Brasil acerta defesa e derrota Canadá por 67 a 45

Pela vitória elástica de 67 a 45 a favor do Brasil, o jogo parece ter sido fácil. Mas não foi. O amistoso pelo Desafio Eletrobrás das meninas do basquete brasileiro contra o Canadá apontou apenas o favoritismo para a equipe conquistar uma das três vagas para o Mundial da categoria em 2010, que serão disputadas de 23 a 27 da semana que vem em Cuiabá, no Ginásio Aecim Tocantins, local do jogo do sábado (19.09) à noite.

O amistoso e a copa são iniciativas da Federação Internacional de Basketball (Fiba América), Confederação Brasileira de Basketball (CBB), com apoio do Ministério dos Esportes e do governo de Mato Grosso.

A disputa teve momentos diferentes dentro e fora do ginásio. O Brasil começou atrás no placar com erro de arremessos, empatou em 24 a 24 na metade do jogo e, somente nos dois últimos quartos de 10 minutos cada, com mais marcação, a seleção impôs ritmo e as meninas "acertaram a mão", nas palavras da jogadora Helen. Resultado: Canadá fez menos pontos na segunda parte da partida e o Brasil mais (21 x 43, respectivamente). Na arquibancada foi entoado pela torcida hino de outros esportes, como "sou brasileiro" e a famosa "ola".

Após metade do jogo, faltou energia, que a assessoria da concessionária Cemat creditou a danos na estrutura de transmissão, devido chuva de granizo que caiu sábado à tarde em Cuiabá. O imprevisto retardou o jogo em 30 minutos.

O técnico Paulo Bassul comenta que apesar do jogo aparentemente tranquilo, as meninas foram melhores em relação aos três amistosos anteriores por uma cobrança de melhoria da equipe técnica e das próprias jogadoras. Em partida contra o mesmo Canadá na quinta-feira (17.09) passada, o Brasil ganhou por diferença de um ponto em Barueri (SP) a seis segundos do final. "Elas querem ser melhores. Às vezes dá errado no ataque, mas a defesa é a principal arma desse grupo, é marca registrada", cita correções feitas ao longo da partida. "O Brasil tem defesa empenhada, foca em defesa".

A cestinha da partida, a ala-armadora Karen, com 15 pontos, atribui à boa marcação o resultado e concorda com o técnico. "Hoje a gente conseguiu acertar mais. Dos três amistosos, dois contra a Argentina e outro o Canadá, este foi o melhor definitivamente. A gente marcou muito bem. A gente estava precisando disso", comemorou após o jogo.

Ela também destacou o apoio do torcedor. "Sempre é bom jogar no Brasil, o apoio da torcida é muito importante para gente, mostrar o basquete aqui. Porque a categoria, basquete feminino, está muito esquecida", faz diagnóstico sobre a preferência do brasileiro pelo basquete. E aponta motivos: "Às vezes pelos maus resultados, que a gente vem tendo, fica em quarto e nunca traz medalha, as pessoas vão torcer para outro esporte. São muitas meninas novas, saíram muitas meninas, ninguém conhece as meninas novas".

Adrianinha fez 13 pontos e foi outra das que mais pontuaram. Ela teve bom destaque para ampliar a diferença do Brasil no terceiro quarto, quando acertou duas cestas seguidas de três pontos, quando o jogo caminhava para disputa equilibrada.

Na torcida, além da vibração da energia para a quadra, jovens foram presença majoritária, como sempre nessas ocasiões esportivas. "O Brasil tem empenhado, tem força de vontade e é um grupo unido. Apertou e até o último momento deu para ver muita garra", entendeu bem a reação das meninas do basquete do Brasil a ex-jogadora do esporte do Colégio São Gonçalo, Nayara Nunes, nascida em Tangará da Serra.

GANHO SOCIAL

O fato de o ingresso da entrada ter sido trocado por um quilo de alimento não perecível agradou torcedor e reforçou uma das políticas sociais do governo de Mato Grosso, o Natal das Crianças, campanha para onde vai a arrecadação. "Com esse apoio do governo com um quilo de alimento, há incentivo e o pessoal vê que o esporte é bom e vale a pena", defende Nayara, com a experiência dos seus 15 anos, 10 deles em Cuiabá.

Do lado do governo, o vice-governador Silval Barbosa, crê que o ginásio foi pensado para o longo prazo. "Nós acreditamos, como o governador Blairo Maggi acredita, Mato Grosso ser palco de grandes eventos nacionais e internacionais, como a Copa do Mundo de 2014", diz.

A primeira-dama e secretária de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social (Setecs), Terezinha Maggi agradeceu o público por atender o convite do governo em unir um entretenimento importante com política pública. "Começamos a Campanha Natal das Crianças. O evento já faz parte da cesta básica. E quem vem assistir o jogo, além de um bom espetáculo, vai ter arrecadação de alimentos que vai para nosso cadastro", diz.

O gerente de empresa de transporte coletivo, Ernane Almeida, apoia a ideia. "Está comprovado que o esporte tira a pessoa da rua, por isso trouxe meus filhos. O esporte é uma coisa boa e o Estado está de parabéns porque este é evento para a família", afirmou rodeado da esposa, a mãe e dois filhos. O público projetado pelo secretário Adjunto de Esportes e Lazer, Laércio de Arruda foi estimado em cerca de 6 mil pessoas.

A equipe canadense encarou o Desafio Eletrobrás com o Brasil como uma boa preparação para a Copa América, que se inicia na quarta-feira (23.09) que vem no mesmo Ginásio Aecim Tocantins, em Cuiabá. "Amo o Brasil, sempre que posso venho ao Brasil. Gosto do estilo brasileiro, pois o Canadá tem um estilo americano no basquete", afirma a técnica Allison McNeill, que ao final da partida pousou sorridente para fotos de torcedores, assim como jogadoras canadenses.

"Sempre se aprende muito jogando com o Brasil. O clima é muito pesado, mas a seleção canadense tem tomado muito líquido e fez preparação para isso", revela a ala Aubry, a cestinha do time visitante, com nove pontos, sobre o treino de resistência planejado pelo basquete do Canadá para o torneio. Ela fez os primeiros dois pontos da partida.