinco carros. E sou o único deputado que só tem um. E esse veículo eu uso, exclusivamente, em serviço.
MidiaNews – E qual o valor do aluguel?
Ulysses Moraes – Não me recordo da cota, mas é menos da metade do que poderíamos utilizar. Na verdade, eu economizarei até o final do meu mandado R$ 300 mil só em cota de aluguel em carro.
Esse mês eu fiz 10 municípios, vou para o décimo primeiro. Não adianta pegar meu carro pessoal e acabar com ele para correr todo Estado. Eu tenho um outro veículo muito mais simples. Não adianta eu ficar percorrendo com ele. Em uma MT-100, por exemplo, se eu não tiver uma caminhonete, não tem como trafegar. É necessária a presença lá? Ainda é.
O que tem dado para fazer à distância, nós estamos fazendo. Principalmente comunicação. Mas ainda se exige muito a presença do parlamentar para conversar diretamente com o prefeito, para ver a realidade de cada município. O parlamentar deve ter algumas coisas para poder exercer seu mandato. Senão a gente fica refém e não consegue trabalhar.
MidiaNews – O senhor se elegeu como pedra. Já se sente vidraça?
Ulysses Moraes – Já viramos vidraça. Na verdade, toda pessoa que se expõe, politicamente falando, que resolve dedicar sua vida a uma função pública, está exposta a críticas. Não há como agradar todo mundo. Às vezes vamos apresentar um projeto que vai desagradar determinados segmentos. É muito difícil ser unanimidade. E todos acabam virando vidraça, porque não existe unanimidade.
MidiaNews - O senhor tem um discurso de críticas ferrenhas aos chamados privilégios. Não teme criar uma imagem de populista?
Ulysses Moraes – Não. Eu seria populista se não estivesse dando exemplo. Acho que o populismo se faz quando a pessoa não dá exemplo. Há deputados que sobem na tribuna e dizem: “Nós precisamos reduzir os gastos. O duodécimo da Assembleia é muito alto”. Tá, mas ele reduziu quanto? Nada! Você defende a redução, mas você mesmo não reduziu nada? Por que não reduziu, sendo que boa parte da redução você consegue fazer de ofício?.
MidiaNews – Uma das críticas ao não uso total da verba indenizatória é de que, caso o parlamentar a deixe de gastar, o recurso não traz economia, já que volta para ser gasto pela própria Assembleia Legislativa.
Ulysses Moraes – Para onde vai esse dinheiro? A verba indenizatória, que hoje é de R$ 65 mil, eu pego um papel e escrevo: “Eu quero R$ 65 mil na minha conta bancária de V.I.”. Assino e cai na minha conta. Sem um recibo, sem uma nota, sem nenhum relatório de atividades.
No primeiro mês eu pedi apenas R$ 3 mil. O restante ficou na Casa. Mas para ser gasto pela Assembleia, é um ordenador de despesa que vai ter que gastar esse dinheiro. Então precisa-se de contrato ou licitação. A sociedade consegue fiscalizar. Em relação à V.I., a sociedade não consegue fiscalizar, não há prestação de contas. Agora, o dinheiro que é gasto pela Assembleia Legislativa, você vai entrar no portal transparência e vão estar ali todos os contratos. Esse dinheiro que fica na Casa é mais fácil de ser fiscalizado. Nós conseguimos fiscalizar.
MidiaNews – No primeiro mês no Legislativo, o senhor gastou pouco mais de R$ 3 mil de verba indenizatória. Vem conseguindo manter esse valor?
Ulysses Moraes – A nossa proposta é gastar até o limite de 50% da V.I.. E até o fim do mandato, nós não iremos gastar mais de 50% da verba. No primeiro mês foram R$ 3 mil, depois subiu para R$ 6 mil.
MidiaNews – O senhor foi eleito fazendo fortes críticas à Assembleia Legislativa. Como foi chegar lá? Foi bem recebido?
Ulysses Moraes – Em um primeiro momento, toda mudança cria um certo “clima”. Eles estavam acostumados com 14 outros deputados que não foram reeleitos. Então eles tinham 14 novos colegas. E é preciso saber conviver com aquilo. O choque inicial é natural. Com alguns com mais receio, pela postura como foram eleitos.
