Rosenildo Silva - BOPE

O Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar de Mato Grosso, está se tornando referência no Brasil ao se especializar em operações especiais e ministrar cursos para policiais de outros estados.
Prestes a completar 28 anos no mês que vem e a lançar a sua 3ª edição do Curso de Operações Especiais (Coesp), o Bope, cujos integrantes são conhecidos como "caveiras", é formado por uma equipe tática de 110 operadores especiais.
“Nossos policiais são treinados para atuar em momentos de crise. Mas, antes de tudo, eles passam por uma formação rigorosa - o curso de operações especiais, conhecido como ‘caveiras’, ou o de ações táticas, que são conhecidos como os ‘catianos’. A diferença de um curso para o outro é só o tempo de formação”, explica o comandante do batalhão, tenente-coronel José Nildo Silva de Oliveira.
“Depois, são selecionados alguns policiais para fazerem um curso de atirador de precisão, que se habilita em atirador de elite. Nós já tivemos três edições e formamos policiais de vários Estados. O curso é muito procurado em todo país. As pessoas vêm de fora para fazê-lo”, disse o oficial.
Há dois anos no comando e há quatro no batalhão, o tenente-coronel José Nildo disse que o treinamento do Bope se assemelha ao que é mostrado no filme “Tropa de Elite”, do diretor José Padilha.
O filme tem como tema a violência urbana na cidade do Rio de Janeiro e as ações do Bope e da Polícia Militar no Estado
A tropa, segundo o tenente, foi criada para auxiliar no atendimento de ocorrências de alta complexidade.
Edgard/Paranatinga News
Agentes do Bope são treinados especialmente para tratar com situações que envolvam explosivos
“A tropa de elite é uma ferramenta para ajudar nas ocorrências de crise, as que exigem pessoas de um time tático para conduzir certas situações. O Bope não assume ocorrência de nenhuma unidade. Ele vai para ajudar na solução”, explicou.
Risco de morte
O comandante disse que as atividades do batalhão são voltadas para situações de crise, como as de crimes com reféns, ocorrências com explosivos, perseguições a traficantes, situações de ameaças de suicídios e até terrorismo.
“Ocorrências com explosivos são as que mais tivemos nos últimos três anos, especificamente em caixas eletrônicos de banco, porque sempre acaba ficando uma dinamite e cabe a nós retirarmos aquele explosivo e fazer sua destruição”, disse.
O comandante lembrou o caso que ocorreu recentemente, quando uma bolsa suspeita de estar com explosivos foi deixada no terminal do CPA 3, em Cuiabá.
Depois da ação de agentes do Bope, descobriu-se que dentro da bolsa havia apenas mangas.
“Recebemos algumas críticas sobre esse acontecimento, pelo fato de que, no fim das contas, não havia explosivo na bolsa. Mas, e se tivesse? Uns amigos meus brincaram e falaram que eu estava com medo de uma bolsa com manga. Eu respondi: 'Então, da próxima vez que houver uma ocorrência de suspeita de bomba, eu vou chamar você para abrir e meter a cara'”, observou.
O procedimento de desarmamento de bombas é muito delicado e exige experiência e cuidado, segundo o comandante.
“Mesmo com todo aquele procedimento, o operador sofre o risco. Ele tem todo o equipamento que vai apenas minimizar as lesões, mas, mesmo assim, ele está sujeito a ser lesionado e até morrer. O traje o protege parcialmente. É uma situação delicada”, explicou.
Além de desarmamentos de bombas, o batalhão está preparado para uma situação de nível maior, como as de terrorismo.
MidiaNews
Além de desarmamentos de bombas, a tropa está preparado para uma situação de nível maior, como o terrorismo
“Nosso batalhão está estruturado em duas companhias: a de Intervenção Tática e a Companhia de Intervenção Contra o Terrorismo. É nesta ultima que está o grupo de negociadores, que são formados para exercer tal função e atuar nas ocorrências classificadas como terrorismo”, disse.
“Até hoje, no Brasil, nós não tivemos ocorrências de terrorismo. Mas estamos preparados para atuar nessas situações, com armamentos, equipamentos e equipes preparadas para a ação, em que a negociação é muito mais delicada", completou.
