Grupo Flor de Atalaia leva siriri a cinco países europeus

Em uma jornada que mistura tradição, superação e celebração, o Grupo de Siriri Flor de Atalaia, de Cuiabá (MT), realiza uma extensa turnê internacional de 40 dias pela Europa e pela primeira vez na Itália, que teve início no final de julho e se estenderá até o dia 24 de agosto após percorrer 17 cidades na Itália, incluindo a Sérvia, Bulgária, Macedônia do Norte e Kosovo.

É um grande reconhecimento pra todos nós como artistas de quintal, de rua, é uma oportunidade muito boa que temos de levar a nossa cultura adiante 

Em entrevista ao MidiaNews, o vice-presidente do grupo, Vitor Alessandro, detalhou a complexa organização por trás da empreitada. O convite, segundo ele, partiu de organizações culturais europeias ainda em 2020, mas foi adiado pela pandemia.

"Esse ano de 2024, após retornarmos a nossa turnê pela Europa, veio novamente o convite do Francesco Malosi, que é o presidente do CIOFF na Itália, e do Emil Pavlov, presidente do CIOF Bulgária (Conselho Internacional de Organizações de Festivais de Folclore e Artes Tradicionais). Um foi contatando com outros festivais e nós fomos convidados para fazer essa turnê conjunta", explicou Vitor.

A turnê foi viabilizada com apoio integral do Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel).

"O grupo entra com a parte artística e logística e a parte que patrocina é a parte do Governo de Mato Grosso", afirmou o vice-presidente.

Os festivais que o grupo participou são: Festival Nis,The Magic Mezdra Folclore festival, International Folklore Veliko Tarnovo, Razgrad International festival Dobrich, N’Karadak Tupanat Festival, Festival Del Terre Cava di Tirrene, Taurano Festival Internazionale, Anacapri International Folklore festival, Festival internazionale Flávio Fioretta Alatri, Serata Antiga Festival Petina e Festival Incontro di Cultura Populare Macerata.

Entre os momentos mais simbólicos da viagem, destacam-se as apresentações na Itália. O grupo performou em frente ao icônico Coliseu, em Roma, em uma apresentação breve que capturou a atenção de turistas do mundo todo. "Nós fizemos uma pequena performance bem curta por conta da movimentação de pessoas no Coliseu, Roma e no Vaticano também", contou Vitor.

Além da capital, o grupo se apresentou em festivais como o Festival delle Torri, em Cava de’ Tirreni, e em vilarejos remotos, onde a receptividade foi surpreendente. Vitor relembrou a passagem pela pequena cidade de Taurano, com cerca de 5 mil habitantes.

"Eles viam o samba, os siriris, gostaram muito. Ficavam curiosos com os cabelos, com as roupas, com jeito de falar. Para eles era muito novo e eles estavam, a todo momento, ao encontrar a gente nos param para conhecer e conversar".

A barreira linguística foi um desafio superado pela universalidade da arte. "Quem não consegue [se comunicar], como a nossa viagem é muito longa, conforme passam os tempos vai se habituando e também usam o google tradutor. É um desafio, mas ao mesmo tempo é um aprendizado", relatou.

 Grupo se apresentando em festival europeu

Representatividade e legado cultural

Para o vice-presidente, a turnê transcende o sucesso artístico e assume um papel de representatividade cultural profunda. "É muito mais do que o grupo... nós estamos aqui fazendo por [outros grupos] e por todo mundo da cultura em geral", refletiu.

"Quando alguém vem anunciar o palco, anuncia 'Grupo Flor de Atalaia do Brasil, Cuiabá, Mato Grosso'. Então traz o nome de toda a cidade, de todo o estado, de todo o país pra cima do palco".

Vitor ressaltou o caráter transformador da experiência para os integrantes, muitos dos quais nunca haviam saído do país. "É um grande reconhecimento pra todos nós como artistas de quintal, artistas de rua, é uma oportunidade muito boa que a gente tem de levar a nossa cultura adiante".

Sobre o Flor de Atalaia

Fundado entre 2013 e 2014, o Grupo Flor de Atalaia é uma associação sociocultural sem fins lucrativos sediada no bairro Parque Atalaia, em Cuiabá. Com mais de 60 integrantes, including dançarinos, músicos e uma equipe infantil, o grupo é campeão brasileiro de Danças Populares no Festival de Dança de Joinville (2022) e vice-campeão (2023).

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