Cuiabá, Sábado, 2 de Agosto de 2025
HOMOFOBIA EM ALTA
01.10.2014 | 14h00 Tamanho do texto A- A+

Cuiabá tem maior índice de assassinatos de gays, diz estudo

De acordo com os dados, na capital de Mato Grosso, os gays são os mais atingidos (59%), seguidos por travestis (35%) e lésbicas (4%)

MidiaNews

Estudo aponta que Cuiabá é a capital com mais registro casos de violência contra homossexuais do Brasil

Estudo aponta que Cuiabá é a capital com mais registro casos de violência contra homossexuais do Brasil

MAX AGUIAR
DA REDAÇÃO
Cuiabá é a capital com maior registro de casos de violência contra homossexuais do Brasil.

De acordo com dados da Universidade Federal da Bahia, divulgados pelo jornal O Globo, nesta semana, o índice é de 0,03 homicídios por mil habitantes.

Conforme o levantamento, na capital de Mato Grosso, os gays são os mais atingidos (59%), seguidos por travestis (35%) e lésbicas (4%).

A homofobia, que ainda não é considerada crime no país, provocou pelo menos 216 assassinatos de janeiro até o dia 21 de setembro deste ano, de acordo levantamento do Grupo Gay da Bahia, que, na ausência de informações oficiais sobre uma prática que não é discriminada nos boletins de ocorrência, é referência sobre o tema no país.

Segundo o grupo, em 2013, o número de assassinatos no Brasil chegou a pelo menos 312 — o que corresponde a uma morte a cada 28 horas.

Em 2012, foram no mínimo 338 vítimas, entre travestis, gays e lésbicas. Os números, coletados pelo pesquisador Luiz Mott, da UFB e do Grupo Gay da Bahia, são baseados em registros policiais e notícias, dada a inexistência de estatísticas oficiais.

A homofobia, que ainda não é considerada crime no país, provocou pelo menos 216 assassinatos de janeiro até o dia 21 de setembro deste ano, de acordo levantamento do Grupo Gay da Bahia, que, na ausência de informações oficiais sobre uma prática que não é discriminada nos boletins de ocorrência, é referência sobre o tema no país.

Segundo o grupo, em 2013 o número de assassinatos chegou a pelo menos 312 — o que corresponde a uma morte a cada 28 horas. Em 2012, foram no mínimo 338 vítimas, entre travestis, gays e lésbicas. Os números, coletados pelo pesquisador Luiz Mott, da Universidade Federal da Bahia e do Grupo Gay da Bahia, são baseados em registros policiais e notícias, dada a inexistência de estatísticas oficiais.

De acordo com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, que baseia suas estatísticas em denúncias do Disque 100, foram registradas 337 denúncias relativas à homofobia apenas entre janeiro a abril deste ano, o equivalente a mais de duas por dia. São Paulo é o primeiro disparado, com 97 registros (28% do total), seguido por Minas, com 31 (9%).

Em 2013, foram 1.695 denúncias pelo Disque 100, sendo 745 de janeiro a abril. Em 2012, houve um pico de 3.017 denúncias, quase o triplo de 2011, quando foram registradas 1.159 queixas.

Segundo o fundador do Grupo Gay da Bahia, o antropólogo Luiz Mott, 44% dos crimes homofóbicos do mundo acontecem no Brasil.

"O Brasil é um dos países onde mais se matam gays no mundo. Perdemos apenas para o Irã e outros países islâmicos. O principal motivo é a falta de educação cultural"

“O Brasil é um dos países onde mais se matam gays no mundo. Perdemos apenas para o Irã e outros países islâmicos. O principal motivo é a falta de educação cultural. A homofobia governamental também é uma questão a ser debatida”, disse Mott ao MidiaNews.

O arquivamento do projeto de lei enviado para o Palácio Itamaraty que transformava em crime a homofobia causou muitas críticas por parte dos grupos LGBT’S do país.

“A presidente Dilma (Rousseff do PT) vetou todos os projetos de criminalização da homofobia. E só agora que ela está defendendo isso? Será que é porque é período de campanha?”, questionou o fundador do grupo baiano.

Falta de respeito


Em Cuiabá, Alexsanders Virgulino da Silva, 38, presidente da Organização da Não Governamental (ONG) Livre-Mente, trata os assuntos de crimes contra homossexuais como uma falta de educação e respeito ao próximo.

"Não é porque somos uma minoria que queremos ficar sem pagar impostos ou algo do gênero. O que precisamos é de respeito"

“Não é porque somos uma minoria que queremos ficar sem pagar impostos ou algo do gênero. O que precisamos é de respeito. Isso deve ser tratado em sala de aula, em televisão, em cartilhas e palestras. Até cartilha de orientação de saúde para gays foram retiradas de circulação. Assim não teremos nunca o respeito devido”, afirmou ao MidiaNews.

Alexsanders ainda comentou sobre o caso de políticos não respeitarem a orientação sexual público LGBT.

“É praticamente uma dor para o público homossexual ver e ouvir pessoas nos tratando desse jeito. Políticos falando para milhões de pessoas sobre pensamentos fúteis sobre nosso respeito. De verdade, se o comentário dele fosse contra o público negro, com certeza, já tinha sido punido”, afirmou o presidente da Livre-Mente.

Luiz Mott também repudiou o ato do candidato Levi Fideliz (PRTB), durante o debate da TV Record, no último domingo (28).

“A homofobia cultural do Brasil é irmã do machismo e é estimulada pelas igrejas e pela omissão governamental, contamina como um câncer a opinião até de candidatos que pretendem presidir o Brasil. Isso aconteceu com Levi Fidélix. Inclusive, a OAB entrou com uma decisão para ele ter a candidatura cassada. Com certeza, alguma providência precisa ser tomada”, disse Mott.

