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06.01.2024 | 15h52 Tamanho do texto A- A+

Relatos de drones disparam e aeroportos têm de suspender pousos e decolagens

No ano passado foram reportados 59 casos de drones próximos de aeródromos, áreas destinadas a pousos

Reprodução

Aeroporto de Guarulhos

Aeroporto de Guarulhos

DA FOLHAPRESS

Pousos e decolagens tiveram de ser suspensos por cerca de 30 minutos na noite do último 21 de novembro em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, porque quatro drones sobrevoavam ao mesmo tempo as proximidades do maior aeroporto do país.

 

Esse transtorno a passageiros e companhias aéreas, adotado como medida de segurança, passou a ser mais frequente. Segundo o Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), no ano passado foram reportados 59 casos de drones próximos de aeródromos, áreas destinadas a pousos, decolagens e movimentação de aeronaves – os aeroportos são aeródromos públicos.

 

O número é quase o dobro –84%- que o registrado durante 2022, quando 32 ocorrências acabaram reportadas ao órgão militar. Os avisos são feitos por pilotos de aviões, agentes de aeroportos e operadores de voo, entre outros. Uma regulamentação proíbe drones e outras aeronaves não tripuladas de voarem no espaço aéreo próximo de aeródromos –para isso é preciso de uma autorização especial da FAB (Força Aérea Brasileira).

 

De acordo com instrução do Comando da Aeronáutica, para voos de até 131 pés (aproximadamente 40 metros), a operação de drones deve ocorrer a ao menos três milhas náuticas de distância do aeródromo (cerca de 5,4 km). Voos entre 131 e 400 pés (40 a 120 metros) não podem ocorrer a menos de 5 milhas náuticas de distância (cerca de 9 km).

 

A preocupação com o crescimento do problema fez o Decea emitir um alerta para pilotos terem cuidados especiais durante as festas de fim de ano, período considerado propício para fotos, inclusive com drones. Gerente de navegação aérea do aeroporto em Guarulhos, Marilisa Mira Ramos afirma que o choque entre um drone e um avião pode provocar uma tragédia.

 

"Há o risco de acontecer o pior, como a queda, porque ele [drone] pode ser sugado pela turbina e provocar uma pane. Ele também pode bater no para-brisa [e quebrar] da aeronave", diz. Para Cyro Albuquerque, professor de engenharia mecânica da FEI (Fundação Educacional Inaciana), é difícil mensurar o impacto, já que ele depende de fatores como velocidade e estrutura da aeronave, local da colisão, massa e configuração do drone. "Mas, em um avião de pequeno porte, provavelmente a colisão resultará em um acidente sério", diz o engenheiro.

 

"Aviões de maior porte podem resistir ao choque de pequenos objetos, dependendo do local da colisão, que pode ser séria se ocorrer em locais como o motor, superfícies de controle ou tanques de combustível, ou ainda causar descompressão da cabine se atingir a fuselagem."

 

O fechamento do espaço aéreo em novembro não é inédito em Cumbica. A GRU Airport, concessionária que administra o aeroporto, acionou seis vezes em 2023 os protocolos de segurança para casos de drones. Os procedimentos incluem desde varredura no entorno até chamar a polícia.

 

Em Congonhas, na zona sul de São Paulo, nenhum avião teve pouso autorizado das 13h15 às 13h31 do último dia 10 de novembro, pelo mesmo problema –em fevereiro de 2022, todas as operações já haviam sido suspensas por cerca de 1h20.

 

No dia 30 de novembro passado, um piloto da Azul chamou a torre de controle de Viracopos para avisar que havia passado por cima de um drone quando fazia a aproximação. A informação, que surpreendeu o controlador de voo, foi mostrada ao vivo pelo canal Golf Oscar Romeo, que têm câmeras para registrar pousos e decolagens em tempo real no aeroporto de Campinas.

 

Henrique Hacklaender, piloto de aviação comercial e presidente do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), alerta que a presença de drones ocorre nos momentos mais críticos de uma operação de voo, em áreas de aproximação para pouso "perto do chão" ou na decolagem "quando o avião está cheio de combustível".

 

"O fechamento de um aeroporto não é exagero, porque, além da segurança, é uma forma de se mandar um recado para as pessoas se conscientizarem do perigo", diz. 

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