Instalação de ônibus cor de rosa, exclusivamente para o transporte de mulheres, nas linhas que dão acesso a universidades e demais regiões onde as estatísticas apontam elevados índices de assédio e abuso sexual.
Essa foi uma das indicações feitas durante audiência pública que tratou sobre o tema: ‘Violência contra mulher e a cultura do estupro em Cuiabá, realizada nesta segunda-feira (17-04), na Câmara de Vereadores da Capital.
“Esse é um modelo que já vem dando certo em grandes centros, com o intuito de afastar aqueles que aproveitam da superlotação dos transportes púbicos para assediar mulheres nesses espaços coletivos. Além disso, penso que um ônibus cor de rosa circulando pela cidade, também é uma forma de chamar a atenção para essa temática”, disse o vereador Abílio Junior (PSC), que propôs a audiência.
Segundo o parlamentar, o debate foi realizado após o acesso aos índices de violência notificados contra mulher. Em 2016 Mato Grosso, conforme dados da Secretaria de Segurança, registrou 43.804 casos.
Desse total, foram 19.402 ameaças (verbal, psicológica, etc), 227 estupros, 9.795 lesões corporais e 91 homicídios.
Outro dado, apontado pelo Sistema de Registro de Agravos da Secretaria de Saúde, coloca Mato Grosso como o terceiro estado do país, com maior número de casos de estupro.
De acordo com o juiz da Vara Especializada de Violência Doméstica contra Mulher, Jamilson Haddad, esses números estão diretamente ligados à cultura ‘machista’ em que o país está inserido, bem como a fatores genéticos e neurolinguísticos.
“Além de sermos uma sociedade machista, em que o homem defende a honra matando a mulher. Em que uma criança, filha de pais violentos; que cresce em um ambiente cercado de atos agressivos como, gritar, brigar, ameaçar; acaba desenvolvendo uma personalidade violenta, acreditando que todo ato dessa natureza é normal”, explicou o juiz.
Além disso, pontou a defensora pública Rosana Leite, por mais elevados que sejam, esses dados ainda não refletem a realidade.
Pois, de acordo com ela, muitos casos não são notificados, em virtude de a mulher ainda ter medo de sofrer uma violência ainda maior.
“Muitas mulheres são presas – emocionalmente, psicologicamente e/ou financeiramente – a seus agressores. Por esses motivos, muitos casos ainda não são registrados. Por medo que elas, vítimas, têm de denunciar e acabar perdendo algum ‘apoio’ que esse agressor pode deixar de dar a ela”, esclareceu.
Outro ponto bastante citado na audiência foi sobre a necessidade de realização de palestras educativas e orientativas nas escolas públicas e privadas sobre o assunto, bem como a inclusão da disciplina de Educação Moral e Cívica na grade curricular obrigatória.
“O que percebemos é que falta, e muito, uma educação voltada para a não prática da violência. Nossas crianças e adolescentes têm que aprender desde cedo – da educação familiar, aos bancos das escolas – a respeitar ao próximo, a respeitar as diferenças e, principalmente, a respeitar a mulher”, disse a defensora pública.
Além do Poder Judiciário, da Defensoria Pública, também contribuíram para com a audiência a Universidade Federal de Mato Grosso e as Secretarias Municipal e Estadual de Assistência Social, de Saúde, de Justiça e Direitos Humanos.
Além da criação de linhas de ônibus específicas para mulheres e das palestras e readequação da grade curricular obrigatória das escolas, na audiência também foram propostas a reativação do Revive, priorização de mães solteiras nas vagas em creches, campanha publicitária sobre respeito à mulher.
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8 Comentário(s).
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André 20.04.17 13h03 | ||||
PREZADO SR. Abílio Junior (PSC), se os ônibus não fossem hiper LOTADOS não "existiria" esse tipo de situação contra as mulheres e todos os usuários (as) do transporte público não precisaria esconder o celular e carteira pra não serem roubados dentro dos ônibus. Precisa andar mais de ônibus. Vale elogiar a iniciativa de andar 01 vez, mas DESAFIO OS POLÍTICOS A ANDAR DE ÔNIBUS NO MINIMO DURANTE 03 MESES EM HORÁRIO DE PICO (deixar o carro de ferias "rsrs"), pois andar apenas 01 dia, me arrisco chamar de aventura. Essa atitude sim vai estimular a criatividade e produtividade dentro da Câmara e AL, pra realmente gerar uma SOLUÇÃO. Obrigado por ler. | ||||
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Junior 19.04.17 21h15 | ||||
Primeiro VG coloca uma Lei que autoriza MULHERES a pegarem ônibus e descerem fora dos pontos, como se apenas elas fossem vítimas de crimes e fecham os olhos para o fato de homens também serem vítimas de furtos, roubos, homicídios, latrocínio... Agora Cuiabá me vem com essa! É moda agora fazer política que PRIVILEGIA e da SUPER PROTEÇÃO um Gênero e vira as costas ao outro? Nossas Leis estão tratando TODOS os HOMENS como criminosos em Potencial! Absurdo! | ||||
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Jone Omero 19.04.17 18h50 | ||||
O que tem que melhorar é a segurança para todos e não só para as mulheres O poder publico em vez de investir em segurança e educação para acabar com a bandidagem fica inventando soluções paliativas. | ||||
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Angello 19.04.17 16h22 | ||||
Além de possuirmos um número precário de coletivos na cidade, ainda será separado alguns para dar exclusividade? isso é um absurdo, e o pai de família que precisa chegar em casa com a janta de seus filhos? não poderá chegar a tempo, porque não terá ônibus em que este possa se locomover, e o estudante que sai de sua aula as 22:30 da noite, correndo riscos pela falta de segurança nas ruas, terá que aguardar até que possa se locomover em um coletivo que seja para todos. Promover a segurança sim, mas agir de forma que forneça privilégios para uma classe e para outra traga dores de cabeça é sacanagem, tudo tem que ser repensado, pois, se prestassem mais atenção na falta de segurança nas ruas, não existiria este tipo de problema. | ||||
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bruna 19.04.17 15h58 | ||||
isso coloca ônibus rosa, pra saber que lá estão todas mulheres, para o índice aumentar mais ainda. Meu jesus, se não for ajudar não piora! | ||||
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