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17.06.2010 | 14h50 Tamanho do texto A- A+

Reconstituição conclui inquérito sobre a morte de PM

Simulação de treino é fundamental, mas 4 já foram indiciados como autores do homicídio, segundo Polícia Civil

MAYARA MICHELS
DA REDAÇÃO

Peritos da Polícia Militar realizam, durante todo o dia de hoje (17), em um lago na região de Manso (a 20 km do centro de Cuiabá), uma reconstituição dos momentos que antecederam a morte do soldado da Força Nacional de Alagoas, Abinoão Soares de Oliveira.

Ele morreu afogado, durante  o 4º Curso de Tripulante Operacional Multimissão (TOM-M), no dia 24 de abril passado. A simulação do treino é fundamental para a conclusão do inquérito. Da parte da Polícia Civil, o inquérito já está concluído e aponta para o indiciamento de dois tenentes, um sargento, um cabo e um soldado.

"Naquele dia, tinha 46 pessoas no local, sendo 25 alunos na água e 21 pessoas do Corpo Técnico. E, durante a aula, uma pessoa morreu. Isso não era para ter acontecido, alguém será indiciado", afirmou o tenente-coronel PM Otamar Pereira, que preside o inquérito militar, que apura as circunstâncias da morte do soldado Abinoão.

A reconstituição nesta quarta-feira, segundo o oficial, é para sanar algumas dúvidas de posicionamento e sobre a profundidade da água, antes da conclusão do inquérito.

"O foco da reconstituição não é apenas a morte do soldado Abinoão, mas sim o comportamento de todos que estavam presentes no dia", afirmou o coronel Otamar.

A investigação sobre as causas da morte do PM alagoano estão em reta final; o prazo é até 25 de junho. "Mais de 60 pessoas já foram ouvidas e algumas delas, mais de uma vez. Para concluir as investigações, só faltam o relatório da reconstituição e o laudo da perícia", revelou o coronel Otamar.

De acordo com o perito criminal Lino Leite, responsável pela simulação, a prova técnica que é a reconstituição será para verificar o campo de visão alcançado por cada um, além do posicionamento dos envolvidos. "Com a reconstituição, iremos verificar se tem convergência de relatos", disse Leite.

Para o advogado da família de Abinoão, Alfredo Gonzada, a reconstituição não será completa, pelo fato de não estar presente o soldado Leonel Cristo. "Para mim, era imprescindível a presença do soldado, pois ele estava ao lado, junto com Abinaão, seria mais uma prova. Mas eu não sei o porquê dele não ter vindo", afirmou Gonzaga.

Para o coronel Otamar, todas as pessoas necessárias estavam presentes à reconstituição. "A presença de Leonel Cristo é desnecessária. Até porque queremos reconstituir o posicionamento de todos e o campo de visão de cada um deles. Tanto Leonel quando o Abinoão foram substituídos por outro soldado", explicou o tenente-coronel.

A reconstituição começou às 8 horas desta quinta-feira, em duas etapas: uma na areia e a outra na água. Estavam presentes 23 alunos, sete instrutores que estavam ministrando a aula no dia 24 de abril e equipes de apoio.

Na quarta-feira (16), foi cumprido um mandado de busca e apreensão no Ciopaer (Centro Integrado de Operações Aéreos), da Polícia Militar, quando foram apreendidos equipamentos eletrônicos, imagens, vídeos e documentos.


Morte

O soldado Abinoão Soares de Oliveira morreu vítima de tortura, por meio de afogamento, durante treinamento do 4º Curso de Tripulante Operacional Multimissão (TOM-M), realizado em uma lagoa de um condomínio particular, na estrada de acesso ao Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães, a 20 km de Cuiabá.

O treinamento foi ministrado pelos tenentes Carlos Evane Augusto e Dulcézio Barros de Oliveira. Eles foram indiciados pela Polícia Civil por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, tortura e impossibilidade de defesa), juntamente um sargento, cabo e um soldado da Polícia Militar. 

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João César  21.06.10 13h18
Que surpreendente vê que agora está se fazendo justiça nesse país,pois outras histórias como essa na PM,acabou com a impunidade.Quem sabe a partir de agora esses "covardes de Farda" indo presos,intimide e evite que outros pais de família percam suas vidas de graça. Que a Justiça seja feita!!!! Parabéns a delegada do caso e ao Advogado da Família.
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