A juíza Alethea Assunção Santos, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, enviou para a 11ª Vara Criminal Especializada da Justiça Militar a ação penal contra os policiais militares da Rotam Jorge Rodrigo Martins, Wailson Alessando Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Leandro Cardoso.
Eles foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) por forjarem um confronto para plantar com terceiros a arma usada no assassinato do advogado Renato Nery em julho do ano passado, em Cuiabá.
“Acolho a cota ministerial e determino a redistribuição dos autos ao Juízo da 11ª Vara Criminal desta Comarca, competente para processamento e julgamento do feito”, despachou a magistrada nesta sexta-feira (13).
Os quatro foram denunciados por organização criminosa, abuso de autoridade, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e falsidade ideológica.
Na denúncia, o MPE concluiu que o grupo que teria matado o advogado Renato Nery era composta por quatro núcleos.
O primeiro núcleo é o chamado "comando", “composto por mandantes vinculados aos interesses econômicos contrariados pela vitória judicial da vítima na disputa fundiária”.
A denúncia não cita o nome de nenhuma pessoa neste núcleo, mas o casal César Jorge Sechi e Julinere Goulart Bentos é apontado pela Polícia Civil como mandante do crime. Eles estão presos desde o mês passado.
O segundo é o "núcleo de intermediação", que seria responsável por estabelecer a ponte entre os mandantes e o executor, negociando valores, repassando ordens e garantindo que as determinações fossem cumpridas.
Neste núcleo, segundo a denúncia, estaria o policial militar Heron Teixeira Pena Vieira, que teria recebido a encomenda do crime, “contratando o executor, procedendo a ações de monitoramento e providenciando os meios materiais (arma, chácara como local para o esconderijo)”.
O terceiro é o "núcleo operacional", que seria encarregado da execução material do homicídio, onde está Alex Roberto de Queiroz Silva, que confessou ter sido o autor dos disparos.
O último é o chamado "núcleo de obstrução", que seria responsável especificamente por plantar a arma do crime com terceiros. Neste estão os denunciados Jorge Rodrigo Martins, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Weckelley Benevides de Oliveira e Leandro Cardoso.
"Restou evidenciado que o crime foi resultado da atuação de uma organização criminosa estruturada, com junção de múltiplos agentes, divisão de tarefas e finalidade específica de obter vantagem mediante a prática de infrações penais graves", diz a denúncia, assinada pelo promotor Henrique Pugliesi.
O crime
O advogado Renato Nery foi baleado na cabeça em 5 de julho do ano passado quando chegava em seu escritório, na Avenida Fernando Correa da Costa, em Cuiabá.
Ferido em estado grave, ele foi levado ao Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá, onde passou por cirurgias, mas acabou morrendo no dia seguinte.
Conforme a Polícia, o casal Julinere e César teria encomendado a morte do advogado em razão de uma disputa milionária de terras.
Uma semana depois, os policiais denunciados teriam forjado um confronto que resultou na morte de um rapaz e deixou outros dois feridos. O plano, segundo o MPE, era plantar com os três a arma usada para matar Nery.
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