Cuiabá, Domingo, 15 de Junho de 2025
HISTÓRIAS DO FUTEBOL
19.02.2023 | 11h33 Tamanho do texto A- A+

De patrocinador a dono do Cuiabá: a trajetória de Manoel Dresch

Empresário, que morreu há uma semana, foi uma das peças fundamentais na ascensão do Dourado

Reprodução/Redes sociais

O empresário Manoel Dresch ao lado do ex-jogador Gaúcho

O empresário Manoel Dresch ao lado do ex-jogador Gaúcho

ANGÉLICA CALLEJAS
DA REDAÇÃO

A morte do empresário Manoel Dresch, aos 66 anos, colocou fim a uma trajetória fundamental na história recente do futebol mato-grossense. Graças a ele, seus irmãos e filhos, pela primeira vez um time do Estado conseguiu chegar a até então impensável Série A do Brasileirão.

O interessante foi que o Cuiabá já foi campeão no primeiro ano que a Drebor patrocinou

 

O empresário morreu na semana passada depois de lutar contra um câncer no cérebro. 

 

Apesar de o Cuiabá ter sido fundado já no século XXI, para contar a história do time - e sua relação com Dresch -, é preciso voltar ao início da década de 80 do século passado.

 

Foi naquela época que Manoel, um catarinense nascido em São Carlos, desembarcou em Várzea Grande, onde iniciou os negócios com a família.

  

Segundo Cristiano Dresch, um dos filhos, que hoje ocupa o cargo de vice-presidente do clube, os negócios sempre foram um tino da família Dresch. 

 

De início, contou ele, a família montou uma pequena empresa de recapagem de pneus, que serviu de rascunho para a criação, em 1989, da Drebor, hoje a principal patrocinadora do Dourado e nome fortemente associado ao time. 

 

“Quando meu avô [pai de Manoel] chegou em Mato Grosso, ele abriu uma recapadora de pneus, e desde essa época ele já tinha um time da empresa. A gente participava desses campeonatos de bairro… Sempre gostamos de futebol”.

 

“Na época quem criou [a Drebor] foi meu pai, uma tia minha, dois irmãos do meu pai - um deles o Aron, que é presidente da Federação [Mato-grossense de Futebol] - e meu avô”, contou.

 

Foi então que, em 2003, com o Cuiabá recém-chegado no mundo do futebol profissional, que Manoel teve a ideia de patrocinar o clube, que até então era propriedade de Luís Carlos Tóffoli, o "Gaúcho", ex-jogador profissional, com passagens por Flamengo e Palmeiras, e fundador do Dourado. 

 

“Meu pai tinha um amigo que era muito amigo do "Gaúcho", o [empresário] Valdir Piran, que o apresentou ao meu pai. Na época, meu pai viu como uma oportunidade de divulgar a Drebor”.

 

“Por gostar de futebol, a gente já tinha patrocinado o futebol amador. Patrocinava o Family, time que foi campeão do Peladão duas vezes", recorda Cristiano, referindo-se ao campeonato amador realizado na Capital.

 

“O interessante foi que o Cuiabá já foi campeão no primeiro ano que a Drebor patrocinou. Daí com certeza motivou a gente a continuar nos outros anos”.

 

Porém, em consequência dos altos e baixos na trajetória do time e a falta de sintonia entre Manoel e Gaúcho, a Drebor acabou por cortar o patrocínio no final de 2005. 

 

Entre 2006 e 2008, o Cuiabá anunciou o licenciamento de suas atividades alegando falta de recursos. E foi em 2009 que teve início a “Era Dresch” após parte do clube ser comprada pela família.

 

“O time já não era mais do Gaúcho. Era de dois irmãos sócios dele na época em que o Cuiabá foi fundado, o Neto e William Nepomuceno. E aí o Cuiabá jogou a Taça São Paulo de Futebol Juniors em janeiro de 2009, e a gente ajudou”.

 

“Esse patrocínio reaproximou a gente deles. Então meu pai falou: 'Chama o Neto aqui. Vamos comprar o Cuiabá deles”. Assim, foram 12 anos de intensas disputas pelas Séries D, C e B, até o clube alcançar a elite do futebol brasileiro em 2020.

Agif/Folhapress

Cuiabá vitória

Jogadores do Cuiabá comemoram gol pela Série A do Brasileirão de 2022

 

Desde a época que o Cuiabá foi adquirido por Manoel Dresch, o time não parou mais de crescer.  Entre os anos de 2011 e 2022, o Dourado ganhou nada menos que nove campeonatos mato-grossenses (2011, 2013, 2014, 2015, 2017, 2018, 2019, 2012 e 2022).

 

O time ainda foi bi-campeão da Taça Verde, nos anos de 2015 e 2019.

 

Mas o grande salto aconteceu entre os anos de 2018 e 2020, quando o Dourado deixou de ser um time da terceira divisão, a Série C, para integrar a elite do futebol brasileiro na Série A.  

 

“Eu acho que [deu certo] principalmente por eles acreditarem. Meu pai, meu tio, minha tia, que já faleceu também. Eles acreditavam que podia dar certo e colocaram o dinheiro deles. É muito difícil achar alguém que tenha essa coragem”.

 

“Tudo que ele fez na vida sempre foi um sonho dele. Nós estamos em um estado pequeno que está na Série A… É um legado gigante. E o Cuiabá ainda tem muito pra crescer. A gente tem bastante coisa para fazer ainda, mas o legado construído e deixado por eles é muito grande”.

 

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2 Comentário(s).

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jose murtinho  19.02.23 16h01
Legal, mesmo. Uma vez fui na sede da Deborah, que tem um campo de futebol bem cuidado. Parabéns à família por gostar e investir tanto no esporte.
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Julio Jose de Campos  19.02.23 14h25
Realmente o Manoel Dresch merece todas as nossas homenagens postumas.Pois além de acreditar e apoiar o esportes, consegui com apoio de toda familia,levar o Cuiabá, a participar do tão sonhado Campeonato Nacional. os nossos sentimentos pela grande perda para o Desportos de Mato Grosso.
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