O ex-coordenador do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), promotor Marco Aurélio de Castro, afirmou que irá tentar unificar o combate à corrupção no Ministério Público de Mato Grosso (MPE-MT).
O promotor, que deixou a chefia do Gaeco nesta segunda-feira (13), irá se dedicar a um mestrado na área de direito público em Marília (SP).
Ao MidiaNews, ele explicou que seu estudo tem como objetivo principal a integração entre as promotorias criminal e cível.
“É um estudo que eu pretendo fazer tentando unir no mesmo ambiente de trabalho as atribuições cíveis e criminais do Ministério Publico para o combate à corrupção”, disse.
“Hoje nós temos duas promotorias diferentes e a minha ideia é estudar uma forma de trazer isso para o mesmo ambiente, trabalhando as mesmas provas”, acrescentou.
Conforme o ex-chefe do Gaeco, nos últimos anos o grupo desenvolveu um trabalho em conjunto com a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa, o que lhe despertou uma necessidade de trabalhar em prol da criação de promotorias com atribuições mistas.
“Nós já tivemos casos tanto aqui, quanto em outros Estados, em que o mesmo fato estava sendo investigado pelo criminal e pelo cível e os promotores não sabiam”, afirmou.
“Uma interceptação telefônica feita num inquérito policial, por exemplo, pode servir de prova para um inquérito cível. Mas as informações são sigilosas, então é preciso que o promotor esteja por dentro das duas esferas”, completou.
O promotor citou, ainda, o exemplo do Ministério Público do Amazonas, que em um ano de criação de promotorias mistas aumentou em 160% o numero de ações propostas contra a corrupção.
O ex-coordenador do Gaeco se afastou do MPE, neste momento, para cumprir férias.
Nos próximos meses o promotor dará início ao mestrado e, em dois anos, quando deverá concluir os estudos, voltará a atuar na Promotoria do Patrimônio Público, onde é titular.
Balanço
Marco Aurélio esteve à frente do Gaeco por dois anos. Sob seu comando, o grupo deflagrou operações que culminaram na prisão de políticos como o ex-deputado José Riva e o ex-secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto.
Ao todo, segundo o promotor, o Gaeco deflagrou dez operações em sua gestão, além de dar apoio em investigações nas promotorias do interior do Estado.
“Nós deflagramos a Aprendiz 1 e 2, que foi a nossa primeira operação de combate à corrupção. Depois veio a Imperador, a Ventríloquo 1 e 2, a Metástase, a Arqueiro 1 e 2 e a Dríades, que é de combate ao crime ambiental. Teve a Chacal, que é de uma turma que roubava e clonava carros e levava para a Bolívia e envolveu uma situação de roubo de aeronaves para tráfico de entorpecentes. Houve ainda a Rêmora, a Overbooking e a Seven”, contabilizou.
O membro do Ministério Público avaliou que o maior avanço do Gaeco nos últimos anos, embora tenha obtido resultados satisfatórios em todas as esferas, foi justamente no combate à corrupção.
“Quando eu fui chamado para assumir a coordenação do Gaeco, apenas pedi - e obtive sem qualquer restrição - carta-branca para colocar o foco do grupo num sentido que eu achava que precisava de uma atenção específica”, explicou.
“Eu não tenho dúvida de que nós melhoramos a atuação em pelo menos 30%, no sentido de aumento da capacidade investigativa, a partir dessa quebra de paradigma no foco do Gaeco. Eu não me arrependo 1 milímetro dessa decisão e acredito que os colegas que ficarão no grupo terão essa preocupação também”.
"Prata da Casa"
Marcus Mesquita/MidiaNews
O promotor Marcos Bulhões, que assume a coordenação do Gaeco interinamente
Nesta segunda-feira, o promotor de Justiça Marcos Bulhões assumiu interinamente a coordenação do Gaeco.
Bulhões ficará no comando do grupo até o mês de abril, quando o promotor de Justiça Mauro Curvo - que assume a Procuradoria-Geral de Justiça em março – indicará o sucessor efetivo de Marco Aurélio.
Recentemente, em entrevista exclusiva ao MidiaNews, Curvo disse que a escolha será entre os promotores que já atuam no grupo.
Sobre a possibilidade, Marco Aurélio confirmou que o nome de Bulhões é o que possui mais força para permanecer no cargo.
“Hoje, de todos os colegas aqui, o Doutor Marcos é o que está mais preparado. Ele assume a partir de agora como coordenador substituto até abril e, em maio nós postularemos o nome dele como coordenador efetivo no grupo por pelo menos 1 ano”, afirmou.
O Gaeco é formado também pelos promotores de Justiça Samuel Frungílio e Carlos Zarur.
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