Emoção, celebração e confraternização resumem um pouco do sentimento nos rostos e gestos das etnias presentes no encerramento da 12ª edição dos Jogos dos Povos Indígenas, ocorrido na noite deste sábado (16), em Cuiabá. Em uma cerimônia simbólica, eles presentearam o público que compareceu à arena dos Jogos, no Jardim Botânico, região do Sucuri, com um pouco de demonstração da cultura dos povos ali presentes.
Os índios cantaram, dançaram e fizeram orações tradicionais para agradecer e comemorar o momento de união. E, assim, despediram-se da capital mato-grossense, deixando a mensagem pretendida desde o início do evento: ‘O importante não é ganhar, e sim celebrar’.
Emocionada, a cacique Luzia Umutina descreveu o evento. “Foi maravilhoso, a primeira vez que participei. É uma oportunidade de trocar experiências e conhecimentos. Valoriza a cultura dos povos, e mostra para a sociedade que não existe barreira entre índios e não índios, que todos temos direitos e deveres”.
Ela, que foi representante do seu povo na feira da agricultura familiar, também lembrou da importância do evento para fortalecer o debate quanto à produção agrícola dos povos indígenas e discutir as formas de geração de renda por meio desta atividade.
Apesar dos oito dias de ‘competição’, em que etnias disputaram e venceram nas modalidades tradicionais como arco e flecha, arremesso de lança, canoagem, corrida de tora e outras, a proposta dos 12º Jogos dos Povos Indígenas foi promover a integração dos povos e valorizar a cultura indígena.
Em função disso, a cerimônia de encerramento focou no conceito de confraternização e premiou todos os líderes das etnias participantes com o troféu e medalha ‘O importante não é ganhar, e sim celebrar’. Ao fim, todos os povos participantes saíram vitoriosos do evento.
“Foi muito bom, um momento de conhecer e harmonizar com outros parentes, fortalecer mais nossa cultura e uma oportunidade para os não indígenas de conhecer o valor e respeitar os povos”, destacou Jussari Pataxó.
Um momento emocionante da cerimônia foi o desfile das delegações, que entraram solenes e foram recebidas com festa pelo público. Em meio a apresentações culturais, de repente a arquibancada silenciou. Era um guerreiro Krahô, que contornava a arena com a tocha do fogo sagrado, usado para acender a fogueira no centro. O fogo, que simboliza para os indígenas o início e o fim, foi apagado depois em um ritual do fogo sagrado realizado pelo povo Terena.
Dever cumprido“A realização dos Jogos sempre foi um grande desafio, considerando as adversidades do local, as diferenças culturais das etnias e todas as especificações necessárias para atender às expectativas de um evento tão grandioso e diferente como este. Mas deu certo. Foi um sucesso. Meu sentimento é de missão cumprida”, destacou o secretário de Estado de Esportes e Lazer (Seel-MT), Ananias Filho.
Toda equipe que trabalhou no evento, incluindo os voluntários, também foi lembrada. Em nome de cada time, um representante recebeu a comenda de reconhecimento destinada aos ‘não indígenas’ pela contribuição aos Jogos. Entre os lembrados, estavam o secretário-adjunto de Esportes e Lazer da Seel-MT, José Guaresqui, e o chefe do Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014, Marcus Jacarandá.
Competições A programação do sábado incluiu as finais de arco e flecha, arremesso de lança, cabo de força e corrida de fundo. Na primeira, venceu a etnia Assurini, do Pará. Na segunda, foi o povo Kanela, do Maranhão. No cabo de força, o campeão masculino foi a etnia mato-grossense Enawenê-Nawê e no feminino houve empate entre os povos Bororo, de Mato Grosso, e Arakbut, do Peru. Já a vitória da corrida de fundo também ficou para os maranhenses Kanela.
Idealizados pelo Comitê Intertribal, os Jogos dos Povos Indígenas foram realizados em parceria com o Ministério do Esporte e o Governo de Mato Grosso, por meio da Seel-MT, e contou com apoio da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Prefeitura de Cuiabá