A elefanta africana Kenya, de 44 anos, último exemplar de sua espécie em cativeiro na Argentina, cruzou a fronteira com o Brasil rumo ao Santuário de Elefantes Brasil (SEB), localizado em Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso.
A viagem marca o fim de mais de um século de elefantes mantidos em zoológicos argentinos e o início de uma nova etapa para a elefanta, que agora terá a chance de viver em um ambiente natural.
A transferência de Kenya foi autorizada pela Subsecretaria Nacional do Meio Ambiente da Argentina e exigiu meses de preparação. A elefanta, que viveu sozinha no antigo zoológico de Mendoza, cidade na Argentina, passou por um intenso processo de adaptação, incluindo treinamentos comportamentais e dessensibilização a sons e movimentos para que pudesse enfrentar a longa viagem de cerca de 4 mil quilômetros — que deve durar cinco dias.
De acordo com o governo de Mendoza, os preparativos para a mudança começaram em 2017, com avaliações veterinárias e treinamentos para garantir a segurança do animal.
"Depois de um longo processo e de um intenso trabalho em equipe, estamos comemorando o fato de que Kenya agora inicia sua jornada rumo ao santuário no Brasil", declarou Ignacio Haudet, diretor de Biodiversidade e Ecoparque de Mendoza.
Uma longa jornada rumo à liberdade
Por volta das 6h59 desta segunda-feira (7), Kenya cruzou oficialmente a fronteira de Puerto Iguazú–Foz do Iguaçu, tornando-se a mais nova residente do santuário brasileiro. Em uma atualização emocionante, o SEB confirmou que a elefanta já está em solo brasileiro e, com isso, a Argentina não tem mais elefantes em cativeiro — encerrando 136 anos de história marcada pela confinação desses animais.
Acompanhada por uma equipe especializada e com escolta da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Kenya segue sua viagem em segurança. Segundo o santuário, ela está "muito bem — expressiva, se alimentando bem" e até experimentou sua primeira água de coco, um gesto simbólico que, brincam os cuidadores, a torna "oficialmente brasileira".
No SEB, Kenya será recebida em uma área de 1.500 hectares, onde poderá desfrutar de vegetação nativa, espaços amplos e a companhia de outras elefantas. O santuário, que já abriga seis animais — Bambi, Mara, Raia, Maia, Guilhermina e Pupy (a primeira elefanta africana a chegar, em abril) —, oferece reabilitação física e emocional para animais resgatados de cativeiros.
Enquanto a caravana avança pelo território brasileiro, a equipe do santuário garante que Kenya está recebendo alimentação de qualidade, incluindo feno fresco, frutas, capim, folhas de palmeira, bambu e cana-de-açúcar.
A chegada ao SEB será um marco não apenas para Kenya, mas para a conservação animal na América do Sul, simbolizando um futuro onde elefantes antes condenados ao isolamento podem, enfim, viver em paz e liberdade.
Veja vídeo:
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