Cuiabá, Sexta-Feira, 8 de Agosto de 2025
CASO LEOPOLDINO
21.02.2022 | 09h28 Tamanho do texto A- A+

"Meu cliente foi absolvido há 11 anos; isso deve acontecer hoje"

O empresário Josino Guimarães enfrenta o tribunal do júri pela morte do juiz, ocorrida em 1999

João Vieira/GazetaDigital

O empresário Josino Guimarães chega à Justiça Federal em Cuiabá

O empresário Josino Guimarães chega à Justiça Federal em Cuiabá

CÍNTIA BORGES E THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO

O advogado João Cunha, que faz a defesa do empresário Josino Guimarães, afirmou estar confiante de que o tribunal do júri vai declarar a inocência de seu cliente, acusado de ser o mandante do assassinato do juiz Leopoldino Marques de Amaral, em 1999.

 

O novo julgamento do empresário tem início na manhã desta segunda-feira (21) na Justiça Federal em Cuiabá. Essa é a segunda vez que ele enfrenta o tribunal do júri pelo caso. Em novembro de 2011, ele foi absolvido.

 

Porém, a 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, anulou a decisão e determinou um novo julgamento em 2014.

 

“Trabalharemos bastante no plenário com convicção, calma e tranquilidade. Meu cliente já saiu daqui absolvido há 11 anos, e a gente espera que isso aconteça hoje. Não só por não haver provas, mas porque ele não fez”, afirmou João Cunha.

 

“Toda essa trama haverá de ser desvendada com a prova plenária a ser produzida. A defesa está confiante, tranquila e serena. A defesa, além de crer em Deus, crê que ele é bom e justo”, emendou.

 

João Vieira/ Gazeta Digital

João Cunha

O advogado João Cunha, que faz a defesa do empresário

Leopoldino foi encontrado morto no dia 7 de setembro de 1999, em Concépcion, no Paraguai, próximo à fronteira com o Brasil.

 

O Ministério Público Federal (MPF) acusa Josino Guimarães de ser o mandante do crime, após ser denunciado pela vítima em um suposto esquema de vendas de sentenças na Justiça Estadual de Mato Grosso. 

 

Segundo o advogado, as testemunhas de defesa devem continuar as mesmas do processo que ocorreu em 2011, entre elas o secretario de Estado de Segurança Pública Alexandre Bustamante, que é policial federal.

 

Quanto à produção de provas, o advogado garantiu que o único depoimento que pesa contra seu cliente foi o do sargento José Jesus de Freitas, morto em 2002 pelo crime organizado.

 

À época dos fatos, o sargento disse ter recebido uma proposta de Josino para matar Leopoldino, durante um encontro em uma sorveteria em Chapada dos Guimarães.

 

A única pessoa que diz que foi procurada, mas era da cabeça dele, é o facínora Sargento Jesus, e todo mundo que tem mais idade lembra que ele mandava em Mato Grosso e até na polícia

“Que novas provas? Seria a chamada prova diabólica. É provar que não aconteceu. A única pessoa que diz que foi procurada, mas era da cabeça dele, é o facínora Sargento Jesus, e todo mundo que tem mais idade lembra que ele mandava em Mato Grosso e até na polícia”, afirmou.

 

Síndrome do pânico

 

O advogado ainda revelou que o empresário adquiriu síndrome do pânico em decorrência das prisões que sofreu referente ao caso. Josino foi preso em 1999 e solto meses depois.

 

“Tudo isso foi em decorrência do processo, prisões ilegais, em decorrência daquilo que ele sofreu. Os jurados ficarão por um ou dois dias confinados em um hotel, incomunicáveis. Livres e confinados já é difícil, imagine quem foi para detrás das grades sem merecer”, disse.

 

João Cunha relatou os sentimentos de Josino quanto ao julgamento. Segundo ele, o empresário está “apreensivo” mas “confiante” e “tranquilo”.

 

“Eu desafio qualquer ser humano, normal, não ter apreensão em um momento como esse. Porque é a vida da pessoa que está a depender da consciência dos outros, do trabalho dos outros. E é nesse sentido que digo, a despeito de que haja a apreensão, ele é tranquilo, sereno”, disse.

 

Eu desafio qualquer ser humano, normal, não ter apreensão em um momento como esse. Porque é a vida da pessoa que está a depender da consciência dos outros

A estimativa é que o julgamento dure três dias. O processo corre em segredo de Justiça. 

 

A defesa de Josino ainda aguarda o julgamento de um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedindo a anulação do Tribunal do Júri. A expectativa do advogado de Josino é que seja julgado entre esta segunda-feira e terça-feira (22).

 

O assassinato

 

O corpo do juiz foi encontrado carbonizado e com ferimentos de bala no ouvido e outro na nuca, em Concepción, no Paraguai, em setembro de 1999.

 

A suspeita é de que a morte tenha sido encomendada em razão das denúncias feitas por ele sobre um esquema de venda de sentenças que operaria em Mato Grosso.

 

As investigações da Polícia Federal levaram à prisão, na época, da ex-escrevente Beatriz Árias Paniágua, como coautora do crime; do tio dela, Marcos Peralta, como autor do assassinato; e de Josino Guimarães, como mandante.

 

Beatriz Árias foi condenada a 12 anos de prisão em 2001. Depois de cumprir dois terços da pena, ela conseguiu o livramento condicional e deixou o Presídio Feminino Ana Maria do Couto.

 

Marcos Peralta, tio da ex-escrevente, foi preso em Assunção, capital do Paraguai, no fim de setembro de 2001.

 

Peralta morreu no dia 1º de março de 2005, enquanto estava preso, por complicações causadas por diabetes.

 

Já Josino é o único que segue com processo em aberto.

 

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