Caso Ikaro

Na região metropolitana de Cuiabá, só neste ano, seis homossexuais já morreram.

A capital mato-grossense só fica atrás de Maceió (Alagoas), que registrou sete homicídios.

O último caso foi de um travesti morto na região do quilômetro Zero, em Várzea Grande. Ele foi assassinado a tiros por homens que passaram de moto. O motivo do crime ainda não foi divulgado.

Porém, um dos casos que mais chamaram atenção da Polícia e das ONGs foi contra o jovem Ikaro Patrick Marques, 21.

"O debate LGBT e o combate à homofobia não podem ser assuntos moral e religioso, têm que ser um assunto político"

Ele foi brutalmente assassinado no mês de maio, no bairro Praeirinho, em Cuiabá.

Até hoje, a Polícia Civil não encontrou o autor do homicídio. Ele teve o rosto desfigurado em virtude do espancamento que sofreu.

De acordo com uma amiga, o jovem não tinha inimigos, nem era usuário de drogas.

“Espancaram e mataram meu amigo sem ninguém saber o motivo. Ele era negro e homossexual, acho que esses foram os motivos primordiais”, afirmou.

Alexsanders da Silva afirmou que praticamente todos os casos contra homossexuais não são desvendados.

“Os órgãos de segurança parece que tratam com desdém os casos contra gays. Não conhecemos nenhum caso de alguém que tenha matado algum gay que tenha sido preso. Por quê?”, questionou o presidente da ONG Livre-Mente.

Para Luiz Mott, para crimes como o de Ikaro deixarem de acontecer o assunto precisa ser tratado como política.

“O debate LGBT e o combate à homofobia não podem ser assuntos moral e religioso, têm que ser um assunto político”, completou.

Dados

De acordo com o levantamento da UFB e do Grup Gay da Bahia, a região com mais casos é o Nordeste — que concentra 43% — e a capital com mais casos por habitante é Cuiabá, com 0,03 homicídios por mil habitantes . Os gays são os mais atingidos (59%), seguidos por travestis (35%) e lésbicas (4%).

De acordo com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, que baseia suas estatísticas em denúncias do Disque 100, foram registradas 337 denúncias relativas à homofobia apenas entre janeiro a abril deste ano, o equivalente a mais de duas por dia.

São Paulo é o primeiro disparado, com 97 registros (28% do total), seguido pro Minas, com 31 (9%). Em 2013, foram 1.695 denúncias pelo Disque 100, sendo 745 de janeiro a abril. Em 2012, houve um pico de 3.017 denúncias, quase o triplo de 2011, quando foram registradas 1.159 queixas.

Um relatório da secretaria divulgado em 2013 e relativo a 2012 revela que 9.982 violações de direitos humanos foram cometidas contra 4.851 vítimas LGBT. No levantamento anterior, de 2011, foram 6.809 violações contra 1.713 vítimas. Os dados mostram ainda que, em 47,3% dos casos, os denunciantes não conheciam as vítimas. Mais de 71% das vítimas são do sexo masculino e mais de 61% têm de 15 a 29 anos.

Um relatório da secretaria divulgado em 2013 e relativo a 2012 revela que 9.982 violações de direitos humanos foram cometidas contra 4.851 vítimas LGBT.

No levantamento anterior, de 2011, foram 6.809 violações contra 1.713 vítimas. Os dados mostram ainda que, em 47,3% dos casos, os denunciantes não conheciam as vítimas. Mais de 71% das vítimas são do sexo masculino e mais de 61% têm de 15 a 29 anos.

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COMENTÁRIOS
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julio santos  02.10.14 08h08
Gabriel, com certeza devemos respeitar a todos, independente de suas práticas (imundas ou não). Agora, dizer que somos todos iguais, aí não! Não mesmo.
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Clovis Arantes  01.10.14 23h36
È estranho como as pessoas se posicionam diante da violencia, na grnade maioria transformam as vitimas em responsaveis por ter sofirdo a violencia, é como quando uma mulher é agredida e uma outra pessoa atribui a ela ter provocado a violencia...sera que alguem pede para sofrer violencia?
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junior  01.10.14 19h42
Olha só, acho que esses números apresentados, estão no superlativo; vejam esse crime de ontem não foi um crime de homo fobia, qualquer pessoa que estivesse naquele momento seria morto, independente de que orientação sexual tivesse. E depois tem latrocínio, desentendimentos de toda ordem, briga entre familiares, e todos vão pra contabilidade da homofobia. deve ser repensado esses números.
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Izaque Fernandes  01.10.14 17h32
Leia o 4° parágrafo, Paulo Silva. A matéria fala de homofobia.
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Paulo Silva  01.10.14 17h22
O QUE A REPORTAGEM NÃO FALA É QUE A MAIORIA DOS ATAQUES DITOS HOMOFÓBICOS, E MESMO MORTE FORAM CAUSADOS POR SEUS RESPECTIVOS PARCEIROS FIXO OU NÃO. PORTANTO OUTRO LGBT. PORQUE A PESSOA QUE RELACIONA COM OUTRO HOMO, É TAMBEM HOMOSEXUAL OU SEJA LÁ OQUE FOR, NÃO ESTOU NEGANDO QUE HA PESSOAS QUE ATACAM GAYS OU TRANSGENEROS POR HOMOFOBIA E DEVE SER PRESO E PAGAR PELOS SEUS ERROS, COMO TAMBEM DEVE SER PRESO QUEM ATACA E MATA UM CIDADÃO QUE NÃO SEJA HOMOSEXUAL OU TRANSGENERO, A QUESTÃO AQUI É A VIOLENCIA QUE NÃO DEVE SER ACEITA SEJA CONTRA HOMO OU HETERO.
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