Cuiabá, Segunda-Feira, 18 de Agosto de 2025
LAVAGEM EM SHOWS
18.08.2025 | 15h00 Tamanho do texto A- A+

Juiz condena líderes de facção, promoters e dono de farmácia

Eles foram alvos da primeira fase da Operação Ragnatela, deflagrada em junho do ano passado

Montagem/MidiaNews

Rodrigo Leal, Jardel Pires, João Lennon e Agner Luiz Pereira

Rodrigo Leal, Jardel Pires, João Lennon e Agner Luiz Pereira

THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO

A Justiça de Mato Grosso condenou oito alvos da primeira fase da Operação Ragnatela pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa. 

 

Logo, todo este quadro impõe a necessidade da cessação da atividade criminosa perpetrada pelos condenados

Deflagrada em junho do ano passado, a operação desmantelou um esquema de lavagem de dinheiro da maior facção criminosa do Estado por meio da compra de casas noturnas e realização de shows em Cuiabá.

 

A sentença foi assinada pelo juiz Jean Garcia de Freitas, da 7ª Vara Criminal da Capital, e publicada nesta segunda-feira (18).

 

Foram condenados os líderes da facção: Joadir Alves Gonçalves, o “Jogador” ou “Véio” (12 anos e 10 meses de prisão, regime fechado); Joanilson de Lima Oliveira, o “Japão” (5 anos e 6 meses de prisão, regime fechado); e Willian Aparecido da Costa Pereira, o “Gordão” (14 anos e 1 mês de prisão, regime fechado").

 

Também receberam penas os promotores de eventos e ex-servidores da Câmara de Cuiabá Rodrigo de Souza Leal (10 anos e 9 meses de prisão, regime fechado ) e Elzyo Jardel Xavier Pires (10 anos e 2 meses de prisão, regime fechado); a contadora Kamilla Beretta Bertoni (7 anos e 6 meses de prisão, regime semiaberto); o empresário do ramo farmacêutico Agner Luiz Pereira de Oliveira (10 anos e 2 meses de prisão, regime fechado); e o jogador de futebol João Lennon Arruda de Souza (3 anos e 6 meses de prisão, regime fechado).

 

De todos os condenados, apenas Joadir Alves, Joanilson de Lima e Willian “Gordão” seguirão presos. Os demais poderão recorrer em liberdade.

 

Na mesma decisão, o magistrado absolveu por falta de provas: Ana Cristina Brauna Freitas, Matheus Arajo Barbosa, Rafael Piaia Pael, Wilson Carlos da Costa, Lauriano Sai Gomes da Cruz e Clawilson Almeida Lacava.

 

Na decisão, o magistrado destacou que a facção é uma organização criminosa nacionalmente estruturada, com ramificações em vários estados e atuação contínua no tráfico de drogas e em outros crimes violentos, como homicídios, extorsões e torturas. Essas práticas, segundo ele, “afrontam de maneira frontal o Estado Democrático de Direito e comprometem a segurança pública de forma significativa”.

 

O juiz ressaltou que, além da ligação direta com a facção, o caso revelou a formação de uma organização criminosa paralela, criada para dar aparência de legalidade às operações de lavagem de dinheiro. Essa estrutura, afirmou, tinha divisão de tarefas, usava eventos públicos e estabelecimentos comerciais e movimentava grandes quantias em dinheiro ilícito.

 

Ele também fundamentou a manutenção da prisão de alguns réus, ressaltando que a custódia cautelar é necessária diante da probabilidade de reiteração delitiva, da gravidade concreta dos crimes e do forte vínculo dos acusados com o crime organizado. 

 

"Logo, todo este quadro impõe a necessidade da cessação da atividade criminosa perpetrada pelos condenados, bem como o fortalecimento do controle estatal nas regiões afetadas pelas práticas delitivas", escreveu. 

 

A operação 

 

A Operação Ragnatela foi deflagrada pela FICCO (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado), composta pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar de Mato Grosso.

 

Conforme as investigações, o grupo investigado adquiriu casas noturnas, como o antigo Dallas Bar, e lavava o dinheiro por meio da realização de shows nacionais. O esquema seria liderado por Joadir Alves Gonçalves, conhecido como "Jogador".

 

De acordo com a investigação, o dinheiro que ele investia na aquisição de casas noturnas e realização de shows saía do recolhimento da venda de drogas.

 

Posteriormente, os valores seriam repassados a Willian Aparecido da Costa Pereira, o "Gordão",  proprietário do antigo Dallas Bar. 

 

Ainda conforme o inquérito, "Gordão" transferia os valores para os promotores de eventos Rodrigo Leal e Jardel Pires, com objetivo de custear parte dos shows no Dallas e outras casas noturnas.

 

Segunda fase

 

Em setembro de 2024, a Ficco deflagrou a segunda fase da operação, a Pubblicare, que teve como alvo principal o ex-vereador de Cuiabá Paulo Henrique, acusado de articular a concessão de licenças para  realização dos shows em casas noturnas, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros. 

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