Em 8 de abril de 1975, Cuiabá completava 256 anos de criação. No mesmo dia, o físico José Mário Amiden, deixou os moradores da cidade surpresos quando fez badalar o sino de cerca de três toneladas da Catedral usando um sistema de laser.
É o que ele contou ao MidiaNews. Amiden disse que se posicionou no antigo Clube Dom Bosco e, através de um circuito eletrônico que também foi montado na Catedral de Cuiabá, conseguiu concluir o "experimento" quando os cuiabanos da pacata cidade ouviram o badalar do sino.
Amiden se lembra a hora exata em que tudo aconteceu: era 19h30 de quinta-feira. Cerca de 750 metros separavam o antigo Clube Dom Bosco e a Catedral.
Entre os convidados à presenciar o feito estava o vice-governador da época, José Monteiro de Figueiredo. O político nascido em Nossa Senhora do Livramento também era médico e conhecido como "Dr. Zelito".
"Foi uma tentativa de mostrar à sociedade cuiabana o que era um laser. A igreja estava fechada e o sino começou a badalar, os carros que passavam na Avenida Getúlio Vargas pararam para ver o que estava acontecendo. Como a fumaça deles [dos veículos] subiu aos céus, foi possível ver feixes de luz do laser vermelho", afirmou.
Com a cabeça fervilhando de ideias para novas invenções, Amiden, naquela época, ainda era apenas um estudante de física da UFMT.
Ele dá risadas ao contar que àqueles que presenciaram a cena, digna de filmes de ficção, ficaram "estupefados".
"Uns entenderam, outros não. Aquele feixe de luz que ia do Clube Dom Bosco até a Catedral projetado no céu. Aquele pedaço de luz foi muito emocionante", disse.
Para conseguir executar o circuito eletrônico, Amiden buscou ajuda da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Naquele mesmo ano, ele esteve em um dos laboratórios da instituição.
"Quando colocamos um gás no interior de um tubo e fazemos passar corrente elétrica, a tendência é emitir luz, coloquei laser hélio e neônio, nos extremos desse tubo coloquei dois espelhos, sendo que um era menos espelhado que o outro, por esse menos espelgado a luz rompeu e foi projetada no espaço. A técnologia de fazer a fonte foi minha, mas para o tubo contei com ajuda da Unicamp", contou.
Carro movido a hidrogênio
Reprodução
Amiden participou de pesquisa que desenvolveu primeiro carro movido a hidrogênio do Brasil
Na década de 70, Amiden também foi responsável pela criação do primeiro carro movido a hidrogênio do Brasil. A pesquisa desenvolvida na UFMT foi inédita e o objetivo era contribuir no avanço dos estudos sobre energia alternativa.
Na mesma época foi implatando o Centro de Apoio Tecnólogico de Mato Grosso (CAT-MT).
O professor ainda desenvolveu pesquisas sobre o gasogênio, equipamento que produz gás combustível para alimentar motores de combustão interna.
O então Ministro de Minas e Energia, coronel César Cals, esteve em Cuiabá, e andou no carro movido a hidrogênio criado por Amiden.
Agora com Cuiabá completando 302 anos, a história do professor mostra como a "Cidade Verde" sempre foi berço de personalidades visionárias, tal qual Amiden, que na década de 70 já se aventurava em estudos sobre lasers e energia alternativa.
Neste ano, o professor chegou a ficar 28 dias internado, sendo 11 deles na UTI, por conta de uma infecção generalizada após cirurgia no intestino.
Já em casa e se recuperando, Amiden comemora por estar vivo para poder contar como sua história e a de Cuiabá se entrelaçaram.
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2 Comentário(s).
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Bruno Duda Dantas Matos 22.02.22 22h37 | ||||
Tive o privilégio e a honra de conhecer o professor Amiden. São dessas personalidades visionárias, destemidas e criativas que precisamos para alavancar cada vez mais nossa ciência e nosso Brasil. | ||||
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tião dias 08.04.21 13h03 | ||||
Homem inteligente, grande professor de física da UFMT | ||||
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