Combate ao "Novo Cangaço"
Paralela a essas ações, o Bope criou uma nova vertente, que é o combate ao "Novo Cangaço", modalidade de crime em que assaltantes invadem pequenas cidades, fazem reféns - inclusive, policiais - e roubam principalmente bancos.
Para combater este tipo de crime, o Bope desenvolveu um curso de operações rurais.
“Depois que desenvolvemos esse curso, passamos a ter êxito nas ocorrências que aconteciam. Em Mato Grosso, estamos quase dois anos sem crimes dessa modalidade”, disse o coronel.
Faca na caveira
Muitas pessoas associam o slogan do Bope a algo estranho, mas o coronel Nildo afirmou que os símbolos não têm nada a ver com morte, nem superstições.
“Muitas pessoas não conhecem e associam a caveira à morte ou alguma coisa má. Mas, para a gente, a faca fincada na caveira tem um sentido de vitória sobre a morte".
Marcus Mesquita/MidiaNews
Muitas pessoas associam o slogan do Bope a algo estranho, mas o comandante José Nildo afirmou que os símbolos não têm nada a ver com morte
O oficial lembrou que a história conta que surgiu de um oficial americano que participou da libertação de vários judeus, em um campo de concentração na Alemanha nazista.
Comovido com a imagem de vários esqueletos espalhados pelo chão, ele fez um discurso para sua tropa e cravou a faca no crânio de um esqueleto. Em seguida, bradou: "Vitória sobre a morte!", no sentido de estar salvando as pessoas.
Diferencial
O comandante observou que o Bope precisa de pessoas que estejam totalmente voltadas pela para a causa, e que na sua tropa não há histórico de desvio de conduta.
“O nosso grande diferencial não é o equipamento, nem a unidade em si. É o treinamento”, disse.
“Nós não temos histórico de desvio de conduta, nós temos uma vigilância horizontal aqui dentro. Se o cara der uma vacilada, nós saberemos, porque nós temos uma vigilância constante com o companheiro”.
O Bope
O Batalhão de Operações Especiais a atua em Mato Grosso desde 1988, com a criação da Companhia de Operações Especiais (COE), criada com a finalidade de preencher a lacuna no combate ao crime organizado.
Com o desmembramento do Batalhão da 2ª Companhia (Rotam), em 2009, o Bope passou a ser constituído somente pelo efetivo remanescente da Companhia de Operações Especiais.
O batalhão aplica a doutrina do Comando de Operações Táticas (COT), da Polícia Federal.
O Bope de Mato Grosso é única unidade militar do país que forma atiradores de precisão, os “snipers”.
Segundo informações da unidade, o capitão Marcos Eduardo Paccola é considerado um dos melhores snipers do Brasil, e é instrutor no curso de atirador policial de precisão.
Paccola já treinou atiradores de elite para os estados de Rondônia, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Pernambuco, Piauí e Distrito Federal
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11 Comentário(s).
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wagner marinho 18.01.16 10h48 | ||||
Parabéns ao Ten Coronel por comandar Essa Força excepcional e temida por quem deve-se temer... Vá e vença e por Vencido não os Conheça! | ||||
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luiz alves 17.01.16 23h43 | ||||
Parabéns ao BOPE/MT, batalhão ímpar. Parabéns ao Ten Cel José Nildo pelo excelente comando, foi meu instrutor de armamentos e munições, sempre em alto nível e Parabéns por serem referência na instrução de SNIPER, que é realizada pelo Maj Paccola , que também foi meu instrutor de defesa territorial (novo cangaço). BOPE sempre evoluindo. | ||||
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CARLOS ALBERTO DE SOUZA SILVA 17.01.16 23h23 | ||||
Gostei muito desta reportagem sobre o BOPE da Policia do Estado de Mato Grosso, o que muito honra o nosso Estado, nosso Governo, o comandante do BOPE e em geral a policia militar do nosso País. Parabéns ao Tenente Coronel José Nildo e a todos os militares do BOPE da PM de MT. | ||||
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dauzanades 17.01.16 22h38 |
dauzanades, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |
Luciano 17.01.16 19h34 | ||||
Pelo que leio nas matérias, as polícias de MT são exemplares, magníficas, de alto preparo... No entanto, não entendo como a bocas de fumo proliferam, os roubos, furtos, saidinha de bancos, assaltos à luz do dia em ambientes movimentados crescem diuturnamente. Há algo que não se encaixa. | ||||
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