Os fãs do rock and roll tiveram uma noite memorável neste sábado (21/4) em Cuiabá. A banda Titãs trouxe o melhor dos anos 80, na volta às origens com o show Cabeça Dinossauro, em comemoração aos 30 anos do grupo. Cabeça Dinossauro é um disco clássico de 1986, e foi considerado pela crítica como um dos melhores álbuns do pop rock nacional.
Já o cantor Nasi, antigo Ira, em sua primeira apresentação solo na Capital de Mato Grosso conseguiu levantar o público presente no Centro de Eventos do Pantantal. Ao som de sucessos do Ira, músicas de Raul Seixas e composições que constam do CD solo que lançou em 2010, Nasi fez um show que não deixou ninguém parado.
“Adorei o show. O Nasi surpeendeu-me ao demonstrar tanto vigor no palco”, afirma a estudante de biologia, Aline Freitas, 27 anos.
Em conversa com o MidiaNews (Veja a entrevista logo abaixo), minutos antes de subir ao palco, o cantor já tinha avisado que o show teria a energia do rock, com a vitalidade que a música proporciona.
A promessa, segundo João Paulo Gomes, 55 anos, que acompanha a carreira de Nasi, desde os tempos do Ira, foi cumprida. “Com sua voz peculiar, ele transbordou rock e conseguiu demonstrar isso ao cantar canções que não eram muito conhecidas do público, e mesmo assim, contagiou a todos”.
Um dos principais momentos do show foi quando ele cantou “Tarde Vazia”, “Feliz Aniversário”e “Eu quero sempre mais”.
Titãs
Logo depois do Nasi, quem subiu ao palco foi o Titãs, que reproduziu todas as músicas do disco Cabeça Dinossauro. Sucessos como Polícia, Família, Bichos Escrotos e Homem Primata fizeram o público pular e cantar junto.
“Isso faz parte da minha vida. É como voltar no tempo e reviver a época da faculdade em que tudo era proibido e nada permitido. Mas, que tínhamos ideologias”, ressaltou o professor Willian Fagundes, 49 anos.
Já para o empresário Roberto Muller, 24 anos, a banda demonstrou um lado que ele ainda não conhecia. “Acompanho o Titãs de uma fase não tão ‘pauleira’ como essa, mas foi interessantes ver esse lado deles”, ressaltou.
Veja os principais trechos da entrevista com Nasi
Katiana Pereira/MidiaNews
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Nasi
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MidiaNews – As referências de rock que existem hoje no Brasil, a maioria é formada por bandas da décadas de 70 e 80. A que você atribui isso?
Nasi - Eu acho que as bandas que vieram da década de 70 e 80, onde o rock era uma atividade para quem realmente gostava, não tinha a mínima noção de que poderiam se transformar em um fenômeno de massa do mercado fonográfico. Quem fazia era porque tinha talento, amor e vocação para isso. Depois dessa fase, o rock se estabeleceu como uma profissão. E eu acho que com isso deu oportunidade de muitos procurarem o rock, não tanto por votação, mas por opção profissional. Eu não sou dono da verdade, mas, posso dizer que existem gerações melhores do que outras. Na década de 90 ainda teve alguns trabalhos de rock muito bons, mas hoje existe um vazio muito grande. Mas, espero que venham novas bandas no futuro.
MidiaNews – É por isso que no show deste sábado tem muitas pessoas que acompanham você deste o início da sua carreira, como também jovens que conheceram seu trabalho nesta década?
Nasi – Na verdade por mais que tenha a imprensa e a crítica especializada colocado a música como a “geração de 80”, (...) o que importa é você como artista ter uma música que tem valor e quando você consegue no palco passar a energia e divertir a pessoas durante uma hora e meia ou duas horas. Isso vale pelo tempo todo, não tem prazo de validade.
MidiaNews – Ainda existe diferença de tocar em um grande centro e tocar em Cuiabá?
Nasi – Bom, vim aqui pela primeira vez há 20 anos e já percebi, ao andar pela cidade, que ela cresceu muito. E vivemos em um mundo globalizado, caracterizado pela rapidez da informação e das coisas que acontecem pela internet. Por isso, eu espero um público tão bem informado como se estivesse tocando em São Paulo. Sem demagogia nenhuma, pois a mesma facilidade de acesso que tenho em qualquer cidade do país eu tenho em Cuiabá. O que espero daqui é encontrar pessoas, sejam mais velhas ou novas que gostem do bom rock rol.
MidiaNews – Para finalizar, como está a carreira solo?
Nasi – Ela está muito boa. Não gostaria que o Ira tivesse acabado como acabou, mas se foi dessa maneira que seja. Como se esgotou muito a alma da gente e o relacionamento, e como não entrei nessa só pelo dinheiro, para colocar o cachê no bolso, é preciso ter a parte do profissionalismo e amadorismo. Falo isso no sentido de amar o que faz. Fui eu quem criou o Ira. O Ira foi um sonho meu de adolescente, juntamente com o meu colega Edgar, que transformamos em realidade. É uma coisa que até não conseguiu sobreviver sem mim. O Ira até fez dois shows sem mim, um até aqui em Cuiabá, e sei que foi um tremendo fiasco. Por isso, que me sinto muito à vontade para falar que é só conferir no show, que tem muitas qualidades que o Ira tinha, que muitas delas fui eu quem imprimi, e em termos de atitude no palco, seleção de músicas e hoje sintonia com os músicos é que fez com que eu me transformasse em algo melhor.