DÉBORA SIQUEIRA
DA REDAÇÃO
Mesmo com um custo elevado, a terapia celular por meio da medicina regenerativa ganha novas adesões em Mato Grosso.
Há registros de armazenamentos de células-troncos, a maioria de bebês nascidos em Cuiabá e Tangará da Serra, em laboratórios de São Paulo.
Até pouco tempo considerada ficção científica, guardar células-tronco se tornou uma alternativa para salvar vidas.
A terapia celular, feita pelo sangue do tecido do cordão umbilical e da polpa do dente de leite, é utilizada em tratamentos e transplante de medula de doenças degenerativas como o Alzheimer, Mal de Parkinson, cirrose, enfisema pulmonar, dentre outras.
Muitos mato-grossenses antenados e com aconselhamento médico, além da boa condição financeira, procuraram o laboratório CordVida, em São Paulo, e armazenaram as células-tronco dos seus filhos. Há registros de 81 armazenamentos.
O primeiro caso registrado de armazenamento de células-tronco no Estado ocorreu em maio de 2004 no município de Primavera do Leste (a 240 km da Capital e, em julho de 2004, o primeiro caso de Cuiabá.
“O lugar do cordão umbilical é qualquer lugar menos o lixo. Por ano, 2,7 milhões de crianças nascem no Brasil e apenas de 15 mil a 20 mil cordões umbilicais são coletados”, disse o presidente da CorVida, Roberto Waddington.

"O lugar do cordão umbilical é qualquer lugar, menos o lixo. Por ano, 2,7 milhões de crianças nascem no Brasil e apenas de 15 mil a 20 mil cordões umbilicais são coletados"
No Centro de Criogenia Brasil (CCB), também em São Paulo, há cerca de 500 amostras de pessoas oriundas do Estado.
As amostras de sangue e tecido são armazenadas em tubos criogênicos dentro de tanques de nitrogênio líquido a 196º abaixo de zero. Para se ter ideia, um freezer funciona a 18ºC e congela tudo que se coloca dentro.
O proprietário do CCB, o médico pediatra Carlos Alexandre Ayoub, esteve em Cuiabá, na semana passada, para conversar com médicos e cirurgiões dentistas e destacar a importância de conscientizar os pais sobre os benefícios de armazenar células-tronco e ajudar a controlar doenças futuras.
Uma das técnicas mais recentes é o armazenamento das células-tronco da polpa do dente de leite, atualmente realizada apenas pelo CCB.
Elas são células-tronco mesenquimais, que ajudam a tratar de doenças degenerativas com a mesma função das células retiradas do tecido do cordão umbilical.
Já as células-tronco do sangue do cordão umbilical tratam das doenças do sangue.
O uso das células-tronco pode ser utilizado em 70 doenças do sangue, dentre elas a leucemia e mais de 200 doenças degenerativas.
“No caso de células mesenquimais retiradas da polpa do dente e do tecido do cordão umbilical, elas podem ser usados em até duas gerações, mãe, pai, avós, tios, primos e irmãos”, explicou Ayoub.
Já no caso de doenças do sangue, as células-tronco podem ser usadas na própria criança, caso ela apresente doenças futuras ou nos irmãos, onde as chances são maiores de compatibilidade.
No CCB, eles armazenam duas bolsas de células-tronco extraídas do sangue e quatro amostras das células-tronco da polpa do dente, caso além da criança, outros familiares também possam usar, caso necessário.
Custos do armazenamentoOs custos também não são dos mais baratos. No caso da CordVida, a coleta do cordão umbilical custa R$ 2,5 mil e, por ano, é paga taxa de armazenamento no valor de R$ 600.
No caso do armazenamento das células-tronco da polpa do dente de leite, é cerca de R$ 1,8 mil para retirada e outros R$ 400 anuais da manutenção.
Na teoria, o armazenamento das células-tronco não tem prazo. Na prática, o que se pode falar são pelos anos que a técnica é empregada.
O banco de células-tronco mais antigo está em Nova York (EUA). As que foram armazenadas em 1992 estão perfeitas. Não envelheceram.