Cuiabá, Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 2025
PORTO DE GALINHAS
31.12.2025 | 09h30 Tamanho do texto A- A+

Turistas denunciam assédio e cobranças após agressões a casal de MT

O local é o destino mais visitado de Pernambuco, com média de 1,5 milhão de turistas por ano

Reprodução

Porto de Galinhas é famosa praia do município de Ipojuca

Porto de Galinhas é famosa praia do município de Ipojuca

CARLOS MADEIRO
UOL

As agressões sofridas por um casal de turistas de Mato Grosso em Porto de Galinhas são um ponto extremo de uma prática já conhecida —e contestada— por visitantes da famosa praia do município de Ipojuca, em Pernambuco. O local é o destino mais visitado de Pernambuco, com média de 1,5 milhão de turistas por ano.

 

 

A coluna colheu relatos de quem passou por experiências problemáticas ao visitar a praia pernambucana. Entre as queixas estão ofensas verbais, assédio excessivo de comerciantes, venda casada de produtos, cobrança de valores altos e falta de transparência nos preços praticados na faixa de areia.

 

Em fóruns e páginas de turismo, é comum encontrar pessoas que se encantam com a beleza da paisagem, mas criticam o atendimento recebido na orla. A prefeitura e o governo do estado afirmam que estão adotando medidas para reduzir o assédio e regulamentar a prestação de serviços e a locação de equipamentos.

 

Visitantes

 

"Você fica cercado logo quando chega na praia", diz o goianiense Pablo Quintana, que visitou a cidade com mais três membros da família entre os 16 e 22 de dezembro. "Não tem valores de aluguel fixados de modo transparente em lugar nenhum, é tudo no boca a boca. Só existem cardápios com valores dos pratos e bebidas."

 

A prática comum, segundo ele, é que, ao chegar ao local, o turista seja abordado imediatamente por barraqueiros oferecendo equipamentos. "Eles ofereceram cadeira e guarda-sol, desde que pagássemos uma consumação mínima. Acontece que, quando você olha o cardápio, o prato mais barato é a partir de R$ 100", relata.

 

"A gente fica refém deles, não temos opção. Ficamos com medo de deixar os objetos na areia depois de negar o serviço oferecido. E não há segurança: não vimos policiamento em momento algum, nem quando visitamos o comércio na vila de Porto de Galinhas."

 

Aline Pedrosa, de Maceió, conta que visitou Porto de Galinhas em janeiro de 2023 com o marido e um casal de amigos. Ao chegarem, relata que foram assediados por barraqueiros e acabaram escolhendo uma das barracas. "Notamos logo que ele estava discutindo com uma moça por causa da conta, e lembro de ter dito para não ficar lá, mas acabamos resolvendo ficar", lembra.

 

Segundo Aline, foi acertado um valor mínimo de R$ 80 de consumação para ter acesso a cadeiras e guarda-sol. "Nós já tínhamos almoçado, só queríamos curtir o mar e tomar refrigerante, suco e cerveja. A conta deu mais que o valor combinado, mas o atendente, quando veio, já começou a reclamar, resmungar, e as pessoas ao lado ficaram olhando."

 

"Ele disse que o combinado era que a gente comesse petiscos lá. Então começou a esbravejar. A gente rebateu que não, que tinha passado do valor, mas ele começou a gritar e xingar. Levamos na esportiva, pagamos e fomos embora", diz. "O lugar é lindo, a experiência como um todo foi ótima, mas isso realmente marcou. Quando esse último caso surgiu, comentei no trabalho sobre a coincidência de termos lembrado da situação. Ou seja, marcou mesmo."

 

Um morador do Recife e frequentador assíduo da praia, que preferiu não se identificar, contou que há problemas também para quem leva cadeira e guarda-sol próprios. "Eles ocupam toda a faixa de areia logo cedo, não há espaço para você colocar nada. E, se colocar próximo a um lugar que eles ocuparam, eles vão lá e reclamam", afirma.

 

Ações

 

A governadora Raquel Lyra (PSD) prometeu na segunda-feira medidas para ordenar o comércio nas praias. "Teremos um momento crucial para criar regras muito claras junto ao Procon e à Defesa do Consumidor, com atuação firme da Guarda Municipal e da Polícia, para que o turista e o morador não se sintam lesados pelo nível de assédio que acontece nas praias", disse em entrevista à rádio Jornal.

 

O secretário de Turismo de Ipojuca, Deomaci Ramos, afirmou ao UOL que a prefeitura está atuando de "forma contínua diante dos relatos de assédio comercial e cobranças abusivas em trechos da orla de Porto de Galinhas".

 

"Desde o início da atual gestão, em janeiro deste ano, estamos trabalhando em ações com foco na ampliação da fiscalização e no ordenamento da orla, com presença ampliada no território, apuração de denúncias e responsabilização administrativa quando há irregularidades", afirma.

 

A prefeitura informou que turistas e moradores podem entrar em contato com Cidem (Centro Integrado de Defesa Social Municipal), pelo número (81) 99463-2859, para registrar ocorrências e denúncias, com atendimento 24h da Guarda Municipal.

 

Outra opção é denunciar pelo aplicativo Rede Ipojuca, que pode ser baixado no celular.

 

As atividades da barraca envolvida nas agressões ao casal de turistas foram suspensas por uma semana pela prefeitura, que também determinou o afastamento dos garçons e atendentes até a conclusão das investigações sobre o caso. O prefeito Carlos Santana (Republicanos) publicou um pedido de desculpas nas redes sociais e assim como perfil do trade turístico, que representa empresas e serviços privados da cidade.

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
0 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Preencha o formulário e seja o primeiro a comentar esta notícia