Mas é o que venho falando sempre: precisamos separar as coisas. O pessoal fala assim: "Com essa postura radical, ninguém vai aprovar projetos seus”. Eu acho que eles não deveriam fazer isso. E se algum deputado estiver pensando em fazer isso porque eu bato na Casa, sou oposição a alguns benefícios, esse parlamentar tem que rever os conceitos. Porque os projetos não são do Ulysses, são do povo do Estado de Mato Grosso.
MidiaNews – Mas em algum momento o senhor se sentiu “engolido” pelos políticos de carreira da Casa?
Ulysses Moraes – Com relação a propostas de diminuição de privilégios, sabemos que teremos uma grande resistência por parte daqueles que já utilizam e fazem uso dela. Hoje, todos fazem uso quase integral da verba. Terá resistência? Sim. Mas cabe a cada um deles fazer uma reflexão pessoal e ver o que a sociedade quer.
[Usar a V.I.] É justo? Vamos dizer que seja. Por que não prestar contas disso? Porque o projeto é para reduzir e prestar contas. Vamos supor que alguns deputados aleguem que têm estrutura no interior do Estado e gastam com deslocamento e tudo mais. Vamos supor que ele consiga justificar isso. Então tudo bem. Apresente notas, recibos. É simples. O dinheiro não é nosso, é público.
MidiaNews – As verbas indenizatórias existem em outros poderes, para diversos cargos e funções. O senhor estuda ir contra elas também em outros órgãos?
Ulysses Moraes – Algumas eu conheço, outras desconheço. Então sei de que forma elas são atribuídas. Alguns falam em auxílio-livro, que também tem natureza indenizatória. Quando me perguntam isso, digo que desconheço e peço que apresentem as legislações. O nosso discurso é de que todas as verbas indenizatórias devem ter prestação de contas. É natural. E continuo defendendo.
Em breve, deveremos fazer uma consulta ao Tribunal de Contas do Estado para que seja revisto esse posicionamento em relação à prestação de contas. A verba indenizatória tem que prestar contas, sim. No Congresso se presta. O deputado federal, para receber as coisas dele, tem que prestar contas. Então, por que os estaduais não precisam? Por que nos outros poderes não precisa? A sociedade pede por isso. E a gente está representando a sociedade e precisamos dar essa resposta.
MidiaNews – A Assembleia sempre foi criticada por ser um "puxadinho" do Governo. No pouco tempo em que o senhor está lá, percebeu isso? Ou vê uma legislatura mais independente?
Ulysses Moraes – Há várias pessoas novas lá. Eu acho que esses novos estão ali tentando fazer um trabalho de parlamentar independente. Eu já me posicionei com relação a isso. E sou o que a Constituição me obriga a ser: o parlamento tem que ser independente. Eu reafirmei isso várias vezes. Para mim, ser oposição e base é crime. Parlamentar não está lá para ser "vaquinha de presépio" do Governo e não está lá para fazer oposição irresponsável.
Tem gente que acha bonito falar: sou oposição. Não, você tem que ser oposição aos pontos negativos e ser situação aos pontos positivos. Isso é independência. “Ah, mas o senhor está em cima do muro”. Não existe em cima do muro. A Constituição obriga o parlamento a ser independente.
MidiaNews – O senhor tem notado essa independência dos parlamentares na apreciação de matérias?
Ulysses Moraes – Tenho visto um posicionamento até interessante dos colegas. Recentemente, a bancada da saúde fez duras críticas. Alguns que seriam classificados como base vêm fazendo críticas ao Governo. Eu tenho gostado de ver. Mas sabemos que temos outros colegas que agem exclusivamente com o Governo. Já têm aquele alinhamento político e acabam seguindo.
MidiaNews – O governador Mauro Mendes (DEM) conseguiu aprovar, no início do ano, propostas para corte de gastos. Como o senhor viu essa medidas? Qual sua avaliação sobre os resultados delas?
Ulysses Moraes – Eu solicitei os documentos do que foi feito nesses quatro meses de gestão Mauro Mendes. Eu quero ver se foram feitos esses cortes de gastos, de que maneira foram feitos. Se houve efetivamente os cortes. Para fazermos um balanço.
