Cuiabá, Sexta-Feira, 1 de Agosto de 2025
NA GRANDE CUIABÁ
26.01.2020 | 09h50 Tamanho do texto A- A+

Fim de briga de facções ajuda na queda de 50% nos homicídios

Opinião é do pesquisador Naldson Ramos, que citou outros fatores relevantes, como fim do Novo Cangaço

Victor Ostetti/MidiaNews

Homicídios caem pela metade na Grande Cuiabá em uma década

Homicídios caem pela metade na Grande Cuiabá em uma década

DA REDAÇÃO

Apesar do medo e da sensação de insegurança vivenciada por grande parte da população, a violência caiu pela metade na Grande Cuiabá na última década, atingindo o menor patamar em 15 anos.

 

O pequisador Naldson Ramos, especialista em violência, afirma que a redução se deve também a outros fatores. Um deles é o predomínio do Comando Vermelho, que dizimou o Primeiro Comando da Capital (PCC) e passou a ser hegemônico na Grande Cuiabá, colocando fim a qualquer tipo de desavença entre facções.

 

Entre os anos de 2010 e 2019, o número absoluto de homicídios na Grande Cuiabá caiu 53,8%. 

 

Há dez anos, a Polícia Civil havia registrado 310 assassinatos nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande. Em 2019, foram 143. A queda se deu nas mesmas proporções nos dois municípios quando os números são observados separadamente.

 

Em Cuiabá, os homicídios caíram de 199 em 2010 para 93 no ano passado, uma redução de 53,26%. Em Várzea Grande, o tombo foi de 54,95% - de 111 para 50 casos. 

 

Quando observada a taxa de homicídios por 100 mil habitantes, que é o parâmetro usado no mundo inteiro, a queda é ainda maior, já que no período houve redução nos números absolutos de mortes e aumento na população. 

 

MidiaNews

Naldson Ramos

O sociólogo Naldson Ramos: redução é resultado de uma soma de fatores

Em 2010, houve em Cuiabá 36,1 homicídios para cada grupo de 100 mil moradores. Em 2019, esse indicador desabou para 15,18, uma queda de 58,53%. 

 

Várzea Grande experimentou redução ainda maior: de 43,94 para 17,54 assassinatos por 100 mil. Isso representa uma redução de 60,08%.

 

Fatores

 

Na análise do sociólogo Naldson Ramos, integrante do Núcleo de Pesquisa de Violência e Cidadania da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a redução nos números se dá por diversos motivos.

 

O especialista citou um dos fatores alheio à política de Segurança Pública, que é a domínio imposto pelo C.V. na região.

 

“O Comando Vermelho, praticamente, limou o PCC do Estado. Eles não têm mais disputa de territórios entre eles. Não que o PCC tenha desaparecido por completo, mas perdeu influência nos territórios hoje dominados pelo C.V.”, afirmou ao MidiaNews.

 

Naldson ainda apontou que houve a neutralização de grupos criminosos no Estado, como foi o caso do “Novo Cangaço”, e dos crimes de pistolagem, investigados na Operação Mercenários, em 2016.

 

Os diversos trabalhos de integração das forças de Segurança Pública, a contratação de novos policiais e o investimento no trabalho de inteligência das forças policiais são outros pontos levantados pelo sociólogo. 

 

“Outro fator, é a questão RISP, que a Região Integrada de Segurança Pública, que tem a participação integrada da Policia Civil, Policia Militar, sociedade civil, Polícia Técnica, Bombeiros. Nas cidades que tem Guarda Municipal também há a participação, para discutir e debater os crimes que ocorrem nessas regiões”, disse. 

 

A PM e a Polícia Civil estão trabalhando de forma integrada. Isso fortalece e inibe muito a prática desses crimes

Mesmo com a baixa significativa, para o sociologo os números ainda continuam altos. 

 

Segurança Pública

 

Para o secretário adjunto de Integração Operacional da Secretaria de Segurança Pública, coronel Victor Fortes, três fatores podem explicar essa redução.

 

“Primeiro, a integração das forças policiais no combate a esse tipo de crime. A PM e a Polícia Civil estão trabalhando de forma integrada. Isso fortalece e inibe muito a prática desses crimes”, disse.

 

Ainda conforme o militar, outro fator é o monitoramento “praticamente diário dos índices de homicídio”. “Se a gente percebe que algum município ou alguma região que o número foge da meta estabelecida, a gente já designa uma ação pontual na região”, afirma.

 

“Outro fator muito importante também é a confiança da sociedade, que passou a denunciar mais. Então eles começaram a acreditar mais no serviço das polícias. E à medida em que há algum crime de homicídio, nós conseguimos no disque-denúncia informações sobre a autoria”, completou.

 

 

 

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COMENTÁRIOS
6 Comentário(s).

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Paulo Hidalgo  27.01.20 13h30
Discordo veementemente do "especialista" da UFMT, cujo conhecimento se restringe ao campo teórico. Ações como fortalecimento das Forças de Segurança Pública e medidas tomadas para calar os presídios sem dúvida foram preponderantes para a diminuição dos índices de violência. Atribuir isso a facção é desconhecer a realidade por trás da violência no Estado, incitada por lideranças presas e seus braços soltos nas ruas. Enaltecer a criminalidade, atribuindo lhe uma contribuição social é, no mínimo, irresponsável.
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KLEBER   26.01.20 21h48
Isso é culpa de Bolsonaro. Mito 2022!
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Wilmar Alves de Oliveira  26.01.20 17h53
Espero que nos proximos discursos e estudos sobre a segurança pública e suas falas lembrem do trabalho sério e de grande valia dos agentes penitenciários hoje policiais penais dentro e fora dos presídios e cadeias para com esses baixos índices de criminalidade obrigado
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Rodrigo Santos  26.01.20 17h21
A Operação Na PCE com o isolamento dos líderes de facções e as retiradas das tomadas das celas foram fatores determinantes. Impressionante como este Governo se cala com a verdade.
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Ruy passos  26.01.20 17h20
Parabéns a polícia militar pelo belo trabalho a sociedade de bem agradece.
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