Cuiabá, Quinta-Feira, 26 de Junho de 2025
SEM BARREIRAS
02.06.2013 | 09h22 Tamanho do texto A- A+

Casal gay é mais diversificado que hétero, diz estudo brasileiro

Barreiras raciais e sociais que separam parceiros são menores

Reprodução

Homossexuais são mais tolerantes, por exemplo, com variações de idade

Homossexuais são mais tolerantes, por exemplo, com variações de idade

ESTADÃO
Quando o assunto é cor, idade e grau de escolaridade, os gays formam casais mais diversificados do que os heterossexuais. Estudo realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com base em dados do último Censo, revela que entre homossexuais as barreiras que separam os parceiros são menores.

Homossexuais são mais tolerantes, por exemplo, com variações de idade e mais da metade deles (58,59%) têm parceiros de uma outra faixa etária.

Nos casais formados por homem e mulher, a proporção é menor (45,96%). Outra característica é o chefe de família, o responsável pela casa, que tende a ser mais jovem entre gays (de 25 a 34 anos) ao passo que os heterossexuais são mais velhos (de 34 a 44 anos).

No caso de Cícero Rodrigues, de 56 anos, ele se tornou um chefe de família jovem se comparado ao seu parceiro de 84 anos, José Itoiz Sanches.

Os dois se conheceram em 1986 no Bar Caneca de Prata, no Largo do Arouche, região central de São Paulo, reduto da terceira idade gay da cidade. Desde aquela época, o ponto na Avenida Vieira de Carvalho reunia "tiozões" e jovens homossexuais que tinham em comum a atração mútua por pessoas do lado oposto da curva etária.

"Sempre gostei de coroas", diz Rodrigues, que há 12 anos é proprietário do Caneca. O perfil do bar, desde os anos 1980, mantém a tradição de mesclar faixas etárias, dos 18 aos 90 anos. "Jovem que gosta de coroa vai ao Caneca. Mas a maioria não sente atração por pessoas mais jovens ou da mesma idade", diz Rodrigues.

Pele. A integração de cor, embora seja reduzida em todos os casais brasileiros, é maior entre gays - 6,88% deles têm uniões de preto com branco, contra 3,88% dos heterossexuais.

Ex-presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis é pardo, descendente de índios e casado com um inglês. "Nós, gays, temos mais mistura na nossa comunidade", afirma.

Lula Ramires, de 53 anos, e Guilherme Nunes, de 27, não são só de gerações diferentes, mas também de grau de escolaridade. O mais velho tem doutorado em Educação e o mais jovem é bacharel em Análise de Sistemas. Os dois fizeram o primeiro pedido de conversão de união estável em casamento de pessoas do mesmo sexo no Estado, em 2011, na capital. O pedido foi negado. "Nós só conseguimos celebrar a união em março de 2012, em um cartório de Osasco", diz Lula.

Estudo. A análise dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre casais homossexuais foi feita pela economista Fernanda Fortes de Lena, que também trabalhou durante o Censo de 2010. "Os casais gays, devido a suas características de associação de cor e escolaridade, contribuem menos para a transmissão de desigualdades na estrutura social." O questionário não perguntava, porém, qual a orientação sexual das pessoas, mas tinha um item sobre o sexo do cônjuge ou companheiro.

Especialista em relações homoafetivas, a psicóloga Adriana Nunan diz acreditar em dois efeitos para a mistura maior entre os gays: a população reduzida dos homossexuais que limita as opções de escolha e a flexibilidade de quem está fora dos padrões de comportamento. "Os gays não precisam copiar o modelo dos heterossexuais. Eles criam suas próprias regras."

O antropólogo Luiz Mott, que se relaciona com um homem preto, enfatiza a posição eclética dos gays. "Os homossexuais são a única categoria social presente em todos os demais grupos minoritários."

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