JAD LARANJEIRA
DA REDAÇÃO
O estudante de Engenharia Civil da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Luiz de Carvalho e Leventi, de 20 anos, encontrou no Muay Thai a força necessária para vencer o bullying que sofria desde criança por estar acima do peso.
Depois que começou a praticar a luta, há três anos, o jovem que pesava 118 quilos conseguiu emagrecer 32.
A dedicação para perder peso o levou a outros patamares no esporte. Em outubro, ele participou do Campeonato Brasileiro de Muay Thai, em Campo Grande e conquistou a medalha de ouro na categoria até 86 quilos.
Com o objetivo de emagrecer cumprido, Luiz agora sonha em ser um atleta profissional.
Em entrevista ao MidiaNews, o estudante contou que o interesse pela arte marcial aconteceu meio que por acaso, quando começou a ir numa academia pequena, no bairro onde mora, em Cuiabá.
"Eu entrei pra emagrecer, não tinha interesse em esportes, mas acabei indo parar no tatame e conheci o Muay Thai. Em um mês o professor gostou da minha evolução, mas eu precisei parar após 2 meses de treino para estudar para o Enem, então fiquei um ano sem treinar”, afirmou.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Luiz de Carvalho levou ouro em duas categorias no Muay Thai
Foi somente em dezembro de 2017, que ele decidiu pegar firme nos treinamentos e participar dos torneios.
O primeiro desafio já veio logo de cara. O Campeonato Estadual já estava marcado para janeiro e Luiz precisava perder 10 quilos em duas semanas para poder participar.
Com muito esforço, ele conseguiu baixar o peso e se consagrou campeão na categoria até 91 quilos, após nocautear dois adversários.
“Foi sofrido pra caramba, mas consegui. Esse primeiro lugar me deu vaga para disputar o Campeonato Brasileiro por Mato Grosso", disse.
Para o Brasileiro em Campo Grande, no entanto, Luiz teve que se dedicar ainda mais para perder mais de 18 quilos em 30 dias.
No final, ele chegou ao peso ideal, 86 quilos e conquistou a medalha de ouro da categoria.
No campeonato, ele ainda chamou a atenção dos esportistas e foi convidado para disputar o Mundial, que acontecerá em março de 2019, na Tailândia.
Para isso, porém, o jovem precisa de apoio financeiro.
Bullying e preconceito
Ainda quando era criança, Luiz sofria por ser acima do peso, e tudo isso o fez acreditar que não seria capaz de um dia praticar qualquer esporte ou artes marciais, dos quais ele sempre admirou.
“Eu sempre fui gordinho, desde criança, e meu interesse pelas artes marciais começou quando eu tinha 12 anos, quando quis fazer Taekwondo no colégio”, disse.
Segundo ele, foi a partir daí que começaram os preconceitos e o bullying na escola, o que fez com que largasse a paixão pelas artes marciais.
“Eu era gordinho e as pessoas quando me viam praticando, falavam para eu largar, porque eu era muito pesado, gordo, e que eu não ia dar conta, e isso sempre ficou na cabeça. O tempo passou e eu fiz o Taekwondo até os 14 e depois parei, não dei bola mais para essas coisas”, contou.
Quando começou a ir nas aulas de Muai Thay, as lembranças da infância o fizeram ficar na dúvida se deveria ou não prosseguir.
Arquivo pessoal
Luiz quando perdeu peso para participar de campeonato brasileiro
“Eu senti e lembrei de como foi no Taekwondo e pensava: ‘será que eu sou mesmo capaz de fazer isso?’”, recordou.
Mas os pensamentos negativos não foram suficientes para fazer com que o cuiabano desistisse de seu sonho.
“Quando eu subi no ringue pela primeira vez e consegui nocautear na primeira luta, eu cai no choro. E no campeonato brasileiro foi assim também, chorei no ombro do meu mestre. Vencer o campeonato brasileiro e estar subindo degraus agora, pra mim é uma superação pessoal muito importante”, afirmou.
“Hoje meu objetivo é outro, já consegui emagrecer, agora eu estou pelo amor ao esporte. O emagrecimento hoje é uma consequência, quando a gente está treinando bem forte, acaba perdendo peso”, disse.
Segundo Luiz, o foco é treinar e participar de lutas suficientes que o leve para a categoria profissional do Muay Thai.
Falta de patrocínio
A falta de patrocínio sempre foi o principal desafio para os atletas mato-grossenses, e não é diferente com Luiz.
Ele e a equipe de treinamento estão realizando rifas, vendendo pizzas, e contando com o apoio de quem se solidariza, para custear com as despesas das passagens e o hotel para os dias que ficarão na Tailândia.
O cuiabano revela que chega a ser de certa forma “chato” ter que depender da boa-fé de amigos e familiares, ou até mesmo desconhecidos, quando o Governo do Estado poderia fazer o mesmo, ou até melhor.
Além dele, outros três atletas do Estado também devem participar do campeonato Mundial e estão correndo atrás de patrocínios.
“Com ou sem o auxílio do Governo, a gente vai levar a bandeira do Brasil, mas porque a gente gosta, porque somos daqui e queremos representar o nosso País, só que o Governo não ajuda, e a gente está indo representar, estamos com a bandeira no peito lutando pela pátria. Acho que o mínimo que o Governo pode fazer é dar um auxilio não só para o Muay Thai, mas para qualquer outro esporte que vão lá pra fora representar o País”, criticou.
“Queria fazer um apelo para os empresários, porque eu sei que tem muitos que gostam da causa, porque as vezes pensam que não tem como ajudar, mas o pouco que vocês derem já ajuda muito, nem que seja com materiais de treino, qualquer coisa”, pediu.