Eu sempre me posicionei assim: o que é de direito deve ser pago. Mas devemos pensar no Estado. Qual a prioridade? Se o Estado tem dinheiro para pagar isso, e não tem para pagar aquilo, temos que ver qual a prioridade e fazer primeiro. Agora, não podemos deixar que o Estado fique inchado, contratando diversos comissionados, enquanto não está pagando direito os que tem. Devemos colocar isso na balança. Ver se efetivamente houve esse esforço do Estado em enxugar, para garantir o que é de direito dos outros para fazer uma análise.
Nós fizemos a solicitação. Eu preciso de um balanço para ver o que foi cortado em cada uma das secretarias. Se vai fazer extinção [de empresas públicas], se não. Porque até o momento não teve nenhuma extinção. Para que o Governo mostre isso para gente. Para vermos se há interesse do Governo de levar o Estado para frente.
O único dado até agora que eu vi, e que eu assustei, foi em relação à arrecadação e custo do Estado. Tem três anos que o Estado gasta mais do que arrecada. Então está errado. Essa conta tem que inverter. Uma hora esses direitos têm que ser pagos.
MidiaNews – Em sua opinião, o estouro do limite da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) com folha relativiza o direito à concessão da RGA (Revisão Geral Anual).
Ulysses Moraes – Fica prejudicado. Mas tem que enxugar. Corta comissionados, chama os poderes, vamos fazer o enxugamento. A Assembleia Legislativa tem R$ 500 milhões de orçamento. Precisa? Fala-se em mais de 1,8 mil funcionários. Eu trabalho no meu gabinete com menos de 50% hoje. Será que outros não podem fazer igual? Eu prego o enxugamento, fazendo o enxugamento. Eu estou fazendo minha parte. E irei ver se o Governo está fazendo a parte dele também.
MidiaNews – Já tem uma avaliação a respeito destes primeiros 100 dias do Governo?
Ulysses Moraes – Vou aguardar o balanço. A comunicação do Governo com a Assembleia tem que melhorar para ficarmos mais a par das coisas. Poderia haver um balanço trimestral, para nos apresentar os números.
MidiaNews – O senhor é um crítico da carga tributaria no País. Recentemente, em Mato Grosso, foi aprovado o Novo Fethab. Como o senhor vê a cobrança desse fundo? Acha necessário?
Ulysses Moraes – A minha linha é liberal. Não é porque é o Fethab. É porque é tributo. Eu entendo que aumentar tributos, para qualquer que seja a categoria – seja para o comerciante, profissional liberal, para todos - prejudica o Governo. Eu desconheço quem paga pouco imposto. Eu acho que a gente paga muito imposto em tudo.
E a maior arrecadação não é a direta, é a arrecadação indireta. A maior arrecadação de tributos é sobre produtos. Então, quem paga mais imposto no País, inclusive, é o pobre, é a pessoa de baixa renda. E como aumenta a arrecadação do produto? Por que ele fica com mais tributo? Eu nunca vi uma empresa falar: “Eu vou diminuir meu lucro para deixar o preço mais barato para o consumidor final”. Não. Ele é taxado, e ele repassa. É natural.
Todos as maiores economias do mundo têm mercado mais liberal, ou seja com carga tributária mais baixa. Quando baixamos a carga tributaria, achamos que vai diminuir a arrecadação. “Renúncia de receita” é uma palavra muito bonita. Não há renúncia de receita, pelo contrário. [Com corte de tributos] você vai estimular que as empresas cresçam, que contratem mais gente, que gerem mais emprego, mais desenvolvimento. E com isso mais potencial de compra. E a arrecadação indireta aumenta.
Com isso a receita vai se manter ou aumentar. É natural. Isso já aconteceu em outros países. A gente não tem que reinventar a máquina, vamos copiar onde deu certo e trazer para cá. Mas não, temos que fazer o errado: insistir na taxação. Não! Vamos dar mais estímulo.
MidiaNews – Então, essa cobrança seria uma ignorância em relação às regras do mercado?
Ulysses Moraes – Não falo em ignorância. [O governador] É um empresário, o vice [Otaviano Pivetta] é um produtor, mas não fizeram por entender que é arriscado fazer de outra forma. Por isso me posicionei contra na época. Não votei essa matéria, não passou por mim. Foi votada na legislatura passada.
MidiaNews – Acredita que seja ineficiência do Estado, que ao invés de cortar na carne, joga a bomba para o cidadão?
Ulysses Moraes – Pode ser. Talvez receio de fazer os cortes. O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que vai adotar política de redução de tributos. Inclusive participei de uma palestra no ano passado, que tive a oportunidade de estar junto ao Paulo Guedes, e ele deixou claro: estamos descartando a possibilidade de aumentar tributos no Brasil.
