Cuiabá, Segunda-Feira, 30 de Junho de 2025
IMAGEM EVENTOS
05.02.2025 | 10h00 Tamanho do texto A- A+

Ex-funcionário vê ação premeditada e aponta revenda de fotos

Estudantes estão sendo procurados por terceiros oferecendo fotos que haviam sido feitas por empresa

Reprodução

Os empresários Elisa Severino e Márcio Nascimento (detalhe), que estavam à frente da Imagem Eventos

Os empresários Elisa Severino e Márcio Nascimento (detalhe), que estavam à frente da Imagem Eventos

PIETRA NÓBREGA
DA REDAÇÂO

Um ex-funcionário da Imagem Eventos, que causou um prejuízo estimado em R$ 7 milhões a estudantes da Grande Cuiabá, revelou ao MidiaNews detalhes do que ocorria na empresa e expôs indícios de que a ação pode ter sido premeditada. 

 

Além disso, ele afirma desconfiar que os proprietários ainda estejam tentando levantar mais dinheiro, usando terceiros para revender fotos aos formandos.

 

A Imagem Eventos encerrou as atividades na semana passada cancelando várias festas de formatura que já haviam sido pagas.

A empresa me fez uma proposta muito boa, mas depois de um tempo percebi que a forma como trabalhavam não era correta

 

"Eu comecei lá em 2022, no início do ano, em março. A empresa me fez uma proposta muito boa, mas depois de um tempo percebi que a forma como trabalhavam não era correta. Eles sempre pagaram os fornecedores próximos aos eventos, nunca antecipadamente. Essa era uma prática comum na empresa", contou o ex-funcionário, que era gestor de eventos na empresa e preferiu não se identificar. 

 

O funcionário acompanhava todo o processo das turmas, desde a assinatura do contrato até a execução das festas. Segundo ele, a Imagem Eventos já vinha escondendo problemas financeiros dos próprios funcionários. 

 

"Nos últimos meses, a empresa não deixava mais as cobranças chegarem até nós, os gestores. Os fornecedores eram orientados a falar apenas com o financeiro e a direção. Então, a gente não sabia o que estava acontecendo de fato", explicou. 

 

A situação começou a parecer ainda mais suspeita na véspera do anúncio do pedido de recuperação judicial. 

 

"Na manhã daquele dia, a direção avisou que haveria queda de energia e que deveríamos trabalhar de casa. Mas não foi um pedido, foi uma ordem. Isso já nos deixou em alerta”, conta. Horas depois, um dos irmãos do proprietário da empresa esteve na sede e retirou HDs contendo registros fotográficos de diversas turmas. “Ele disse que era para edição, mas aquilo não fazia sentido, porque ele não era editor”, relata.

 

As suspeitas só aumentaram quando, na madrugada após o evento, ele tentou acessar a sede da empresa e encontrou a fechadura trocada. “Ali eu já soube que algo muito errado estava acontecendo”. No dia seguinte, veio a confirmação: a Imagem Eventos havia encerrado suas atividades, deixando centenas de clientes no prejuízo.

 

O impacto foi imediato e brutal. “As turmas começaram a me procurar desesperadas, algumas até me coagindo, como se eu tivesse culpa. No shopping, um pai me abordou e me acusou de ter roubado o dinheiro da filha dele. Disse que eu tinha destruído o sonho dela”, relembra. 

 

A tese de que a empresa quebrou por dificuldades pós-pandemia também é contestada pelos funcionários. “A Imagem tinha dinheiro, talvez não para pagar todas as turmas, mas tinha. Se não pagou, foi por má administração e não porque o dinheiro sumiu do nada”, ressalta.  

 

Fotos revendidas 

 

Segundo ele, novas evidências apontam para um suposto esquema de reaproveitamento de material fotográfico. O ex-gestor e outros ex-funcionários receberam prints de mensagens enviadas a formandos por empresas de fotografia que alegam estar “ajudando” os estudantes a recuperar seus arquivos cobrando novamente pelo material que já havia sido adquirido, levantando suspeitas de que o material estaria sendo revendido por empresas laranjas.

 

"Como essas empresas têm acesso às fotos? Quem levou os HDs foi o irmão de um dos donos da Imagem. Como esse material apareceu nas mãos de terceiros?", questionou o ex-funcionário. “Como essas empresas têm acesso a esse material? A única explicação é que foram repassados por quem retirou os HDs antes da falência.” 

 

O ex-funcionário suspeita que os empresários Márcio Nascimento e Elisa Severino, donos da Imagem Eventos, já haviam vendido fotos dos formandos antes da falência. E aponta a possível participação do irmão de Márcio.

 

“Eles estão tentando vender tudo de novo, como se fosse um novo serviço. É um esquema armado”.  

 

E ninguém sabe onde que esse material está porque ele foi retirado da empresa um dia antes dela fechar

A suspeita é compartilhada pelo delegado Rogério da Silva Ferreira, que investiga o caso. 

 

"Uma das principais preocupações é a questão das fotos, porque muitas turmas já haviam realizado seus eventos de formatura ou parte deles e a empresa está de posse dessas fotos, desses registros. E ninguém sabe onde que esse material está porque ele foi retirado da empresa um dia antes dela fechar", disse o delegado.

 

"E agora nós estamos sabendo que alguns formandos e familiares estão recebendo mensagens de telefone oferecendo essas fotos. Nós temos uma preocupação de recuperar esse material e de verificar se eles não estão vendendo". 

 

Outro ponto que levanta suspeitas entre os ex-funcionários é a atitude de uma pessoa do setor financeiro da empresa, que teria conhecimento detalhado das movimentações financeiras e agora estaria fora de Cuiabá.

 

“A funcionária responsável pelo financeiro sempre trabalhou lado a lado com a direção. Quando tudo explodiu, ela chorou, tentou se afastar, mas a verdade é que sabia de tudo. Não tem como o financeiro não estar envolvido, no dia do anúncio da recuperação, essa pessoa estava separando documentos e registros de turmas com a dona da empresa”, afirmou ex-gestor.

 

Embora tenha recebido parte do salário prometido, o ex-funcionário ficou sem receber cerca de R$ 12 mil em freelances acumulados ao longo de meses de viagens e eventos. “Eu sempre estive na linha de frente, minha cara estava lá. Agora minha carreira pode ser afetada para sempre por algo que eu não tive envolvimento, eu fiquei muito mal com tudo isso, desanimado.”

 

As irregularidades da empresa, segundo ele, não eram recentes. A Imagem já tinha um histórico de atrasos e dificuldades em pagamentos, o que muitos funcionários acreditavam ser parte da operação normal do negócio. “Sempre disseram que era assim, que os fornecedores eram pagos próximos dos eventos, então a gente acabou achando que fazia parte do modelo de negócio.” 

 

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