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DESIGUALDADE EM MT
26.01.2022 | 11h09 Tamanho do texto A- A+

Pessoas fazem fila por osso na 10ª cidade mais rica do agro

Na última terça (25) cerca de 320 pessoa receberam as doações; a ação viralizou nas redes sociais

Reprodução/SBT Nova Mutum

Filha em frente a açougue para receber doação de ossinhos

Filha em frente a açougue para receber doação de ossinhos

LIZ BRUNETTO
DA REDAÇÃO

Um açougue de Nova Mutum está fazendo doação de ossinhos para pessoas carentes, assim como já ocorre em um estabelecimento de Cuiabá. O ato chama a atenção porque o Município na região Norte do Estado é o 10º mais rico do agronegócio no Brasil.

 

O açougue, que fica localizado no Bairro Beija Flor, doou mais de 320 quilos somente na terça-feira (25).

 

A fila dos ossinhos em Cuiabá ganhou repercussão nacional em 2021, quando o MidiaNews noticiou as doações feitas por um açougue no CPA. Lá as filas chegaram a ocupar até cinco quarteirões, atendendo mais de 400 famílias em um dia.

 

Ossinhos são pedaços com requícios de carne resultantes da desossa do boi.

 

O empresário Dyonatann Max, dono do Mercadão da Carne, em Nova Mutum, diz que desde que adquiriu a empresa, há cerca de 9 meses, realiza algumas ações, como não cobrar de uma pessoa necessitada e sorteios de kits.

 

O empresário, conhecido na cidade como "Goianinho", conta que no início vendia os ossinhos, mas isso era algo que não lhe parecia correto.

 

“Nós não gostávamos muito dessa ideia. Os concorrentes sempre venderam e aí a gente começou a vender. Mas víamos que quem ia buscar [o ossinho] era quem mais precisava”.

Reprodução/SBT Nova Mutum

Doação de ossinhos Nova Mutum

Ossinhos separados para doação

 

Goianinho conta que alguns clientes chegavam “contando moedas” para comprar os ossos, que eram vendidos a R$ 8 o quilo. Havia concorrentes que cobravam até R$ 12.

 

“Quando a gente via que a pessoa precisava, não faziamos questão de receber”, diz.

 

As doações são realizadas todas as terças-feiras, entre as 16 e 17h, já há algumas semanas. Em média 100 pessoas eram atendidas por dia.

 

Como o empresário decidiu fazer uma doação maior na última terça (25), as redes sociais do açougue divulgaram e a publicação viralizou. Até a edição desta matéria, havia 42 compartilhamentos na página do Facebook. As publicações do estabelecimento costumam ter uma média de três compartilhamentos.

 

Ao todo, cerca de 320 pessoas receberam as doações, mais que o dobro do habitual.

 

Goianinho diz que atende pessoas de todos os cantos da cidade, que vêm à procura das doações. Entre os que recebem o alimento, estão pessoas desempregadas e mães solteiras com vários filhos.

 

“Nossa intenção é aumentar ainda mais. Vamos até quando conseguirmos”, disse.

 

O fenômeno de pessoas dormindo nas filas para receber os ossinhos - como ocorreu em Cuiabá -, no entanto, ainda não chegou a Nova Mutum. O empresário afirma que tem moradores que chegam no máximo às 14h para garantir os seus ossinhos.

 

Desigualdade social

 

Nova Mutum é a 10º cidade mais rica do agronegócio em todo o País, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O ranking foi feito com base nos dados da Produção Agrícola Municipal (PAM) referente a 2020.

 

O valor da produção do Município naquele ano foi de R$ 3.223.527.000.

 

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COMENTÁRIOS
10 Comentário(s).

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Daniel  27.01.22 06h05
Sorriam a Venezuela é aqui. Esqueceram que para ser capitalista neoliberal tem que ter dinheiro. Depois da fila corre para o aeroporto gritar " ah eu vim de graça ". Esses caras que vocês votaram colocaram vocês nessa fila.
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Fernando  26.01.22 22h16
Engraçado, se tem gente fazendo isso agora é porque está em condições de fazer. Pessoas passando necessidade sempre existiu.
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Graci Ourives de Miranda  26.01.22 20h08
OS EXPORTADORES AJUDAM OS CARENTES? QUAIS PROJETOS SOCIAIS ?
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aloisio  26.01.22 19h55
Não surpreende. A questão é quem é rico em Nova Mutum? É meia dúzia de pessoas. Os demais são os demais, como a grande maioria desse país. Ah! Mas o PIB? Que PIB é esse que não chega à periferia? Graças à epidemia (infelizmente), temos sido obrigado a aprender os princípios de economia e de matemática, além da interpretação de texto nas entrelinhas, e o resultado é a realidade perversa, nesse país, escancarada a nossos olhos.
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Orlando Osmar Vilela Neto  26.01.22 18h06
Cheguei em Cuiabá com 5 anos de idade, ou seja, sou mais um "pau rodado", com muito orgulho. Comecei a trabalhar com 14 anos de idade. Estudei em escola pública (Que saudade do Nilo Póvoas) !!, estudei, me profissionalizei , me capacitei.. ralei muito e posso afirmar: Para quem não fica na frente da televisão assistindo novela e BBBosta, sempre haverá emprego. Olhem a oferta de empregos no SINE, oferta tem, mas falta profissionais que atendam a demanda do mercado. A crise é mais gravosa, para a população mais carente e com maior vulnerabilidade social. Deve haver a figura do Estado Social para mitigar essa situação. Mas as pessoas devem desejar sair deste tipo de situação, senão a fila continuará a crescer ...
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