Eu achei até que, com esse estímulo, por termos um ministro liberal, os estados fossem replicar isso. Mas estamos aguardando. Ainda é tempo.
MidiaNews – Como vê os problemas na articulação do Governo Bolsonaro? Corremos o risco de não aprovar a Reforma da Previdência?
Ulysses Moraes – Torço para que não. Ou aprova ou o Brasil quebra. Pelo menos é o que nos é passado. O problema é que o Congresso são mais de 500 pessoas. E o tema Previdência é muito sensível. Ele mexe com todo mundo. Mexe com o fim de vida. Tem gente que já está chegando nele. Deve se debater com inteligência, com conhecimento, tem que aprofundar, tem que levar para toda a sociedade.
Alguns de esquerda vêm fazendo greve ou criando tumulto em universidades. Ao invés disso, deveríamos ampliar o debate.
Eu venho recebendo reclamações de alunos da Unemat dizendo que os professores estão entrando em greve por conta da Reforma da Previdência. Vamos discutir isso, fazer um debate aberto. Todos vão concordar? Não sei. Mas o debate é salutar para qualquer democracia. E ele é muito mais inteligente e saudável que greve. Vamos estar trazendo a sociedade para conversar, trazendo os alunos para debater. Isso é bonito. Às vezes na Assembleia os ânimos se acirram. E ânimo acirrado é natural do debate, é salutar. A gente precisa estimular o debate.
Previdência é sensível. É difícil de explicar, não é um tema fácil, mexe com números. Eu mesmo sou advogado. E mexeu com números, eu digo: tem que olhar com calma. Tem que ouvir economista “A” e “B”. Um ponto é: da forma como está, não tem como ficar. Já ficou comprovado.
Um governo de esquerda disse que precisava de reforma, e um governo de direita também. Cabe entender qual reforma será mais salutar para o momento. E é isso que devemos incentivar: o debate. Ao invés de ficar colocando um contra o outro e ficar nessa guerra.
MidiaNews – O senhor também tem a percepção de que o Governo Bolsonaro não se entende? E que isso pode ser prejudicial.
Ulysses Moraes – Toda briga interna atrapalha. Vamos aguardar e ver esses alinhamentos. Todo início de governo é assim, troca-se ministro... Qualquer empresa que abrir hoje vai ter dois funcionários que darão problema. É natural. É construir e tentar se ajustar.
O que venho defendendo para todos os governos, tanto estadual como federal, é que pensemos em medidas a longo prazo. Que sejam governos não de quatro anos, que sejam de 20 anos. Que o cara pense: quais são os maiores problemas do Estado de Mato Grosso? Um dos maiores problemas é logística. Escoamento de produção. O que podemos fazer? Em 20 anos conseguimos resolver isso? Será que dá para pegar um aporte de um tributo que já vem sendo utilizado e fazer um planejamento para 20 anos?
“Mas Ulysses, para daqui 20 anos?”. É, para daqui 20 anos. É pensar no futuro do Estado, não para daqui a quatro anos porque está preocupado com reeleição. Tem que pensar para frente. Um dos maiores defeitos de grande parte dos políticos é pensar na reeleição e não no Estado ou no País.
MidiaNews – Seu partido, o Democracia Cristã, é pequeno. Tem algum projeto para lançar candidato a prefeito de Cuiabá? O seu nome seria uma opção?
Ulysses Moraes – Eu não vou. Vou cumprir meu mandato de quatro anos. Para o Executivo ainda é cedo, pelo menos na leitura que eu faço agora. Acabei de ser eleito para um mandato de quatro anos para deputado estadual. As pessoas me elegeram para ser deputado estadual. Então eu devo cumprir meu mandato.
MidiaNews – Mas há convite?
Ulysses Moraes – A gente recebe convite, mas porque hoje não se tem nomes. Muitas pessoas que são boas não estão interessadas em entrar para a política. Porque é um desgaste muito grande. Tem um estresse muito grande. A família fica exposta. A partir do momento que você ocupa um cargo público, você passa a ser vidraça, e as pessoas não querem.
