O advogado Conrado Pavelski Neto, que atua na defesa da família Calvi Cardoso, afirmou que apesar de remota, há a possibilidade de o julgamento do pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos ser transmitido pelo YouTube. Ele é acusado de matar mãe e três filhas no caso que ficou conhecido como a Chacina de Sorriso.
Em 24 de novembro de 2023 o pedreiro matou Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, Miliane Calvi Cardoso, de 19, Manuela Calvi Cardoso, de 13, e Melissa Calvi Cardoso, de 10 anos. Elas foram brutalmente assassinadas e seus corpos só foram encontrados três dias depois.
Nesta quinta-feira (17), o Tribunal de Justiça julgou improcedente o pedido de desaforamento, feito pela defesa do réu, para que o julgamento fosse realizado fora de Sorriso. O júri será realizado na cidade de Sorriso, onde o crime aconteceu, no dia 7 de agosto, a partir das 8h30.
“Falei com o doutor Luiz Fernando Pipino [promotor que atua no caso]. A gente vai conversar com o juiz para ver se tem a possibilidade de, de repente, transmitir via YouTube. Porém a gente vai ter que tomar cuidado, porque em algumas situações pode ser transmitido mesmo estando em segredo de Justiça”, afirmou.
Segundo o advogado, caso haja uma transmissão, haveria momentos em que ela teria que ser interrompida diante da gravidade do caso e o teor sensível do conteúdo contido no processo, que hoje tramita em segredo de justiça.
“Ninguém, só nós que atuamos no processo temos noção do que consta ali. Temos que ter muito cuidado com o que vai ser exposto no plenário do júri, se vazar uma informação daquela, tem muita gente ruim, gente má. Participo de grupos de criminologia, o que se expõem lá é absurdo”, completou o advogado.
A exposição desse conteúdo será feita apenas aos jurados e quem estiver presente no plenário. “Possivelmente, as pessoas não vão poder usar celular, não podem gravar absolutamente nada”.
Pedido negado
O pedido de desaforamento feito pela Defensoria Pública foi negado por unanimidade, segundo o advogado.
Inicialmente, o julgamento do pedido estava agendado para ser o último de uma pauta extensa, correndo o risco de ser adiado para uma sessão extraordinária em 31 de julho.
A Defensoria Pública fundamentou seu pedido de desaforamento em duas principais alegações: a suposta falta de imparcialidade dos jurados na comarca de Sorriso, devido à grande repercussão midiática do caso, e a segurança do próprio réu.
“Que pena, né? Que pena a segurança do acusado”, ironizou o advogado. “Tudo o que o cara cometeu e [eles] têm essa preocupação. Ele já foi julgado em Lucas do Rio Verde, não teve problema nenhum. Foi para Goiás presencialmente, na cidade de Mineiros, foi julgado lá também, não teve problema nenhum. Por que teria aqui?”.
Veja:
Vida pregressa
Em maio, Gilberto foi condenado pelo Tribunal do Júri de Mineiros (GO) pelo homicídio triplamente qualificado, seguido de furto, do jornalista Osni Mendes Araújo. A pena aplicada foi de 17 anos, 3 meses e 29 dias de reclusão.
Já em março, ele também foi condenado a 22 anos e sete meses de prisão pelo Tribunal do Júri de Lucas do Rio Verde pelos crimes de estupro, tentativa de feminicídio e lesão corporal qualificada pela violência de gênero contra D.C.C., ocorrido em 17 de setembro de 2023 na cidade.
“O que eu espero é que seja feita a justiça, que esse cara pegue a máxima condenação em tudo e que nunca mais saia da cadeia, que nunca mais faça vítimas, que nunca mais destrua famílias. Esse cara não pode viver em sociedade, não pode nunca mais sair da cadeia”, afirmou o pai.
“Acho que ele tem que viver o resto da vida dele lá dentro. É isso que eu espero da Justiça, que ela seja mais rígida”.
O caso
Na noite de 24 de novembro de 2023, Gilberto dos Anjos invadiu a casa da família Cardoso e assassinou cruelmente as vítimas.
Durante o tempo em que permaneceu na casa após feri-las, o pedreiro estuprou a mãe, a filha mais velha e a adolescente, enquanto ainda estavam vivas, e depois foi embora levando a calcinha da menor.
Ele foi preso em flagrante na mesma manhã em que os corpos foram encontrados, e confessou.
Atualmente, Gilberto está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá.
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