O jovem de 19 anos condenado de envolvimento na morte do menino João Hélio, de 6 anos, em 2007, deixou de quarta-feira (17) o Criaad (Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente) de Nova Friburgo, onde cumpre medida socieducativa, na região serrana fluminense. Ele foi transferido para outra unidade em município não revelado, segundo confirmou ao R7 o vereador da cidade, Marcos Medeiros (PTB).
O vereador disse que a saída do jovem ocorreu em razão da insatisfação de moradores da cidade contra a permanência dele na cidade. Entidades como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Conselho Comunitário de Segurança Pública de Friburgo eram contrários à permanência do rapaz em Nova Friburgo.
Após ter cumprido três anos de medida socioeducativa, o rapaz foi solto em 10 de fevereiro passado. Na mesma época, foi incluído, por decisão judicial, no Programa de Proteção às Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte do governo federal. A medida causou polêmica e, no dia 24 de fevereiro, o juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça, Marcius da Costa Ferreira, decidiu que o jovem voltaria a cumprir medida socioeducativa em regime de semiliberdade em um dos 12 Criaads do Estado. O jovem teria direito a passar o dia fora da unidade desde que estudasse ou realizasse cursos profissionalizantes.
O jovem, que era menor quando participou do crime, deve cumprir a medida socioeducativa até os 21 anos. A cada três meses, o rapaz é submetido a uma nova avaliação da Justiça e sua pena pode ser modificada.
Para o vereador, a presença do rapaz na cidade era um risco porque a unidade não oferecia segurança. Segundo ele, há poucos dias, um jovem havia fugido de lá.
- Não havia segurança. Perto do Criaad, há uma creche e três colégios. A população estava muito temerosa. Se ele cometeu um crime no Rio, podia cometer em Friburgo também. Não queríamos essa semente do mal por aqui.
Pingue-pongue
Funcionário do Degase informou ao R7 que, desde que chegou a Friburgo, o jovem não tinha sido matriculado em nenhuma escola e passava o dia ocioso na unidade.
- Ele não saia para nada. Só jogava futebol e pingue-pongue. Tinha um alojamento só para ele
O presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Friburgo, Zury Maurer, disse que achava temerária a permanência do rapaz na cidade.
- Achávamos um risco devido à deficiência de estrutura. Tínhamos medo que ele pudesse, por exemplo, incitar uma fuga em massa.
O R7 procurou o Degase para ter um pronunciamento oficial sobre o caso, mas a assessoria de imprensa do órgão informou que não poderia dar informações. A reportagem também fez contato com o Tribunal de Justiça fluminense, que informou que não se pronunciaria sobre informações de caráter não oficial. O Ministério Público Estadual informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não poderia falar sobre o caso porque ele está sob segredo de justiça.
Crime
Na noite de 7 de fevereiro de 2007, João Hélio, a mãe e a irmã de 13 anos seguiam pela avenida João Vicente, em Oswaldo Cruz, na zona norte, quando foram abordados por cinco homens, entre eles um menor de 15 anos, que pretendiam roubar o Corsa Sedan da família.
Mãe e filha, que estavam nos bancos da frente, saíram do carro e tentaram retirar o cinto de segurança de João Hélio, que estava no banco de trás. Os bandidos, no entanto, arrancaram com o veículo e a criança ficou pendurada pelo acessório do lado de fora do carro.
Ele foi arrastado por 7 km, passando por várias ruas dos bairros de Oswaldo Cruz, Madureira, Campinho e Cascadura. Passaram ainda em frente a um quartel do Corpo de Bombeiros, um fórum de Justiça, um quartel do Exército e dois bares. As pessoas na rua gritavam e acenavam desesperadas para que o carro parasse, mas os ladrões ignoraram.
Eles abandonaram o veículo com o corpo da criança preso ao cinto e às ferragens, na rua Caiari, em Madureira, e fugiram por uma escadaria. Todos acabaram presos no dia seguinte e disseram não saber que o menino estava sendo arrastado.
Outros quatro homens envolvidos com a morte da criança estão presos no Rio de Janeiro. Eles foram condenados em janeiro de 2008 a cumprirem penas que variam de 39 a 45 anos de prisão.
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