A desembargadora Helena Maria Bezerra Ramos, da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, suspendeu a desapropriação de um dos últimos imóveis habitados no local conhecido como "Ilha da Banana".
A ilha fica localizada entre a Avenida Coronel Escolástico e a Rua Bernardo de Antônio Oliveira Neto, junto ao Morro da Luz, em Cuiabá.
A decisão é da última terça-feira (21) e atende um pedido dos herdeiros do imóvel, os primos Talita Milene Santos Addor Nunes da Silva e Douglas Augusto Juvenal Nunes da Silva.
A desapropriação da casa de 182,64 metros quadrados é necessária para a continuidade das obras do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) e havia sido determinada pelo juiz Roberto Teixeira Seror, da 5ª Vara Especializada de Fazenda Pública de Cuiabá, no dia 9 de janeiro.
Nesta semana, inclusive, o Governo do Estado anunciou a habilitação de uma empresa para realizar a demolição dos 199 imóveis localizados ao longo das linhas do VLT. Ainda não há um prazo pra o início do serviço, que custará pouco mais de R$ 4 milhões.
Os herdeiros contestam, porém, o valor pago pelo Estado pela posse do imóvel. De acordo com os autos, o Governo já depositou judicialmente o valor de R$ 179.338,34 referentes à desapropriação.
No entanto, conforme afirmam os herdeiros na ação, em 2013 a Justiça determinou uma nova avaliação no imóvel para averiguar qual é de fato o valor da casa.
Marcus Mesquita/MidiaNews
Imóvel na Avenida Coronel Escolástico, em Cuiabá
"Argumentam que o Juiz Singular autorizou a imissão provisória no imóvel sem antes ter determinado avaliação judicial provisória, porquanto a única avaliação existente foi apresentada por meio de Laudo Técnico do próprio Agravado [Estado]", diz trecho da ação.
“Discorrem ainda, que os motivos alegados como urgentes para conceder a imissão na posse não estão mais presentes, uma vez que a execução das obras ocorreria antes do evento da Copa do Mundo em 2014, que já transcorreu há mais de 3 (três) anos”, diz outro trecho do processo.
A decisão
Em sua decisão, a desembargadora acolheu o pedido dos herdeiros e determinou a suspensão da decisão proferida pelo juiz Roberto Teixeira Seror, para que seja realizada a avaliação do imóvel “garantindo-se a recomposição do patrimônio, por meio da justa e prévia indenização”.
Helena Ramos ainda afirmou que a fundamentação do juiz Roberto Seror de que era necessária urgência na demolição da área não se justifica, uma vez que não há um prazo definido para a retomada das obras do VLT.
“Nesse contexto, essa hipótese ganha certa relevância, ao menos no âmbito da análise de liminar de imissão provisória na posse, especialmente porque não há, a meu sentir, a demonstração de urgência por parte do Poder Expropriante, uma vez que nem sequer existe a certeza de que as obras propaladas como urgentes serão imediatamente iniciadas”, disse a desembargadora.
“Como se sabe, é público e notório que as obras do VLT estão paralisadas, tendo já decorridos três anos do evento da Copa do Mundo de 2014, sem que as obras tenham data para serem executadas”.
A desembargadora também relatou que sequer há informação sobre o orçamento da obra.
“No caso, sem embargo do convencimento a ser formado ao final da demanda, não há indicação de dotação orçamentária para a realização das obras descritas no referido memorial descritivo, nem documento que comprove que as obras do VLT serão, de fato, retomadas”.
Outro lado
A assessoria de imprensa afirmou que a Secretaria de Estado de Cidades ainda não foi notificada da decisão e que só após tomar ciência do caso irá se manifestar.
Leia mais:
Juiz determina desapropriação de imóvel na Ilha da Banana
Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).
5 Comentário(s).
|
Paulo 31.03.17 14h08 | ||||
Pague um valor justo ao proprietário e continue a obra. Agora, querem pagar menos de R$. 1.000,00 por metro quadrado. Também acho que é muito pouco! | ||||
|
Benedito Addôr 24.03.17 16h14 | ||||
Vou procurar o professor Aníbal Alencastro, será que durante mais de 50 anos, que moro na região, estive em cima do ouro em não sabia. Durante essas décadas que morei aos pés de São Benedito, ele já me mostrou algumas coisas no sonho - uma delas foi a construção da Igreja, tive um sonho onde vi os escravos construindo a Igreja, eu estava lá dentro dela e assistia tudo. Noutro sonho, vi uma imagem gigantesca no céu, do Sagrado Coração de Jesus. São Benedito muitas vezes conversa com a gente durante o sonho. Mas sobre ouro ele nunca disse nada. Acho que ele não interessa por ouro. Os beneditos se entendem. | ||||
|
Carlos Nunes 24.03.17 08h39 | ||||
Os próprios cuiabanos dizem que nunca ficaram sabendo que esse lugar fosse conhecido como Ilha da Banana. Não há registro histórico disso. Segundo o professor Aníbal Alencastro, que estuda a história da cidade há muito tempo, foi nesse local que foi descoberta a "Alavanca de Ouro" - lenda urbana da cidade. Estariam os moradores do local em cima do ouro, sem saber? Durante muito tempo disseram que a alavanca tinha sido descoberta onde fica a Igreja do Rosário, mas isso é contestado, pois se assim fosse, o morro da Igreja teria sido desmanchado pelos minerados da época, a maioria escravos. Qual é realmente o mistério dessa área? Tem mistério, pois li nos sites que a área já foi desapropriada várias vezes, em diversos anos, e nunca conseguiram retirar os moradores. Parece que o patrimônio histórico impediu. | ||||
|
Rodrigo 24.03.17 08h31 | ||||
Já que se passou 3 anos da copa, e que não há urgência, vamos continuar deixando o caos instaurado e a cidade revirada do avesso, não é Sra. juíza. Afinal, não precisa andar de ônibus não é mesmo? | ||||
|
Benedito Addor 23.03.17 19h47 | ||||
Na verdade há mais contestação, desde 2012 demonstro com provas concretas que: 1) a própria Instrução Normativa do IPHAN, no seu Artigo segundo diz que os imóveis tem preservação assegurada, 2) que o próprio IPHAN, durante anos, deu aos moradores Declarações que mostrava terem os imóveis proteção especial, foram localizados até agora 5 moradores que tem essas Declarações, 3) que a própria propaganda oficial do VLT demonstra que as casas não atrapalham a passagem do VLT. As perguntas que fiz até agora e ninguém respondeu, foram: a Instrução Normativa do IPHAN funciona ou não funciona? As Declarações do IPHAN tem fé pública, vale o que está escrito e assinado? A propaganda oficial do VLT foi enganosa? Por que ninguém respondeu as perguntas até hoje? | ||||
|