O que seria um bom gestor hoje? Que entende de gestão. O Executivo é uma máquina pública. A gente pede um nome limpo, que tenha um passado ilibado, que entenda de gestão pública, que entenda dos pontos. E que se não entender, que tenha uma equipe técnica por trás.
Qual um dos maiores problemas hoje do município de Cuiabá? Saúde. Nós precisamos ter um plano para a Saúde. Até uma dica para quem for se candidatar ao Executivo é apresentar um plano para gente melhorar a Saúde de Cuiabá. Olha o orçamento, que é público, e monta esse plano. E é uma coisa interessante que surgiu na campanha de 2018, com o anúncio de alguns ministros que foram “nomeados” antes da eleição. Acho legal isso. E não só dizer: queremos inaugurar tal hospital.
MidiaNews – Há algum nome que o DC já vem sondando que tenha todos esse atributos que o senhor disse?
Ulysses Moraes – Estamos estudando alguns nomes. Mas o DC vai lançar candidato. Até o ano que vem dá para filiar muita gente. Muitas pessoas nos procuram. O partido, que era pequeno, agora tem dois deputados [Eliseu Nascimento é outro].
Estamos em um partido que tem a possibilidade de fazer um prefeito. Apenas em Cuiabá, se juntar os meus votos com os do Elizeu Nascimento, são quase 20 mil votos. E isso é muito voto. E nós achamos possível o DC fazer um prefeito na Capital.
MidiaNews – Há alguma possibilidade de o DC estar ao lado do prefeito Emanuel Pinheiro ou de algum candidato que ele apoie.
Ulysses Moraes – Posso afirmar que de maneira alguma nós vamos com o Emanuel Pinheiro.
MidiaNews – A propósito, qual a avaliação o senhor faz da gestão dele?
Ulysses Moraes – Primeiro eu acho que ele tinha que ser afastado da Prefeitura de Cuiabá faz tempo. Eu acho que aquele vídeo [do paletó] é muito claro. Nós tivemos a Operação Sangria. Uma operação grave. Eu defendo que ele seja afastado da Prefeitura, que ele responda pelos seus crimes, se eventualmente os cometeu. O Emanuel Pinheiro não tem condição moral para estar na gestão da cidade.
MidiaNews – Recentemente, o digital influencer Tiago Sales, conhecido como "Gato Louco", se filiou ao seu partido. O que o partido pretende com esse movimento?
Ulysses Moraes – Eu não faço parte da diretoria do partido. Na verdade essa pergunta é para a diretoria do partido. O Tiago é humorista, admira meu trabalho, é um cidadão cuiabano, e eu sou da área de redes sociais também.
Mas cabe à sociedade ver se ele tem ou não potencial. Às vezes hoje ele faz um trabalho de humor, só. Mas amanhã ele pode fazer um trabalho fiscalizatório e pode usar o alcance que ele tem nas redes sociais para fazer denúncia, apontar erros. Todo mundo tem que ter oportunidade de tentar ser alguém. Todo mundo tem que ir atrás dos seus sonhos independente de quem seja.
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5 Comentário(s).
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LUIS FERNANDO 29.04.19 07h50 | ||||
PARABÉNS NOBRE DEPUTADO SENHOR EXEMPLO PARA TODOS OS OUTROS SIGA EM FRENTE SENHOR COM CERTEZA TEM VOTO MAIORIA DA POPULAÇÃO | ||||
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Mara 28.04.19 17h13 | ||||
O povo quer saber é de trabalho e não lero lero, demagogia barata. Quantos projeto o Deputado já apresentou nesses 4 meses de mandato para o desenvolvimento da nossa capital e o nosso Estado. | ||||
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alex r 28.04.19 13h27 | ||||
Não vou dizer que talvez o deputado não tenha algumas boas intenções mas como se diz no ditado: de boas intenções o inferno esta cheio. Esse país é muito novo em repartição de conhecimento nosso povo se baseia em quase 70 % de semi analfabetos ou analfabetos funcionais, assim pessoas com essas mascaras aparecerão aos montes. Deixarei para história o julgar, de minha parte postei meus sentimentos e minha visão pessoal sobre o deputado enquanto ocupa esta função. | ||||
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Edivaldo Da Silva Santos 28.04.19 10h07 |
Edivaldo Da Silva Santos , seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |
Will 27.04.19 19h56 | ||||
O termo é demagogo... sou contra a verba, mas a utilizo. A cara nem fica vermelha, né?? | ||||
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