Casas deterioradas do Centro Histórico de Cuiabá, tombadas como Patrimônio Histórico, estão passando por um projeto de reforma, feito pelo curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso. A ação, que tem financiamento federal, busca garantir a permanência das pessoas e melhorar a segurança na área.
A professora Luciana Mascaro, uma das responsáveis pelo projeto Canteiro Modelo de Conservação de Cuiabá, é especialista em patrimônio e falou com o MidiaNews sobre o projeto.
Ela explica que a saída de moradores nesta parte da cidade possibilita um esvaziamento momentâneo, um dos fatores que geram perigo na região.
Isso ocorre porque nos períodos em que os comércios estão fechados, como à noite e nos feriados, a região fica deserta, facilitando a ida e permanência de pessoas que levam insegurança à área.
“Com o atendimento de pessoas que moram nesses locais, a gente consegue fazer com que elas não tenham que sair do Centro. A região está muito voltada ao comércio atualmente, e a tendência disso é que as pessoas comecem a sair do Centro, porque a pressão para transformar essas edificações em comércio, por exemplo, é muito grande”, afirmou.
“Então, esse projeto ajuda as pessoas a permanecerem. Se você dá condições de habitabilidade, a pessoa vai permanecer nesse lugar”, complementou.
O projeto é voltado principalmente para pessoas de baixa renda que não podem arcar com as reformas e conservação de suas residências.
O trabalho de assistência técnica também visa conservar o patrimônio, constituído por uma arquitetura mais antiga da cidade, considerando todo o perímetro de tombamento, reconhecido pelo Governo Federal.
Outro objetivo do projeto é a formação de mão de obra apta a trabalhar com sistemas mais antigos, no contexto da conservação.
“Isto com o desenvolvimento de projetos, registros, levantamentos, que são muito importantes para a conservação da memória. E na fase de obras a gente forma mão de obra através de oficinas, porque colocar a pessoa nesta prática ajuda muito na formação, tanto dos alunos quanto dos próprios pedreiros, mestres de obra que estão trabalhando com a gente”, disse a professora.
Até o momento, duas residências já foram recuperadas e uma está em fase de obras. Além disso, outras seis estão na lista com reformas simplificadas, como reboco, revisão de telhado e problemas de infiltração.
A equipe que trabalha no projeto é constituída por seis professores, 20 alunos bolsistas e voluntários, três pesquisadores, sete profissionais em uma equipe de obra e outros servidores.
O projeto, que iniciou em 2024 e tem previsão de durar três anos, recebe recursos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e é uma parceria entre ele e a UFMT para preservação das edificações do Centro.
Reprodução
“Mas mesmo que esse projeto tenha uma duração considerável de três anos, não vamos conseguir dar conta de todos os problemas. Isso é uma questão de uma política muito maior do que apenas uma política de conservação de patrimônio. A gente tem que saber que a cidade precisa ser planejada”, afirmou.
“Nós temos uma parcela da população que é empobrecida, vulnerável. Então, se essas pessoas não estiverem no Centro, elas vão estar em outros lugares”.
De acordo com a professora, quando essas pessoas saem do Centro e vão para locais mais afastados, há a criação de outros problemas, como a necessidade de asfalto, instituições de segurança, saúde e outras.
“Mas se você tem gente morando nesse perímetro do Centro, você vai ter circulação o tempo todo. Você vai ter pequenos comércios e restaurantes que precisam abrir para atender durante o fim de semana. Isso é uma questão de planejamento, de gestão”, completou.
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