Cuiabá, Segunda-Feira, 21 de Julho de 2025
POLÊMICA NA ORDEM
22.02.2011 | 16h44 Tamanho do texto A- A+

Juiz decide que reprovado na OAB pode advogar

Exame teve recorde de inscritos em todo Brasil. Em MT, somente 8% foram aprovados

Fablício Rodrigues/MidiaNews

Juiz federal Julier Sebastião, que deu a sentença favorável aos reprovados no Exame da Ordem

Juiz federal Julier Sebastião, que deu a sentença favorável aos reprovados no Exame da Ordem

ANTONIELLE COSTA
DA REDAÇÃO

O juiz da 1ª Vara Federal de Mato Grosso, Julier Sebastião da Silva, concedeu, nesta terça-feira (22), uma decisão favorável a um bacharel em Direito reprovado no último Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para que possa exercer a profissão, mesmo sem ter sido aprovado no teste.

A decisão foi concedida em um mandado de segurança interposto por Davi Soares de Miranda, visando a anular a questão 96 da primeira fase do Exame de 2009, alegando a existência de erro material. No recurso, a defesa de Davi alegou que o teste da OAB é inconstitucional.

"Com efeito, concedo a segurança vindicada para afastar a exigência do Exame da Ordem, prevista no art. 8º, IV, da Lei nº 8.906/94 e determino ao impetrado que proceda a inscrição do impetrante no quadro de advogado da OAB/MT, se por outro motivo não houver o impedimento, observando-se as formalidades próprias ao referido ato", diz um trecho da decisão do juiz federal.

Ainda em seu despacho, Julier Sebastião criticou o Exame da Ordem, enfatizando que os certames são realizados por instituições privadas, sem que haja qualquer controle estatal, inclusive, dos recursos que são arrecadados com as inscrições.

"Aliás, é de se ressaltar que todos os outros cargos públicos que são constantemente invocados para justificar a necessidade/legalidade do exame sofrem controle pelos órgãos superiores, bem como a necessária fiscalização do Tribunal de Contas e do Ministério Público, o que não ocorre em absoluto com a Ordem dos Advogados do Brasil quanto à forma e recursos financeiros envolvidos no exame de ordem", diz outro trecho da decisão.

Para o magistrado, "a forma adquirida pelo exame pode acarretar que um filho de família pobre venha a ter obstado o exercício da advocacia pelo simples fato de não ter sido aprovado em Exame de Ordem (...). Mesmo com os recursos familiares e oficiais, o bacharel em Direito não seria advogado, mas sim habitaria o limbo acima citado, "estudante para o exame de ordem". Inadmissível, por certo, o absurdo ora imaginado", diz outro trecho.

Caso inédito

O caso é inédito em Mato Grosso e o presidente da entidade no Estado, Cláudio Stábile, ainda não foi notificado, mas adiantou que irá recorrer junto ao Tribunal Regional Federal, da 1ª Região. Ele disse acreditar que a decisão será revertida, como tem acontecido em todo país.

"Existe um entendimento consolidado na jurisprudência de que o Exame da OAB é legal, constitucional e traz proteção a sociedade, uma vez que no teste são aprovados os candidatos com conhecimentos mínimos para advogar", afirmou o presidente da OAB.

Exame

A última edição do exame teve recorde de inscritos. No total, foram 106.941 candidatos em todo Brasil, dos quais 46.916 passaram para a segunda fase. Em Mato Grosso, apenas 8% dos inscritos foram aprovados.

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
68 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Mauricio  26.02.11 01h50
Caros leitores, Lí atentamente o despacho e a fundamentação na íntegra deste MS. Como era de se esperar o tema é polêmico nos fazendo posicionar a favor ou contra. Lí também trechos da "suposta" resposta pretendida pelo então presidente da OAB MT, onde o mesmo atacou "obter dicta" do magistrado nos seguintes dizeres:..." as faculdades não formam advogados e sim bacharéis"... Ao meu ver uma oração infeliz, uma vez que a OAB, também não o faz! Seria diferente se ao invés de cursinhos particulares e o chamado exame, ela se dispusesse a patrocinar nas faculdades de Direito uma especialização ou mesmo extensão que habilitasse o bacherel em direito ao exercício da advocacia. Exames anuais, cheios de pegadinhas são dispiciendos no que se refere a qualificação profissional.
2
1
azevedo  25.02.11 21h37
Hipócritas são aqueles que quando passam no exame, vira a casaca, ou seja, passam a defender o exame, de igual mente são os responsáveis pelos cursinhos, vejamos os motivos das minhas afirmações; o 1ª após passar segue a corrente dos advogados, uma vez que, como sabido advogados são, e por esse motivo entram na mesma ignorância, qual seja, controle de mercado, hipocrisia sim, putos ditadores, já o 2º caso verdadeiros charlatões que também são reprovados a cada exame, alem disso mentirosos, vez que até seus “alunos" são reprovados em massa, daí a pergunta: porque esses cursinhos que de peito aberto se dizem os melhores com uma grade de professores renomados não abraçaram as causas de seus alunos que foram reprovados porque os gabaritos oficiais contradizem os seus gabaritos extra-oficiais.
0
0
jefferson luis da conceicao  24.02.11 23h02
para o meu entendimento,para terminar com esta celeuma da ordem contra a decisao judicial em favor dos bacharel em direito do brasil,existe apenas uma solucao,criarmos uma entidade classista juridica dos profissional do direito,com objetivo de termos força via politica nos entes federativo,toda categoria tem seu representante de classe a nossa tambem sera feita dentro da lei seja estadual ou federal esta é minha teoria com relacao ao fato de sermos prejudicados pela oab.façam contato por email para analisamos esta proposta de entidade classe.minhas consideracao apreço.estado democratico direito.sou ex-aluno do juiz federal jefferson shinnader.univag-vg,turma 2001/2.
0
0
Helena Nunes  24.02.11 17h52
O presidente da OAB só esqueceu-se de dizer que os cofres da OAB estão cada vez mais cheios sem obrigatoriedade de prestação de contas a sociedade. Idem para os donos de cursinhos uma verdadeira máquina de arrecadar dinheiro do combalido bolso do bacharel em direito e de sua família. Macunaíma é mais honesto que a OAB.
0
0
Junior Cesar  24.02.11 10h45
Parabens Dr. creio que alguem tem que tomar uma iniciativa contra esta palahçada que tem sido o exame. Se a instituição e a OAB não conseguem fazer uma coisa digna e imparcial, e ter responsabilidade de prestar contas tem que ser punida mesmo, ate porque a oab esta parecendo que esta acima do bem e do mal. faz o que quer e como quer e fd o mundo. parabnes dr. e que sirva de exemplos para os demais que são omissos quando solicitados a resguardar o direito e a justiça.
0
0