A mãe de primeira viagem, Raiany Carvalho, de 26 anos, denunciou o Hospital Santa Helena por negligência médica após perder seu filho recém-nascido na unidade, no último sábado (18).
No atestado de óbito de Nícolas, que nasceu prematuro no dia 2 de setembro, consta falência de órgãos. Raiany afirma, no entanto, que o filho passou por uma série de complicações enquanto esteve na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.
O menino teria tido diarreia severa, necrose de parte do intestino, assaduras e até queimaduras no pé.
“Foi muita negligência. Meu filho sofreu ali todos os dias, e todos os dias ele tentou lutar pela vida, até no último minuto de vida dele. O batimento caía para zero e voltava para vinte. Meu filho lutou bravamente para ficar vivo”, afirmou.
Segundo Raiany, ela não teve sequer a chance de amamentar o filho. “Quero justiça para que o que aconteceu não se repita. Nícolas foi meu primeiro filho; eu tive complicações no parto, e talvez nem consiga ter outro. Meu filho nem mamou no peito”.
A denúncia foi apresentada no dia 22 de outubro junto ao Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), que informou ter instaurado uma sindicância para apurar os fatos.
Direto para a UTI
Raiany conta que tudo foi muito difícil desde o nascimento de Nícolas. O menino nasceu com 35 semanas, e ela teve uma hemorragia.
“No dia 3, meu filho foi para a UTI Neonatal; disseram que ele estava com dificuldade de respirar”, disse.
Segundo a mãe, na primeira semana de internação, o filho teve uma diarreia muito forte e ficou com assaduras nas partes íntimas. “Cheguei a comentar com as enfermeiras que ele poderia ser intolerante à lactose. Acho que ele estava sendo alimentado com a fórmula errada".
“Logo depois, na semana em que reclamei, entubaram ele. Meu filho chorava noite e dia de dor; só se aliviava quando davam dipirona para ele".
Com poucos dias de vida, o menino foi submetido à sua primeira cirurgia. “A cirurgiã me explicou que o intestino dele necrosou e que tiraram 30 centímetros do intestino”.
Raiany afirma que o filho ficou sem curativos e que a incisão da operação abriu. Depois, ele precisou de uma segunda operação. “Quando fui ver, colocaram o intestininho dele para fora, com aqueles dois furinhos [colostomia]”.
A partir daí, a situação teria se agravado ainda mais. “Então, meu filho começou a sangrar. Todo dia ele perdia sangue e, na sexta-feira retrasada, queimaram o pé dele, acho que com os eletrodos. O pé do meu filho estava roxo”.
Raiany disse ter registrado um boletim de ocorrência sobre o caso e ter denunciado o hospital ao CRM e à assistência social antes mesmo do falecimento do filho.
“Um presente de Deus que foi embora dentro de um caixão. Eu nem fui para casa ainda; não consigo ver as roupas do meu filho”, desabafou.
Outro lado
O Hospital Santa Helena informou que a UTI Neonatal é de responsabilidade da empresa terceirizada Escomed Assistência Médica.
"O Hospital Santa Helena preza pelo cuidado e humanização no atendimento. Ressaltamos que rescindimos o contrato com a UTI Neonatal, contrato esse que já estava vencido. O processo corre em segredo de justiça. Quanto às denúncias nas assistências dos recém-nascidos, o hospital não pode esclarecer, porque a gestão ainda continua com a Escomed Assistência Médica", diz nota.
Veja a nota na íntegra da Escomed Assistência Médica:
Paciente prematuro, 35 semanas, filho de mãe diabética, nascido de parto cesárea, por centralização fetal.
Primeiramente encaminhado para alojamento conjunto, onde evoluiu com desconforto respiratório, glicemia baixa persistente, encaminhado para observação em sala de parto, e apenas com 12h de vida é encaminhado para nosso serviço (UTI neonatal).
Na UTIN (utineonatal), o paciente chega grave, sendo realizado o diagnóstico de infecção e insuficiência respiratória, apresentou evolução clínica não satisfatória, evoluindo com doenças cirúrgicas e realizado 2 cirurgias no período na internação.
Na UTIN foi feito acompanhamento multiprofissional (pediatras, cirurgião pediátrico, enfermagem, fonoterapia, fisioterapia, nutricionista), recebendo o tratamento necessário inclusive com medicações não padronizadas pelo SUS (imunoglobulina).
Sobre as feridas, ocorre que paciente grave muito edemaciado, necessitando de monitorização, por vezes ocorre hematomas no local onde é necessário fixar dispositivos, ou puncionar, usamos recursos para que isso não ocorra, porém nem sempre é possível evitar. Sobre o sangramento em fralda, se trata do sangramento em ostomia (1 das cirurgias), que é uma complicação inerente do quadro clínico do paciente.
Vale ressaltar que somos uma UTI neonatal reconhecida pelo Ministério da Saúde, justamente pelos projetos de humanização, assim como possuímos o título de Hospital Amigo da Criança e somos acompanhados pelo projeto Qualineo.
Sentimos muito pela perda dessa família, e com certeza não medimos esforços para que todos saiam daqui com seu bebe no colo, porém nem sempre é possível.
Estamos à disposição para maiores esclarecimentos.
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