GAZETA DIGITAL
Por falta de vaga em UTI infantil nas unidades de saúde de Cuiabá e Várzea Grande uma criança de 4 anos com diagnóstico de meningite precisou ser transferida às pressas para Cáceres (225 Km a oeste de Cuiabá) na madrugada deste sábado (26). Ela é moradora do bairro Vitória Régia e precisava ficar internada em uma Unidade Tratamento Intensivo isolada, porque a doença é altamente contagiosa capaz de passar para outra pessoa, por via aérea, como tosse ou gotas de saliva de uma pessoa contaminada. O problema é que outra criança, um bebê de 2 meses, já ocupava a única UTI isolada existente no Pronto-Socorro de Várzea Grande, também com sintomas de meningite.
Diante da situação a familiares acionaram a Defensoria Pública para conseguirem na Justiça uma liminar que obrigasse o Estado a solucionar o impasse e se necessário, pagar um leito em hospital particular. Contudo, a Central de Regulação do Estado conseguiu uma vaga disponível no Hospital Regional de Cáceres e a criança foi transferida numa UTI móvel da Help Vida, custeada pelo município, por volta das 2h.
Mesmo assim, familiares da pequena L.G, afirmam a situação é grave e relatam um suposto descaso em relação ao PS de Várzea Grande que não acionou os hospitais particulares em busca da vaga. O tio da menina, Aldo de Lima Oliveira, afirma que conseguiram uma liminar e que, portanto a rede particular de hospitais deveria ser acionada à procura da vaga, o que não ocorreu. Ele foi pessoalmente no Hospital Santa Rosa na manhã deste sábado e verificou a existência de 2 UTIs disponíveis. Também denuncia que antes da confirmação da doença, a criança foi medicada com dipirona porque os médicos acreditavam ser dengue hemorrágica, o que segundo ele, agravou o quadro da criança que ficou com inchaço e o corpo empolado.
No entanto, o diretor do PS, Geraldo Araújo, bem como o coordenador de enfermagem da unidade, Ludevaks Bonifácio negam veementemente essa acusação. Ambos afirmam que a criança só recebeu soro até os médicos constatarem que os sintomas eram de meningite e solicitarem que ela fosse isolada numa UTI. Eles garantem que no prontuário médico da menina não consta nenhuma aplicação de dipirona.
DificuldadesO drama da família começou quando na manhã desta sexta-feira a criança que até então estava bem, alegre e brincado, foi acometida de forma repentina por um quadro febril acompanhado de vômitos. Além do Pronto-Socorro, ela chegou a passar pelo Hospital Santa Rita, em Várzea Grande, mas os médicos também não conseguiram diagnosticar a doença e ela voltou para o PSVG.
Após a constatação da vaga disponível na rede pública em Cáceres, o diretor do Pronto-Socorro recebeu o aval do secretário municipal de saúde para pagar uma UTI móvel particular que levou a menina e seus pais para Cáceres. O tio conta que na pressa o irmão Wagner Barbosa de Oliveira, pai da menina, nem levou o celular e precisa se comunicar com familiares por meio de telefone público. Também relata que eles não têm parentes naquela cidade, o que dificulta a estadia deles por lá. Lamenta que o ideal era que a vaga tivesse sido disponibilizada no Hospital Santa Rosa, conforme ele constatou disponibilidade.
MeningiteÉ uma doença infecciosa causada por vários tipos de germes (vírus, bactérias, fungos) que acometem as membranas do sistema nervoso central, chamadas de meninges. O contágio é de pessoa para pessoa, por via aérea, isto é, tosse, gotas de saliva de uma pessoa contaminada para outra. O período de incubação, desde o contágio até aparecerem os sintomas iniciais da doença, é variável, desde alguns dias até semanas, dependendo do tipo de agente infeccioso. Embora existam vários tipos da doença, 2 tipos são considerados mais preocupantes e podem levar à morte: meningites meningocócicas e haemophilus. Os principais sintomas são febre alta, vômitos, dor de cabeça intensa, rigidez de nuca, prostração, convulsões e sangramento debaixo da pele. Em abril de 2011, uma menina de 8 anos morreu no Pronto-Socorro de Cuiabá, vítima da doença.
Outro ladoDiretor do Pronto-Socorro de Várzea Grande, Geraldo Araújo afirmou que não houve medicação errada e que rapidamente foi providenciada vaga em Cáceres com todos os custos da viagem pagos pela Secretaria Municipal de Saúde. Informou ainda que na noite de sexta-feira quando acionou a Central de Regulação em busca de vagas os familiares da menina não tinham nenhuma liminar em mãos e dessa forma não podia tentar conseguir a vaga na rede particular. “Se estivessem com liminar eu teria ido pessoalmente atrás dessa UTI nos hospitais particulares de Cuiabá e Várzea Grande” afirmou Araújo ao GD enfatizando que todas as medidas necessárias foram tomadas para salvar a vida da criança. Explicou também que embora os médicos diagnosticaram como meningite ainda é preciso os laudos dos exames para confirmação.
Coordenador de enfermagem do PSVG, Ludevaks Bonifácio informou que a unidade dispõe de 10 UTIs e outra isolada para doenças infecciosas, porém todas estavam ocupadas.