Conversa 04

A reportagem do MidiaNews teve acesso a uma conversa, via messenger, de um aluno com o professor do Colégio São Gonçalo acusado de assediar sexualmente estudantes menores de idade.
A gravação da tela do celular mostra o contato atribuído ao professor fazendo uma proposta de cunho sexual ao aluno em troca de melhorar a sua avaliação em uma disciplina (veja os prints ao final da matéria).
Na tarde de quinta-feira (30), o MidiaNews publicou, com exclusividade, uma reportagem sobre o áudio da mãe de uma das vítimas, que expôs o caso a outras mães do colégio. Ao menos outras três famílias teriam denunciado o caso à Polícia.
No áudio a mãe afirma que o professor tentou “barganhar” notas em troca de favores sexuais, fotos e vídeos. A conversa recebida pela reportagem é fiel ao relato da mãe de como os fatos teriam sucedido.
Confira:
- “Ai moço, cadê a moral?”, pergunta o professor, cobrando a atenção do aluno.
- “Tá aqui kkk Minha velha pegou meu cel. Como você tá?”, responde o aluno.
O professor pergunta o que o adolescente “aprontou” e o menor responde que “nada”, que tudo foi em decorrência das “notas” que ele teve.
O professor segue, dizendo que estava cansado por ter passado o final de semana corrigindo as provas.
O aluno pede ao docente para que fale das notas, de quanto ele havia tirado.
- “Foi malzão moço 3,5 de 8”, responde o professor.
Desacreditado, o adolescente retruca: “Para, mentira”.
- “Por que eu mentiria pra tu”, afirma o docente.
O adolescente manda alguns áudios, dando a entender que está perguntando das notas de outra disciplina.
Em meio à conversa o professor sugere: “Vamos barganhar, ué”.
O menor, que ao que tudo indica pensou que a proposta se tratava de dinheiro, encaminha outro áudio.
Em resposta o docente afirma não se tratar de “quanto” e, sim, “do que”.
- “kkkk Não é bem quanto... É o que”, disse o docente.
- “KKK Pera, o que?”, responde surpreso o menor.
O professor parece fingir ter se arrependido do “convite” e diz: “Te mandei uma mensagem... Tô com vergonha... Mas eh isso aí”.
Durante a conversa o professor cobra constância ao aluno. “Sumiu de novo?”.
“Poxa, aí é foda pô, gosto mulher, nem vira, e namoro também, pó. Eu pagaria um dinheiro se você quisesse”, disse o adolescente.
- “Nem uns nudes, uns videozinhos?”, insiste o professor.
O menor recusa mais uma vez e oferece dinheiro novamente.
O professor segue firme no pedido. “Eu entendo... Eh que eu queria outas coisas mesmo”. Ele prossegue: Gosto muito de Ti... E daí bateu umas curiosidades”.
O menor desconversa e diz que irá tomar banho.
- “Morreu no banheiro? [...] KKKK Esse banho foi animado”, afirma o professor.
Áudio de mãe
No áudio, a mãe deu detalhes da abordagem do professor junto ao filho dela, e o relato é idêntico à conversa a que o MidiaNews teve acesso.
"Ele é um predador sexual. Ele não é um professor, é um pedófilo. Ele estava ali para persuadir nossos filhos e tentar tirar a inocência deles", afirmou a mãe.
"Todos os quatro foram assediados pelo professor, que sabendo da dificuldade que eles estavam com notas em algumas matérias, tentou persuadi-los em troca de favor sexual, fotos e videos para poderem passar de ano. Ele disse que conseguia mudar qualquer tipo de nota”, afirmou.
Segundo a mulher, o professor "barganhava e usava a instituição como bengala, usando as crianças como reféns”.
Ela narra no áudio que, quando o filho lhe contou o teor das conversas, ela pensou que o professor estava sugerindo algumas aulas de reforço.
“Meu filho disse que o professor falou que ele não iria passar de ano só se não quisesse. Eu achei que ele poderia estar sugerindo aulas particulares”.
“Mas ele o abordou falando que queria trocar notas por safadezas, que nós sabemos que é o ato sexual. Quando os meninos negaram, ele disse que queria fotos ou vídeos”, disse.
Polícia investiga
A Polícia Civil informou que foram registrados boletins de ocorrência com vítimas menores de idade sobre o caso.
Segundo a assessoria da instituição, “os fatos estão em apuração pela Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente de Cuiabá (Deddica)”, diz trecho.
“Por se tratar de ocorrências envolvendo menores de idade, outras informações não serão fornecidas a fim de resguardar e preservar as vítimas”.
Outro lado
A instituição informou por meio de nota que o colégio tomou conhecimento do caso pela primeira vez, no dia 23 de novembro, e que “tratou de providenciar a suspensão do docente de suas atividades”, diz trecho de nota.
“O colégio não medirá esforços para que a verdade venha à tona e que a punição seja aplicada a quem for necessário”.
“O colégio vai aguardar as investigações e dar todo o suporte necessário para que o caso seja esclarecido”.
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