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PRESO NO RIO
25.07.2018 | 17h23 Tamanho do texto A- A+

"Ele mentia sobre tratamento", diz ex-paciente do "Dr. Bumbum"

Mulher que não quis se identificar ainda disse que não viu os resultados prometidos

Reprodução

O médico Denis Furtado, que foi preso pela acusação de participação na morte da bancária Lilian Calixto

O médico Denis Furtado, que foi preso pela acusação de participação na morte da bancária Lilian Calixto

DO EXTRA

Há cerca de 3 anos, uma moradora de Brasília, que prefere não se identificar, conheceu o médico Denis César Barros Furtado, o Doutor Bumbum, pelas redes sociais.

 

Encantada com os resultados "milagrosos" que ele postava na internet, X. entrou em contato com sua equipe para fazer tratamento ortomolecular e implantar um chip hormonal.

 

Durante a consulta, porém, o médico, preso acusado de provocar a morte de uma paciente após um procedimento em um apartamento na Barra da Tijuca, a convenceu de fazer também terapia neural para tratar traumas da infância.

 

“Eu me senti intimada. Ele me perguntou se eu tinha sofrido trauma de infância, se já havia sido abusada e, no fim, me recomendou fazer a terapia neural. Parecia que usava alguma técnica de persuasão. Saí de lá me achando uma doente e topei fazer o que ele me indicou”, relata ela, que desistiu do tratamento ortomolecular por causa do preço.

 

A paciente também pensou em iniciar a dieta com o hormônio HCG, mas voltou atrás porque começou a desconfiar de Denis.

 

“Não vi os resultados prometidos. Pelo contrário, minha voz engrossou e começaram a crescer pelos. Nada disso me foi informado antes. Ele iludia as pessoas, mentia sobre os tratamentos. Não sabia responder nada do que eu perguntava ou respondia muito vagamente. Desde que coloquei o chip, não tive nenhum acompanhamento, nenhuma orientação, o que seria normal. Denis me pediu exames que nunca chegou a ver. Dizia que não era necessário”, afirmou.

 

Ao total, X. disse que gastou R$ 10 mil com os tratamentos, mas não recebeu comprovante de nenhum desses pagamentos. Segundo ela, o médico não emita notas fiscais. A paciente também chegou a dar um cheque para comprar o HCG.

 

“Eu pedi muitas vezes o cheque de volta, mas eles não me devolveram. Precisei ligar para o banco para que cancelassem. Ainda assim, três meses depois, eles tentaram depositar o cheque na data prevista”, lembra.

 

Outra questão que levantou a suspeita de X. foram as condições da clínica. Ela conta que não havia lavatório, e que os materiais cirúrgicos eram descartados numa lixeira comum. “Parecia clínica clandestina”, relata.

 

Ainda de acordo com a paciente, Denis criou um grupo no aplicativo de mensagens Whatsapp com clientes, admiradoras e a equipe dele, onde o médico falava sobre os procedimentos. Segundo ela, quando alguma integrante questionava ou suspeitava do tratamento, o médico a excluía do grupo.

 

“Tive impressão ruim dele desde o início, mas acredito que fui convencida pelo grande marketing que ele fazia”.

 

Além de procedimentos estéticos, o médico realizava tratamentos clínicos sem comprovação científica, cobrando preços altos e submetendo pacientes a constrangimentos.

 

Uma paciente de 27 anos, que pediu anonimato, contou ao GLOBO que foi submetida a métodos de Termografia, ES Complex e Terapia Neural para evitar um câncer. Em Brasília, o “Doutor Bumbum foi denunciado por procedimento de “cura neural”. O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) cassou o registro médico de Furtado em um processo ético-profissional, mas ainda cabe recurso.

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ioni ferreira castro  26.07.18 07h18
mas todas tem que esperar acontecer uma fatalidade para fazer a denuncia. Ninguém foi la e denunciou, inclusive se submeteram aos absurdos que ele cometia.
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