Cuiabá, Sábado, 14 de Junho de 2025
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13.06.2025 | 16h05 Tamanho do texto A- A+

Médico cita dificuldade no acesso à bariátrica pelo SUS no Brasil

Presidente da SBCBM, Juliano Canavarros defendeu políticas públicas no tratamento da obesidade

O médico Juliano Canavarros, que preside a SBCBM

O médico Juliano Canavarros, que preside a SBCBM

DA REDAÇÃO

O médico Juliano Canavarros, cirurgião bariátrico de Cuiabá e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), participou nesta quinta-feira (12) de uma audiência pública no Congresso Nacional, sobre o acesso ao diagnóstico e tratamento da obesidade no Brasil.

 

Trata-se de uma doença crônica, multifatorial e progressiva, que exige abordagem baseada em evidência e livre de estigmas

Ele destacou os gargalos enfrentados pela população, especialmente a mais vulnerável, no acesso à cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Segundo dados do Sisvan 2024 (Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional), mais de 34% da população apresenta algum grau de obesidade. Em números absolutos, são mais de 1,1 milhão de brasileiros com obesidade grau III (ou mórbida), uma condição que requer atenção médica especializada e, em muitos casos, indicação cirúrgica.

 

“Os dados mostram que a obesidade não para de crescer. Trata-se de uma doença crônica, multifatorial e progressiva, que exige abordagem baseada em evidência e livre de estigmas”, ressaltou Canavarros, diretor da Gastro MT.

 

Apesar da gravidade dos índices, apenas 291 mil cirurgias bariátricas foram realizadas no país entre 2020 e 2024. Do total, 260 mil foram feitas na saúde suplementar e somente 31 mil pelo SUS — o que representa pouco mais de 1% da população com indicação clínica.

 

Hoje, apenas 98 hospitais públicos estão habilitados para realizar o procedimento, e quatro estados brasileiros - Amazonas, Roraima, Rondônia e Amapá - sequer oferecem a cirurgia na rede pública.

 

“É como se disséssemos a uma fila de pacientes com câncer de mama que apenas 1% será tratado, e os demais terão o atendimento adiado. Isso é o que acontece hoje com a obesidade. Um verdadeiro absurdo”, enfatizou o presidente da SBCBM.

 

Benefícios

 

Canavarros também destacou que a cirurgia bariátrica é considerada, por evidências científicas internacionais, o tratamento com maior custo-efetivo para obesidade severa e doenças associadas. A cirurgia reduz em até 35% o peso corporal, além de apresentar remissão do diabetes tipo 2 em até 80% dos casos e melhora da hipertensão em até 70%.

 

O Brasil precisa de uma política nacional de enfrentamento à obesidade efetiva, descentralizada e intersetorial. A SBCBM está à disposição para contribuir nesse processo

Estudos também mostram que o procedimento reduz os custos médicos a longo prazo em até 70%, sendo mais vantajoso ao sistema de saúde do que medicamentos de uso contínuo, como a semaglutida e a tirzepatida, que podem custar mais de R$ 24 mil por paciente ao ano.

 

A audiência também discutiu a necessidade de atualizar os critérios de diagnóstico da obesidade. Uma proposta publicada na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology, em 2024, com apoio de 75 entidades médicas, defende que o diagnóstico deve considerar não apenas o Índice de Massa Corporal (IMC), mas também a composição corporal e sintomas metabólicos.

 

Nesse sentido, a nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM 2429/25) propõe critérios clínicos e cirúrgicos mais modernos, ampliando as possibilidades de tratamento para pacientes que antes ficavam fora das diretrizes tradicionais.

 

Ainda durante a audiência, Canavarros propôs medidas concretas para enfrentar a crise da obesidade no Brasil. Ele defendeu a ampliação do número de hospitais habilitados e financiamento adequado pelo SUS; a integração entre cirurgia, prevenção e tratamento farmacológico; a formulação de políticas públicas baseadas em evidências científicas, livres de estigmas; e o estímulo a parcerias público-privadas para ampliar o acesso a diagnósticos e tratamentos com base em modelos de eficiência da gestão privada.

 

“O Brasil precisa de uma política nacional de enfrentamento à obesidade que seja efetiva, descentralizada e intersetorial. A SBCBM está à disposição para contribuir tecnicamente nesse processo”, afirmou.

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