De 2000 a 2009, 57,8% das novas instituições de longa permanência para idosos no Brasil tinham natureza privada com fins lucrativos, segundo uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada nesta terça-feira (24). No total geral dos asilos no país -- que inclui também as casas mais antigas --, as entidades filantrópicas ainda são maioria, representando 65,2% das 3.548 instituições.
O estudo analisou as condições de funcionamento e infraestrutura de 92,8% dos asilos brasileiros. De acordo com a pesquisa, hoje só 6,6% das casas de repouso são públicas ou mistas (renda pública e privada) e 28,2% são exclusivamente privadas.
Em todos os asilos moram um total de 83.870 pessoas, o que significa 0,5% da população idosa, segundo dados do Censo de 2000. Em média, as casas abrigam 30,4 residentes. Outro dado apontado pelo estudo é o de que dois terços das instituições estão concentradas na região Sudeste e 31% ficam nas grandes cidades -- com mais de 500 mil habitantes.
Infraestrutura
Mais de 90% dos asilos brasileiros ocupam um terreno considerado amplo, com capacidade para refeitório, pátio, quintal, jardim, e salas de TV e vídeo. Ao todo, foram contabilizados 109.447 leitos oferecidos pelas instituições do país, com ocupação de 91,6%.
Segundo o Ipea, 5,9% das instituições têm cinco leitos ou mais por quarto, o que é considerado fora da norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que indica o número máximo de quatro. O estado do Espírito Santo apresentou a maior proporção de leitos por quarto.
Entre os serviços oferecidos, os de cunho médico estão entre os principais, citados por 66,1% dos estabelecimentos. A fisioterapia é outra atividade frequente, presente em 56% das casas de repouso. Já salas de leitura e psicna são os serviços menos encontrados, estando em 15% e 6,3% dos asilos, respectivamente.
Em média, cada instituição gasta R$ 717,91 por idoso. "O gasto mínimo per capita é de R$ 92,62, observado em uma instituição em Alagoas, e o máximo de R$ 9.230,77, declarado por uma instituição em São Paulo."
Segundo o Ipea, a Anvisa classifica as instituições de longa permanência para idosos como "estabelecimentos governamentais ou não, de caráter residencial, destinadas a domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania."
Tendência
O instituto de pesquisa aponta uma tendência de possível aumento do número de idosos que necessitam de cuidados, já que pode haver uma redução na oferta de abrigo da família. "O número de idosos com fragilidades físicas e/ou mentais tende a aumentar. Além de mais numerosa, essa nova coorte será composta por mulheres com um perfil diferenciado das
atuais idosas", diz o estudo.
Ainda de acordo com o Ipea, elas "serão mais escolarizadas, mais engajadas no mercado de trabalho e com menos filhos, características compatíveis com o fato de fazerem parte do grupo que participou da revolução sexual e familiar iniciada em meados da década de 1960. Em síntese, espera-se que aumente o número de idosos demandantes de cuidados e que a oferta de cuidadores familiares se reduza."
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