Cuiabá, Quinta-Feira, 26 de Junho de 2025
ARTE NO CERRADO
23.03.2025 | 08h00 Tamanho do texto A- A+

"Em 10 anos, MT será um dos principais polos de cinema do país"

Cineasta Marcelo Biss reflete sobre os talentos e o principal ativo de MT: a luz natural

Victor Ostetti/MidiaNews

Cineasta Marcelo Biss, que atua no audiovisual há cerca de quatro décadas

Cineasta Marcelo Biss, que atua no audiovisual há cerca de quatro décadas

ANDRELINA BRAZ
DA REDAÇÃO

Com quase 40 anos de carreira e 20 no audiovisual mato-grossense, o cineasta Marcelo Biss coleciona premiações nacionais e internacionais em seu currículo. Com ampla experiência, ele faz uma reflexão e projeta o Estado como um futuro polo cinematográfico nacional.

 

Nosso principal ativo, e eu sempre falo isso como diretor de fotografia, é a luz natural

Com maior atuação em direção fotográfica, o cineasta acredita que Mato Grosso possui uma identidade própria em suas produções, o que pode ser observado por meio da captação de imagens. Em um estado conhecido pela alta incidência de luz solar, Marcelo vê a região como capaz de destacar cores e dar textura para as produções.

 

“Mato Grosso tem várias características. Eu acho que a gente tem muita história para contar. Nosso principal ativo, e eu sempre falo isso como diretor de fotografia, é a luz natural”, diz.

 

“Mato Grosso tem uma das melhores luzes para se filmar no Mundo. Os contínuos, com a partícula da poeira, no período da seca, dão uma textura na luz...”

 

Com produções de destaque em mostras e festivais internacionais, bem como as novas produções em andamento, como Tereza de Benguela e Mãe Bonifácia, o Estado apresenta uma diversidade de histórias para contar.

 

Para Marcelo, as diferentes histórias encontradas pelo território mato-grossense são um dos principais pilares do crescimento audiovisual, já que possibilitam a diversos coletivos do interior a realização de suas próprias produções.

 

“De alguns anos para cá, o volume de produção aumentou, democratizou mais. Mais pessoas filmando, mais o interior está filmando, mais pessoas jovens filmando. O barato é esse”

 

 

 

 

Coletivos cinematográficos 

 

Com novos grupos sociais criando histórias, surgiram também novos coletivos de produção cinematográfica, como o Quariterê, focado na produção de obras com protagonismo negro, a Associação MT Queer, que aborda histórias LGBT, Xingu Filmes, que celebra obras produzidas por indígenas do Xingu, entre outros.

 

“Nós já não devemos mais nada para o mercado de fora. As pessoas me chamam de exagerado por esses discursos. Eu realmente afirmo isso, conhecendo o mercado nacional, tendo saído desse mercado. Acho que temos amadurecido muito. No cinema, estou muito feliz com os resultados que estamos colhendo, com os filmes que temos produzido e com os grupos que estão se formando”, comemora.

 

 

 

 

Novas produções 

 

Para o cineasta, diretoras, roteiristas e produtoras como Bárbara Varela, Carol Araujo e Juliana Capilé personalizam o crescimento cinematográfico no Estado.

 

“O talento, a capacidade, a paciência para se decifrar coisas, mais roteiros novos, escritoras incríveis, entendeu? Acho que a revolução [do cinema regional] está dentro disso, pelo comando e pelo protagonismo feminino”.

 

“O protagonismo feminino no centro do cinema é impressionante. A gente está sendo liderado, na sua grande maioria, por mulheres. Mulheres incríveis que fazem cinema de alta qualidade, muita sensibilidade, como produtoras executivas e diretoras”.

 

Potencial mato-grossense

 

 

 

Para Marcelo, toda essa junção de fatores contribui para o crescimento do mercado audiovisual, que caminha para se firmar como um polo de produção de destaque no país, diz ele. Seja por meio das histórias, do cenário ou da qualidade dos profissionais que se formam aqui.

 

“Algumas pessoas me chamaram de exagerado. E eu gosto desse exagero, porque esse exagero faz uma provocação. Em dez anos, seremos um dos principais polos de cinema do Brasil. Está tudo aí, é só olhar para o nosso quintal”.

  

Foi com esse olhar "exagerado" e otimista que Marcelo e a diretora executiva Bárbara Varela idealizaram a produtora Cinema Paralelo 15, que, com cerca de uma década, coleciona obras de destaque e participações em festivais internacionais.

 

Para além das obras produzidas, a produtora tenta encontrar novos nomes de destaque por meio de trabalhos sociais envolvendo alunos de escolas públicas da Capital.

 

“O cinema, o audiovisual, deveria ser matéria. Matéria fundamental no currículo escolar do Ensino Médio. Porque é tão diverso, é tão incrível... Você lida com matemática, você lida com física, com literatura, com história, com todas, todas”

 

“Ali surge a Paralelo 15, com um objetivo que eu coloquei: formação de profissionais”.

 

Para dar continuidade a este trabalho, a equipe da Paralelo idealiza uma nova edição do Box de Cursos, focado na profissionalização de pessoas que buscam atuar no audiovisual.

 

“Vai começar agora em abril, para algumas pastas. Uma das pastas é de direção de fotografia. Vai ter um curso, vou falar o conceito, resenhar muito, filosofar muito. Ainda eu acho que está faltando o olhar [nas produções locais]. E é esse olhar que, nesse próximo curso que a Paralelo está dando, a gente vai trabalhar”. 

 

 

 

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