Cuiabá, Segunda-Feira, 23 de Junho de 2025
ACIDENTE
03.03.2024 | 08h14 Tamanho do texto A- A+

Um ano depois, família ainda tenta superar morte de entregador

Orlando Gomes de Lima morreu em tragico acidente registrado há um ano na avenida 8 de abril

Acervo pessoal

Orlando Gomes de Lima faleceu aos 60 anos, em março do ano passado

Orlando Gomes de Lima faleceu aos 60 anos, em março do ano passado

ANDRELINA BRAZ
DA REDAÇÃO

Dino, como todos chamavam Orlando Gomes de Lima, vivia a vida intensamente. Pai de três filhos e casado há 30 anos, ele adorava estar rodeado de amigos. Dedicado às suas funções, saiu para trabalhar no dia 29 de março de 2023, despediu-se da família e, na companhia de sua motocicleta e bolsa térmica, saiu para fazer entregas por Cuiabá. 

 

Tudo parecia se desenrolar como um dia qualquer, até que, após pegar um dos produtos do dia, Dino foi surpreendido pela imprudência que o impossibilitou de voltar para casa.  

 

Eu acredito em outras vidas, e se existir, eu quero ele como pai de novo

A notícia sobre sua última entrega se espalhou pelas ruas de Cuiabá. Grupos de entregadores da Capital receberam com pesar a informação do acidente, que ocorreu próximo à Praça Popular.  

 

Há cerca de um ano, Anna Carolina Lima recebia em casa um dos colegas do pai, que a informou sobre o acidente que matou Orlando e devastou a família.  

 

“Meu pai era um cara de valor, caráter e fé. Tudo do meu pai era relacionado à família. Tudo que ele fazia era pela família. É difícil falar, porque ele era uma enciclopédia. Tudo ele sabia, tudo ele dava um pitaco, para tudo ele tinha conselho. Era divertido, engraçado, amigo, companheiro. Ele era o melhor pai do mundo. Acredito em outras vidas, e se existir eu quero ele como pai de novo”, diz Anna Carolina.  

 

Natural de Batayporã (MS), Orlando se preparava para uma viagem próxima. Com 60 anos completados em setembro de 2022, ele planejava rever familiares no interior de Mato Grosso. Isso era uma coisa comum, sempre que tinha oportunidade Orlando juntava a família e realizava pequenas viagens com o intuito de revisitar aqueles que amava.  

 

“Ele estava muito cheio de vida, com muitos planos. Planos de comprar coisas, de viajar… Ele gostava muito de viajar para a família no interior”, redcorda a filha.  

 

Planos que foram impedidos pela falta de estrutura urbana na avenida 8 de Abril. Ao tentar desviar de um buraco na rua, Orlando se desequilibrou, caiu da motocicleta e foi atingido por um carro que trafegava na direção contrária. A ação escancarou o problema de mobilidade da Capital e trouxe um trauma para a família.  

 

A motorista do outro veículo, um Hyundai Creta, foi indiciada pela morte do motociclista. 

 

No dia seguinte à morte de Orlando, o buraco foi restaurado, mas a perda ficou eternizada na família Gomes de Lima.  

 

Acervo pessoal

Orlando  Gomes

Orlando Gomes de Lima, que morreu em março do ano passado

“Eu me lembro de cada detalhe do dia que o meu pai morreu. Lembro dele dando tchau pra minha mãe; lembro do portão abrindo, o portão fechando, ele saindo; lembro quando cheguei no local”, declara Anna.  

 

“As pessoas deveriam se conscientizar mais, lembrar que um pai de família saiu e que a família está esperando ele voltar, que a gente precisa prestar atenção no que está fazendo, não deixar no piloto automático. Sei que hoje em dia as coisas estão voando, correndo muito rápido, mas a gente deve prestar atenção, focar naquilo ali, porque todo mundo quer chegar em casa e todo mundo quer que as pessoas que saíram cheguem” acrescenta. 

 

Orlando tinha consciência dos perigos do trânsito em Cuiabá. Sempre em alerta, era conhecido por aconselhar outros entregadores mais jovens durante as atividades nas ruas. Essa prática corriqueira gerou a admiração dos motoboys e um apelido carinhoso para o entregador. 

 

“O meu pai era muito reservado com a vida particular dele, mas ele sempre foi muito da galera. Ele sempre estava rodeado de gente jovem, que gostava muito de conversar com ele. Ele era um cara que entendia de tudo, sabia de tudo e o que ele não sabia ele procurava saber. No grupo dos motoboys, ele era o Dino, por ser o mais velho e pelos conselhos que dava para os meninos” 

 

Sempre disposto a dar um jeito em qualquer situação, Orlando, segundo a filha, desconhecia a palavra não.  

 

“Meu pai sempre ajudou muito a gente a construir a nossa vida, a correr atrás das nossas coisas. Então, eu perdi várias pessoas numa só. Perdi meu pai, perdi meu melhor amigo e perdi uma pessoa muito especial na minha vida”, lamenta a filha.  

 

Um ano após sua morte, a perda de Orlando ainda dói. Mas, mesmo sem a presença física, os ensimesmemos e conselhos dados por ele continuam a ecoar por Cuiabá. Seja nos cuidados no trânsito ou até, mesmo, sobre os direitos envolvendo os entregadores de aplicativos.   



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