A Gol Linhas Aéreas Inteligentes vai comprar 60 aviões da Boeing para renovar sua frota a partir de 2018. O novo modelo, batizado de Boeing 737 MAX, foi projetado a partir de uma parceria entre as empresas com o intuito de diminuir os custos operacionais ligados ao consumo de combustível, segundo disse a companhia brasileira nesta segunda-feira (1).
O preço do avião é de aproximadamente US$ 100 milhões, o que leva o valor total da transação para US$ 6 bilhões.
Van Rex Gallard, vice-presidente de vendas da Boeing para América Latina, explicou que o novo modelo tem pneus mais leves no trem de pouso, o que ajuda a economizar combustível.
— O 737 MAX foi lançado com a Gol. É um avião que dará mais conforto interior, custos operacionais mais baixos e menor emissão de gases (que provocam o efeito estufa).
Desde a introdução do modelo Boeing 737 NG, a Gol vem investindo na queda do consumo de combustível, o principal vilão do setor aéreo nacional em 2012. Para o 737 MAX, a previsão de economia de combustível será de pelo menos 13% em relação ao consumo atual dos modelos NG.
O avião poderá operar por todo o continente nacional sem escalas, mas também deve voar em pontes-aéreas entre Brasil Estados Unidos.
Perto no cinto
O anúncio vem no momento em que a companhia passa por dificuldades relacionadas ao crescimento mais baixo da demanda de voos, ao mesmo tempo em que a capacidade no setor aéreo está no limite. A maior parte da receita da companhia depende dos voos domésticos.
A desvalorização de aproximadamente 15% do real perante o dólar norte-americano do começo do ano até o momento apertou os custos relacionados a manutenções, leasing (pagamento de empréstimos para pagar aviões) e combustível — que juntos correspondem a cerca de 50% do total de custos da companhia.
A agência de classificação de risco S&P disse em relatório no início de setembro que a empresa perdeu participação no mercado ao forçar um aumento no preço da passagem para compensar o aumento dos custos dos combustíveis. Segundo o documento, a empresa tem de 35% a 40% do mercado de avisão brasileiro.
Nesse quadro, passou a rondar no mercado o consenso de que o lucro da companhia aumentaria com as estratégias de diminuição da capacidade, pois a taxa de ocupação nos aviões aumentaria se houvesse menos aeronaves disponíveis, mediante queda no custo operacional. Hoje, a empresa tem 128 aeronaves operando, e a previsão para 2013 e 2014 é de 135 e 140 aviões, respectivamente.
Longo prazo
Uma vez que analistas de mercado sugerem a diminuição da frota para travessia do período de turbulência, os novos aviões devem operar a partir de 2018. Segundo a companhia, 2017 é o prazo para o início da fase de testes, sendo dois aviões do tipo MAX operando a partir do ano seguinte.
A estratégia de longo prazo é possível porque, apesar do tempo fechado em 2012, a melhora dos níveis de emprego e renda do brasileiro asseguram a medida nos próximos anos. Além disso, a Gol tem um modelo de negócios no qual consegue operar com o menor custo de assento disponível por quilômetro percorrido (R$ 9,30) de toda a indústria de aviação do País, de acordo com a S&P. A empresa também conta com uma participação de mercado de 35-40%.
Especulações
A Gol aproveitou o anúncio para reforçar que não mantém conversas com empresas estrangerias para futuras fusões.
O mercado especulava sobre as estratégias da Gol desde a primeira metade do ano. Em maio, ela negou que a Delta Airlines, que detém participação de 3% na companhia brasileira, iria elevar sua parcela na empresa ou que outra companhia poderia fazer parte de seu bloco de controle.
No começo de setembro, a Gol voltou a se pronunciar para negar os rumores de que sua diretoria mantinha diálogos com a alta cúpula da Qatar Airways. Por outro lado, a empresa disse por meio de comunicado que mantinha acordo de compartilhamento de voos, o chamado share-code, desde janeiro de 2011. Em junho desde ano, as empresas anunciaram nova parceria, desta vez envolvendo programas de milhagem.